Crise hídrica impulsiona mercado de energia solar fotovoltaica com mais gente planejando gerar a própria energia
Entre 2019 e 2020, o segmento teve expansão de 60%. "A crise hídrica está impulsionando o mercado. Só até maio de 2021, o crescimento já foi de 64%", afirma Rodolfo Meyer

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FLÁVIA G. PINHO
SÃO
PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Atraídas pelo aumento da demanda por energia
solar fotovoltaica, 450 novas empresas se lançam nesse mercado todo mês
no país, segundo a Absolar, entidade que representa o setor.
Entre
2019 e 2020, o segmento teve expansão de 60%. "A crise hídrica está
impulsionando o mercado. Só até maio de 2021, o crescimento já foi de
64%", afirma Rodolfo Meyer, conselheiro da Absolar.
Não é só o medo
da alta na conta de luz que estimula a demanda. A queda no preço dos
equipamentos, que ficaram 90% mais baratos nos últimos dez anos, aliada à
oferta crescente de linhas de financiamento, tem feito com que mais
gente planeje gerar a própria energia.
Com isso, cada
vez mais empreendedores apostam no setor. A franquia Energy Brasil
terminou 2020 com 300 unidades e chegou a 450 no último mês de junho. A
meta é alcançar 600 até o fim do ano.
Os franqueados podem optar por
três modelos de negócio: ponto físico com fachada, store in store
(dentro de outra loja) ou home based, que permite trabalhar de casa.
Todos demandam investimento inicial de R$ 30 mil, fora custos das
instalações.
Mas, aos poucos, a franqueadora tem estimulado a
migração do formato home based para um novo, o de contêiner, que pode
ser instalado até em estacionamentos.
"Por ser um setor muito
novo, ter uma fachada é importante. Muita gente não sabe aonde ir quando
quer adquirir um sistema de energia solar", afirma Túlio Fonseca, 41,
fundador da rede.
Segundo ele, 75% da clientela é residencial - a
instalação de um sistema de energia solar fotovoltaica custa a partir de
R$ 10 mil. O restante é composto por casas comerciais, pequenas
indústrias e propriedades rurais.
A empresa não exige que os
novos franqueados tenham formação na área. O fundamental é ter boa noção
de gestão empresarial, diz Fonseca.
O
empreendedor Carlos Balbino, 41 anos, começou com formato home based em
junho de 2020, mas já tem planos de crescer. Em breve, quer abrir uma
loja em Taboão da Serra (Grande São Paulo), onde vive.
No primeiro
ano de atuação, seu faturamento foi de R$ 400 mil. Em média, ele faz de
duas a três instalações por mês e, eventualmente, aparecem clientes
maiores.
"Acabei de instalar o sistema em um mercado de bairro
que custou R$ 250 mil. Valeu a pena para o cliente, porque ele pagava
R$ 10 mil mensais de energia elétrica", diz Balbino.
Localizada
em Goiânia, a Service Energia cresceu 60% em 2020, sobretudo em função
das instalações de painéis solares em propriedades rurais onde não há
fornecimento de energia elétrica.
Esses sistemas autônomos, chamados
off-grid, são um pouco mais caros - um modelo básico, que é capaz de
iluminar uma casa pequena, com geladeira e TV, custa a partir de R$ 14
mil.
A clientela da empresa vai de agricultores familiares a
pecuaristas donos de fazendas com mais de mil hectares, afirma Euflasio
Moura, 35 anos, fundador da Service Energia.
Com apenas quatro
funcionários, a companhia atende os estados de Goiás e Tocantins e o oeste
da Bahia. Cada instalação pode ser feita por duas pessoas em um único
dia, porque os kits já saem pré-montados da sede.
"Com essa ameaça de
apagão e contas mais altas, até fazendeiros e sitiantes que têm energia
elétrica estão nos procurando. Prevíamos vender 50 kits ao longo de
2021, mas temos instalado até dez por mês", conta ele.
A
Enerzee, também especializada em sistemas de geração de energia solar,
trabalha com um modelo que permite a pessoas que desejam instalar
painéis em suas casas possam, ao mesmo tempo, empreender nessa área.
A
partir de um investimento inicial de R$ 299,50, o profissional tem
acesso à plataforma de negócios da Enerzee e passa por um curso de
capacitação online. Com isso, ele se torna um consultor, uma espécie de
representante de vendas independente.
Das comissões, 30% são
convertidas em créditos para a aquisição de equipamentos da empresa. A
proposta é que, aos poucos, o consultor consiga comprar o próprio
sistema e continue ganhando dinheiro com as vendas.
Atualmente,
90% da receita da Enerzee vem dos 686 consultores em atividade. A meta
do fundador Alexandre Sperafico, 47 anos, é chegar aos R$ 100 milhões de
faturamento em 2021.
Para Rodolfo Meyer, da Absolar, os
próximos anos serão de crescimento ainda mais acelerado do mercado de
energia solar fotovoltaica.
"É um segmento que só tende a evoluir, porque cada vez mais o consumidor vai querer sua liberdade energética."
Notícias ao Minuto
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