terça-feira, 13 de outubro de 2020

Saiba quem é o 'anjinho' que o ministro Marco Aurélio mandou soltar

Quem é André do Rap, traficante apontado como um dos chefes de facção paulista, que está foragido após ser solto pelo STF

Polícia busca traficante que presidente do STF mandou prender novamente
Polícia busca traficante que presidente do STF mandou prender novamente, após Marco Aurélio mandar soltar

Apontado como um dos chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios de São Paulo, o traficante André Oliveira Macedo, de 43 anos, conhecido como André do Rap, estava preso desde setembro de 2019 e foi solto na manhã de sábado (10).

André deixou a Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista, após ter um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello. Horas depois, o presidente do STF, Luiz Fux, suspendeu a decisão e determinou o retorno de André à prisão.

Em nota enviada na manhã deste domingo (11), a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que policiais dos departamentos Estadual de Investigações Criminais (DEIC), de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e de Operações Policiais Especiais (DOPE) estão em diligências desde a tarde de sábado para tentar encontrar o traficante.

O traficante André do Rap estava preso na Penitenciária II de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo — Foto: Reprodução

O traficante André do Rap estava preso na Penitenciária II de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo — Foto: Reprodução

Prisão em 2019

André do Rap foi preso em setembro de 2019, em uma operação feita pela Polícia Civil de São Paulo em um condomínio de luxo em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, e é investigado por gerenciar o envio de grandes remessas de cocaína à Europa. Ele chegou a morar no exterior. Antes disso, tinha ficado preso por 7 anos, até 2014.

Em 2019, quando preso, ele chegou a São Paulo no próprio helicóptero.

André do Rap, um dos maiores traficantes do país, é preso em Angra dos Reis, no Rio
André do Rap, um dos maiores traficantes do país, é preso em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro

Ele era procurado pela Interpol e a operação contou com uma equipe de 23 policiais do Garra, o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos, do Gope, o Grupamento de Operações Penitenciárias Especiais e da Divisão Antissequestro.

André do Rap foi encontrado em um condomínio de luxo no bairro Itanema, que fica às margens da BR-101 (Rodovia Rio-Santos).

Na residência, foram apreendidos dois helicópteros, um deles um B 4 avaliado em cerca de R$ 7 milhões e uma lancha de 60 pés, avaliada em R$ 6 milhões. A casa era alugada, mas ele tinha uma mansão na cidade, fora de um condomínio.

Lancha ajudou a encontrá-lo

A lancha foi um dos elementos que ajudaram a polícia a localizá-lo em 2019. Os investigadores descobriram que uma empresa de fachada comprou a embarcação, e a pessoa responsável era alguém que não tinha rendimentos o suficiente para arcar com os valores.

"Ela está em nome de um empresário que tem uma moto CG [um dos modelos mais básicos de moto]. Como um cara que tem uma moto CG tem uma lancha de R$ 6 milhões? A gente acredita que ele usava esses laranjas para lavar o dinheiro dele", disse na ocasião Fábio Pinheiros Lopes, delegado da Divisão Antissequestro.

André do Rap era dono de um sítio investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em Bertioga.

Segundo o Deic, ele substituiu Wagner Ferreira, o “Cabelo Duro”, assassinado na porta de um hotel no bairro do Tatuapé, Zona Leste, logo depois das mortes de Gegê do Mangue e do Paca, no Ceará. Segundo a polícia, até 2018, o tráfico de Santos era comandado por Gegê do Mangue.

André já era conhecido da polícia e ficou sete anos e meio preso, até ser solto em 2008.

As condenações por tráfico

Ele estava preso por duas condenações em segunda instância por tráfico internacional de drogas, com penas que totalizam 25 anos, nove meses e cinco dias de reclusão em regime fechado.

O esquema de tráfico que envolvia André foi descoberto em 2013, considerado um dos maiores esquemas de remessa de cocaína do Brasil ao exterior pelo porto santista.

Investigações da Polícia Federal resultaram nas apreensões de 3,7 toneladas da droga, no país e fora dele, entre janeiro de 2013 e março de 2014. Também foi apurado o vínculo do PCC com a máfia italiana "Ndrangheta".

O Ministério Público Federal ajuizou ações penais para cada uma das apreensões, que denominou de “eventos”. O traficante estava envolvido em dois deles.

Em um, chamado de evento nº 2, houve a interceptação de 84 quilos de cocaína, em 23 de agosto de 2013. A droga seria despachada no navio MSC Vigo para o porto espanhol de Valência.

No outro, chamado evento nº 13, foram apreendidos, em 17 de dezembro de 2013, 145 quilos de cocaína que seriam levados no navio MSC Athos ao Porto de Las Palmas, nas Ilhas Canárias, Espanha. 

Por G1 SP

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