A obra, a trajetória e o legado do cantor e compositor Pinto do Acordeon que faleceu nesta terça-feira (21), vítima de câncer, foi reverenciada por artistas e admiradores. Pinto do Acordeon era um dos remanescente do forró tradicional seguidor da linha de Luiz Gonzaga, sendo um dos ícones da música regional.
Artistas como Elba Ramalho, Lucy Alves, Antônio Barros e Cecéu, Waldones, Amazan entre outros prestaram homenagens ao paraibano.
Elba Ramalho gravou um vídeo e relembrou a relação com o “parceiro e amigo de uma vida toda”. Conterrâneos, Pinto e Elba eram vizinhos em Conceição e cresceram juntos. Visivelmente emocionada, ela destacou o legado do cantor e disse que a música nordestina estava de luto.
“Um homem de muita integridade, um homem que venceu muitas batalhas difíceis, de fome, dificuldade de sobrevivência, de adversidades, mas sempre venceu tudo com um sorriso, com um jeito generoso. Tinha uma alma muito bondosa, um jeito de ser muito especial. Toda a nossa família está muito triste, tá enlutada, a gente se despede dele com muita saudade”.
No Instagram, Flávio José também homenageou Pinto e relembrou uma frase do paraibano “o artista nunca morre e na sua cova nascerá um pé de flor”.
O cantor Amazan fez homenagem a pinto através de poesia. Já Antônio Barros e Ceceu lembraram dos encontros e bate bapos descontraídos com o amigo.
Outros artistas cantaram algumas das músicas de Pinto do Acordeon.Os músicos Genival Lacerda, Alcymar Monteiro, Felipe Alcântara e a banda Cabruêra também se despediram de Pinto do Acordeon, relembrando as parcerias musicais e a grandeza do sanfoneiro.
A obra de Pinto do Acordeon se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado da Paraíba no dia 13 de julho de 2019. O músico desde a infância cultivava seu gosto pela poesia regional e foi um dos integrantes da banda de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, sua eterna referência.
O artista também foi reconhecido com o título “Mestre das Artes Canhoto da Paraíba”. A homenagem foi oficializada pela Secretaria de Cultura do Estado através de uma publicação no Diário Oficial do Estado.
O título de Mestre das Arte’ foi criado pela Lei Estadual º 7.694, conhecida como Lei Canhoto da Paraíba. Ela é uma homenagem ao músico Francisco Soares de Araújo, conhecido como Canhoto da Paraíba, que morreu em 2008. O objetivo é proteger e valorizar os conhecimentos, fazeres e expressões das culturas tradicionais paraibanas.
Por meio do Registro no Livro de Mestres das Artes (REMA), as pessoas que contribuem há mais de 20 anos com atividades culturais na Paraíba recebem o título de “Mestres e Mestras”, ao terem suas artes reconhecidas.
Francisco Ferreira Lima, o Pinto do Acordeon, nasceu no município de Conceição, no Sertão paraibano. Ele se tornou popular a partir de apresentações que realizava junto a trupe de Luiz Gonzaga. Ele gravou cerca de 20 álbuns durante a carreira. “Neném Mulher” é uma das músicas mais conhecidas do repertório.
Pinto do Acordeon foi autor de sucessos consagrados por artistas como Genival Lacerda, Trio Nordestino, Os 3 do Nordeste, Fagner e Elba Ramalho; além de ter composto junto com Dominguinhos e se apresentado ao lado de Luiz Gonzaga, seu maior ídolo e de quem ganhou uma sanfona. Pinto diz nunca esquecer das palavras de Gonzaga. Ao longo de sua carreira compôs 280 obras e gravou 486 músicas de vários compositores.
Severino Lopes - PB Agora