
O coronavírus impôs
inúmeras mudanças na vida das pessoas. Em Belo Horizonte, a pandemia
fez com que uma noiva “se casasse” com o sogro, que mal conhecia
pessoalmente.
Mas calma! Não é nada disso que você está pensando. É uma
história de amor incomum, que envolve o novo normal, casamento por
procuração, distâncias intercontinentais e a ajuda da tecnologia.
“Faria tudo igualzinho, não mudaria nada. Arriscaria tudo de novo”,
disse ao G1 a analista judiciário Paula Souza Sabatini Brandão, de 40
anos.
O amor entre ela e o engenheiro Guilherme Augusto Brandão
Silva, também de 40 anos, deu tantas voltas até se concretizar que foi
parar até no programa “Que história é essa, Porchat”, do GNT.
Logo no início da pandemia, Paula, que era resistente a
aplicativos de paquera, foi convencida por amigos a fazer um perfil. E,
apesar da descrença na tecnologia como cupido, o “match” que mudaria sua
vida veio com um toque na tela do celular.
Foi assim que ela conheceu, mesmo que à distância, seu futuro marido.
Apesar de na época o casal morar em Belo Horizonte, a internet foi o
local oficial dos encontros por vários meses.
“A gente começou a
conversar, foi ganhando intimidade. Mas toda vez que a gente combinava
de se encontrar, eu ficava com medo. Eu pensava: ‘Ele é um cara legal,
estou gostando dele, a gente vai acabar querendo tirar a máscara’. Aí eu
acabava desistindo, mas deixava claro que era exclusivamente por causa
da pandemia”, relembra.
Isso não foi impedimento para a história de amor que só estava começando
– e encontraria mais desafios pela frente. De abril até
setembro, os dates virtuais seguiram e Guilherme já tinha se tornado até
íntimo da mãe da Paula.
Mas o destino quis que, além da pandemia, o futuro casal encontrasse
mais um obstáculo. Por causa do trabalho, Guilherme se mudou para a
Holanda.
Foi só depois disso que Paula finalmente tomou coragem para se encontrar
pessoalmente com o engenheiro. Mas os mais de 9 mil quilômetros de
distância e um oceano no meio do caminho eram os menores dos empecilhos.
“A gente tentou que ele viesse, mas a empresa não recebeu
bem porque estava aquela loucura dos índices da pandemia por aqui. E eu
não podia ir porque o voo para lá estava banido”, disse.
A entrada de brasileiros na Holanda estava restrita a
pouquíssimas situações. Uma das brechas era para casais que estavam
separados por causa da pandemia. Mas tinha só um detalhe: o
relacionamento tinha que ser comprovado. Mas como reunir fotos de casal
ou passagens de viagens anteriores se Paula e Guilherme só haviam estado
juntos virtualmente? Restava apenas uma alternativa. “A declaração dos
parentes era a última coisa”, disse.
Depois de convencer os familiares fazer as declarações, o amor do casal também convenceu as autoridades holandesas.
O encontro finalmente aconteceu e, há exatamente um ano,
no dia 04 de outubro de 2020, Guilherme pediu Paula oficialmente em
namoro.
“A tecnologia foi muito boa pra gente. A gente já tinha se conhecido de
uma maneira que poucas se conhecem em encontros [presenciais]. Então,
não teve susto quando a gente se encontrou. Até o apartamento dele eu já
conhecia”, contou.
Paula viajou algumas outras vezes à Holanda, mas o recrudescimento da
pandemia fez com que a entrada de brasileiros fosse completamente
suspensa na terra das tulipas.
‘Casamento’ com sogro
Em meio às incertezas
de quando poderiam se ver novamente, Paula foi pedida em casamento. E é
aí que o sogro entra nesta história. Na união, que foi oficializada por
meio de uma procuração, Augusto Silva Filho foi o representante legal de
Guilherme.
“Ele topou na hora, ficou animadíssimo. Ele adora uma
função, mas quando a gente foi para o cartório, ele me perguntou que
loucura toda era essa. Isso na porta do cartório. Falei para ele
perguntar para o filho dele, que tinha me pedido em casamento”,
diverte-se Paula.
E o “casamento” entre nora e
sogro está todo registrado num álbum de fotografia, já que Paula acabou
comprando o pacote completo oferecido no cartório.
“Eu tentava explicar que não queria nada, porque ele não era o noivo.
Mas ninguém entendia nada, por causa das máscaras e da história mesmo. E
no final me rendi, caí em tudo. Até o ramalhete mais caro minha mãe
escolheu”, conta.
Enquanto o sogro dizia o tão esperado “sim” em nome do filho, Guilherme
assistia a tudo por videochamada. E foi assim que ele participou da
comemoração do próprio casamento, onde as famílias se reuniram pela
primeira vez.
Fonte: G1 - Créditos: Polêmica Paraíba - Publicado por: Suedna Lira
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