segunda-feira, 14 de março de 2022

“Genitalista”

Escultura de 33 metros de altura por 16 de largura em formato de vulva chama atenção e obra repercute nas redes sociais

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A artista Juliana Notari publicou, nos últimos dias, uma galeria de imagens da escultura “Diva” (veja mais fotos no fim do post) finalizada por ela na Usina de Arte, localizada na Usina Santa Terezinha, município de Água Preta, Zona da Mata Sul de Pernambuco. A obra feita no solo, “em formato de vulva/ferida”, como Notari apresenta, levou 11 meses para ficar pronta e contou com o trabalho de mais de 20 homens. Mede 33 metros de altura por 16 m de largura e seis de profundidade, e é recoberta por concreto armado e resina.

“Em ‘Diva’, utilizo a arte para dialogar com questões que remetem a problematização de gênero a partir de uma perspectiva feminina aliada a uma cosmovisão que questiona a relação entre natureza e cultura na nossa sociedade ocidental falocêntrica e antropocêntrica.

Atualmente, essas questões têm se tornado cada vez mais urgentes”, escreveu Juliana Notari no Instagram.A representação do órgão sexual talvez seja por ser o símbolo diretamente oposto ao falo, do falocentrismo que a artista cita no texto publicado na legenda. No entanto, ao fazer a escolha – levando em conta apenas a cisgeneridade e ignorando a transgeneridade -, a artista teria sido transfóbica.

Mão de obra

Fotos compartilhadas por Juliana Notari, que é uma mulher branca, mostrando homens – pelo que se vê, pelo menos, a maioria deles negra – trabalhando na obra também foram problematizadas no Twitter.

“Só achei meio estranha mesmo a mão-de-obra inteira composta por homens negros e pobres. Zero mulheres envolvidas na construção. Complicado analisar só a obra em si, ao invés do processo que a fez ser o que é. Ignorar os processos de feitura da obra deixa passar essas contradições”, uma pessoa publicou no Twitter.

Uma outra contrapôs: “Vocês falam como se houvesse mão de obra feminina disponível… e ótimo ver os os machos fazendo uma obra dessa”.

“Genitalista”

E, de fato, a obra tem suscitado problematizações quanto a questões de gênero. No Twitter, há queixa de que nem toda mulher tem vagina, como é o caso das mulheres trans; que o feminino – considerando que, no texto, a artista fala de “uma perspectiva feminina” – não deveria ser simbolizado pela vagina. Alguém comentou: “Entendo a intenção, mas ainda assim soa muito genitalista”.

Fonte: G1 - Publicado por: Larissa Freitas

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