segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Compra de votos

“Meu marido recebeu de três candidatos, mas votou no que pagou mais”, eleitora relata como acontece a compra de votos no interior da Paraíba

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“Ele se candidatou pela primeira vez a vereador aqui na cidade de Guarabira -PB. Ele chegou a casa da minha sogra dizendo que precisava de ‘apoio’ na campanha eleitoral e disse também que o que nós precisássemos poderia contar com ele”, relatou Rafaela Pinheiro*, após seu marido ter vendido seu voto a três candidatos a vereadores nas Eleições 2020.

No dia 15 de novembro, primeiro turno das eleições municipais no Brasil, o marido de Rafaela digitou na urna o número do terceiro candidato que pagou suas contas totalizando exatos R$ 388,00. “Ele votou no que pagou mais” disse, Rafaela*.

O que a maioria das pessoas de classe baixa desconhecem é que a compra de votos é crime eleitoral no Brasil, e leva à cassação e inelegibilidade dos políticos. Quem vende também pode ser responsabilizado, com pena de até quatro anos de reclusão e pagamento de multa.

Mas, no interior dos estados de todo o Brasil, é muito comum encontrar relatos sobre compra de votos que não são denunciados. Os políticos querem ser eleitos e a população quer dinheiro. Principalmente as mais carentes. Há quem peça dinheiro, cesta básica, contas pagas e até mesmo material de construção. Vai de acordo com a necessidade de cada eleitor.

Grávida de seu segundo filho, Rafaela* e seu marido tem muitas despesas. Os dois trabalham e são assalariados. Mas, nem sempre o q\ue ganham é suficiente e acabam tendo que escolher entre as contas que têm para pagar, o que acaba acumulando para o próximo mês.

Rafaela* conta que seu marido recebeu R$200,00 de um candidato, de outro recebeu um exame de ultrassonografia, e do terceiro recebeu R$388,00 em contas pagas.

A família do marido de Rafaela* é bastante humilde e também não escapou de receber dinheiro e benefícios de vários candidatos, ela conta que pelo menos uns quatro foram até a casa de sua sogra pedir “apoio” na campanha eleitoral.

O caso de Rafaela* ilustra um fenômeno recorrente durante as eleições no país. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, foram registradas 570 ocorrências de compra de votos no primeiro turno das eleições. O campeão dos Estados foi o Amazonas, com 58 ocorrências. Em seguida, o Maranhão, com 49, e Santa Catarina, com 40.

Fonte: Adriany Santos - Publicado por: Adriany Santos

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