Nonato Guedes

Com exceção do governador João Azevêdo (PSB), que ainda não manifestou oficialmente sua posição ou preferência, os outros pré-candidatos ao Executivo estadual já estão cumprindo agenda por municípios do interior da Paraíba em companhia dos seus parceiros pré-candidatos ao Senado nas eleições de outubro. O deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, fechou com a pré-candidatura do deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) tem ao seu lado o ex-governador Ricardo Coutinho (PT), o comunicador Nilvan Ferreira (PL) se apresenta com Bruno Roberto, do mesmo partido, filho do deputado federal Wellington Roberto, e a professora Adjany Simplício, do PSOL, lidera chapa quimicamente pura, com Alexandre Soares ao Senado.

O deputado Efraim Filho, originalmente, pleiteou sua postulação no âmbito do esquema político do governador João Azevêdo, a quem apoiava. Seu pai, o ex-senador Efraim Moraes, ocupou uma secretaria na gestão de Azevêdo até recentemente, entregando o cargo quando o filho rompeu com o governador pretextando desatenção para com seu projeto, apesar da lealdade que vinha demonstrando desde 2018, quando se engajou à primeira campanha do socialista. Aliados do círculo íntimo do governador rebateram que Efraim quis exercer pressão sobre Azevêdo para se definir, ignorando o “timing” que ele tem o direito de adotar para a campanha como líder de um esquema que, teoricamente, tem grandes chances de vitória quanto à reeleição dele. Por essa época despontou, em paralelo, a pré-candidatura do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, que admitiu situar-se, também, na base de Azevêdo.

A conjuntura foi se tornando radicalizada, nos bastidores e a céu aberto, e o deputado Efraim Filho, ao mesmo tempo em que avançava na costura de apoios de parlamentares e líderes municipalistas, lamentava a postura do chefe do Executivo. A indefinição gerou rumores de que teria sido oferecida a Efraim Filho a alternativa de ser candidato a vice-governador na chapa de Azevêdo, o que foi peremptoriamente desmentido pelo governador. De resto, o deputado do União Brasil tornou-se enfático, no curso da pré-campanha, na pregação de que em hipótese alguma pretendia retroceder na postulação, alegando tratar-se de um sonho acalentado e que passou a ser construído há pouco mais de um ano, não se tratando de imposição de cima para baixo. O impasse criou um vácuo na própria relação entre antigos aliados e o deputado Efraim resolveu liquidar a fatura, tomando outro rumo. Foi quando se aliou a Pedro Cunha Lima, adversário declarado do governo de João Azevêdo.

Em tese, todos os espaços se abriram para a entronização do deputado Aguinaldo Ribeiro como o candidato do esquema oficial ao Senado, mas o “parto” tem sido laborioso, como observam fontes políticas, ressaltando consecutivas rodadas de articulações que têm sido deflagradas como parte do esforço para viabilizar o projeto comum. Um complicador adicional foi identificado em meio às articulações: a posição dúbia de deputados do Republicanos, que anunciam o voto em Azevêdo mas mantêm declaração de apoio a Efraim Filho, o que não é digerido pelos setores mais ortodoxos do governismo. Um dos emissários mais qualificados da atual fase de entendimentos, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, acredita que falta pouco para o anúncio da decisão, mas a não fixação de um prazo concreto estimula dúvidas e especulações de toda ordem.

Entre os apoiadores do governador João Azevêdo, no segmento à esquerda, já começaram a pipocar declarações de apoio a outros nomes ao Senado. Os deputados Anísio Maia (estadual) e Frei Anastácio Ribeiro (federal) decidiram, ontem, anunciar adesão à pré-candidatura do professor Rangel Júnior (PCdoB) a senador, no âmbito da federação PV, PT e PCdoB. Anísio e Anastácio revelaram que a opção se deu por causa da indefinição em torno da chapa do governador, especialmente quanto à candidatura ao Senado. Rangel se lançou como pré-candidato a senador pela federação alegando, entre outros motivos, que o ex-governador Ricardo Coutinho, pré-candidato ao cargo, é inelegível, o que não ocorre com ele. Anastácio vai mais além, sugerindo que Rangel reforça ainda mais a aliança entre João Azevêdo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Paraíba.

O interesse por uma definição do governador João Azevêdo sobre nomes para compor a chapa que vai encabeçar é latente entre parlamentares que são candidatos à reeleição e aliados que farão sua estreia na disputa política-eleitoral. Por enquanto, a agenda de Azevêdo a municípios do interior da Paraíba é anunciada como exclusivamente administrativa, comportando compromissos de entrega de obras e de assinatura de ordens de serviço com autorizações para novos investimentos, de acordo com o cronograma de prioridades da administração. Isto não impede Azevêdo, no paralelo, de receber adesões de prefeitos municipais e de líderes políticos, ora apalavrados com outros postulantes, ora indecisos quanto a apoio a candidaturas majoritárias. A qualquer momento, da parte do governador, o martelo pode ser batido, segundo estimam expoentes do seu grupo político no Estado.

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