Padre Robson de Oliveira gastou 1.4 milhões com projetos de exploração de minérios no estado de Goiás
O
MP-GO (Ministério Público do Estado de Goiás) informou que, desde 2013,
o padre Robson de Oliveira Pereira investiu cerca de R$ 1,3 milhão em
projetos que exploram possíveis jazidas de ouro e outros minérios no
estado. As informações são da revista Época. Segundo o MP, o dinheiro
gasto pelo padre é da Afipe (Associação Filhos do Pai Eterno), gerida
por Robson até a última semana quando ele pediu afastamento dos cargos
após ser alvo de investigações por suspeita de lavagem de dinheiro.
O
MP ainda aponta que Celestina Celis Bueno, conselheira-fiscal da Afipe,
foi a responsável pela liberação de mais de R$ 1 milhão da associação
para o financiamento de atividades mineradoras. A Afipe possui nove
processos abertos que aguardam a concessão de exploração de ouro e
níquel nas terras dos municípios de Iporá, Niquelândia, Iporá, Campestre
de Goiás e Trindade, todas essas no estado goiano.
Além
disso, a Afipe ainda abriu mais processos para explorar economicamente a
mineração de quartzito, granito e argila, sendo responsável, ao todo,
por 13 solicitações junto à ANM (Agência Nacional de Mineração) — do
total, 9 processos buscam explorar ouro em uma região de 11,4 mil
hectares. Para ser um concessionário dos recursos minerais é necessário
que, inicialmente, o interessado faça uma pesquisa da região a ser
explorada. Nos casos dos pedidos da Afipe, 12 das 13 solicitações
dependem ainda da entrega dos estudos. De acordo com a revista, nenhum
dos pedidos da Afipe ainda foram liberados para a exploração com fins
comerciais.
Pedro
Paulo Medeiros, advogado do padre Robson, explicou que o estatuto
interno da Afipe libera a associação para atuar na exploração de
minérios. A defesa ainda comentou que o padre quer ser ouvido pelo MP e é
"o maior interessado na verdade e transparência" "A defesa teve acesso
ao inquérito próprio apenas agora. Tão logo os advogados acessem todas
as suposições do Ministério Público do Estado de Goiás, as informações
necessárias serão esclarecidas. O padre Robson é o maior interessado na
verdade e na transparência, tanto que já solicitou ao MP que seja
ouvido, o que não foi agendado ainda", comentou à Época.
Sem
sociedade
Do total das solicitações de exploração, o mais avançado nas
etapas exigidas é o da exploração de granito, em Iporá, que está em fase
final após ter a pesquisa aprovada. Segundo a revista Época, o avanço
seria devido à colaboração da Mineração GNB, que faz parte do grupo Edem
Projetos. Apesar de ser um dos titulares do pedido junto à Afipe, a
empresa afirma que vendeu os direitos para a associação. "Nós estamos há
mais de 30 anos no mercado e temos uma linha de trabalho com rocha
ornamental. Então escolhemos uma área, fizemos o requerimento de
pesquisa e éramos os titulares do direito minerário. A empresa já tinha
finalizado os estudos quando nós fomos procurados pelo
pessoal da Afipe, que estava interessado em investir em mineração, e
acabamos vendendo os direitos para eles", explicou o geólogo Luiz
Vessoni, que dirige a empresa Mineração GNB. E completou: "Eles [a
Afipe] não quiseram parceiros, resolveram tocar sozinhos, compraram os
direitos e acabou. Está 100% transferido e não temos relação alguma.
Nunca mais eu vi o padre", comentou Vessoni.
Entenda
o caso
A investigação teve início quando o padre informou, em 2017, que
estava sofrendo extorsão e transferiu mais de R$ 2 milhões da conta da
Afipe para os criminosos. Em 2019 a quadrilha foi condenada pela
justiça, porém, os promotores estranharam o uso do dinheiro de fiéis
para fins pessoais e começou a investigar o padre. Agora, o padre Robson
é alvo de investigação por crimes de apropriação indébita, sonegação
fiscal, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e associação
criminosa, com a compra de imóveis, fazendas e apartamentos em
diferentes estados.
Fonte: UOL
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