quinta-feira, 14 de maio de 2020

Triste relato da filha do juruense que teve o corpo trocado para ser enterrado

FILHA DO RELOJOEIRO JEOVÁ NUNES RELATA NEGLIGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL DE PATOS E LAMENTA TROCA DE CORPOS PARA SEPULTAMENTO 

Ainda é grande a repercussão do caso do relojoeiro Jeová Ferreira Nunes,  de 50 anos, natural de Juru - PB e morador do bairro Monte Castelo, na cidade de Patos, Sertão da Paraíba, que faleceu no último domingo, 10, no Hospital Regional de Patos,  com suspeita de coronavírus. 
Na mesma noite, Jeová teve o corpo trocado no necrotério da unidade hospitalar e os seus familiares enterraram o cadáver de uma mulher como se fosse o dele. 
Veja a íntegra do triste relato de uma filha que, não bastasse a perda do pai, lamenta o fato da troca de corpos:
O descaso com a saúde pública revolta a população naturalmente, porém, quando vivenciamos algum caso de negligência com alguém próximo a nós, o sentimento de consternação é potencializado.
No dia 07 maio de 2020 o meu pai Jeová Ferreira Nunes, de 50 anos, estava se queixando de falta de ar e por volta das 20 horas deu entrada no Hospital Regional de Patos - PB. A hipoxia sofrida comprometeu 50% dos pulmões, resultado este verificado por tomografia. A saturação estava fragilizada entre 60 a 62%, a mais de dois dias, saturação esta verificada através de oxímetro, pois, o gasômetro do hospital estava quebrado e continuaram o mantendo em máscara de reservatório. Mas, até um estudante de medicina e de enfermagem sabe que o protocolo diante o Coronavírus é que uma saturação abaixo de 90% já era indicação para intubá-lo. E porque não o fizeram? Porque deixaram passar sexta, sábado e domingo com máscara de reservatório se a indicação era intubação?
Fora isso, ele permaneceu no Hospital durante 2 dias sem o protocolo de medicação específica utilizado em hospitais para pacientes com todos os sintomas de Covid-19, o que agravou ainda mais a sua situação. E somente no sábado à noite, que a família tomou conhecimento que faltava a medicação, imediatamente percorreu toda a cidade de Patos e conseguiu a medicação que o médico prescreveu: Annita, Ivermectina; Hidroxicloroquina e Salbutamol.
E no domingo quando a saturação estava a 40%, na última hora ou melhor, no último suspiro dele por socorro, o hospital decidiu intubá-lo. Sabe-se que raramente o paciente morre durante um processo de intubação. Mas, meu PAI morreu! Sim, ele morreu no dia 10 de Maio de 2020 durante um processo de intubação. Imperícia? Imprudência? Qual o tipo de sequência de intubação traqueal utilizaram? Sequência rápida? Sequência atrasada, que era a mais indicada no caso dele. O que causou a morte de meu pai, um homem que estava falante no domingo apesar do cansaço respiratório, um homem que estava consciente, orientado, conversando com a equipe de saúde? O que aconteceu com esse  pai de  família e provedor do lar?
Essa morte realmente foi causada pelo coronavírus ou foi por imperícia e imprudência do Hospital Regional de Patos? Foi uma morte sem explicação!!!
E como se não bastasse todo esse sofrimento, hoje dia 11/05/2020 nós da família fomos informados que enterramos a pessoa errada e que ontem de madrugada teve que fazer a remoção do corpo e enterrá-lo novamente. Trocaram os corpos. O corpo de meu pai foi para uma família que estava enterrando seu ente querido por problemas de saúde diverso do Coronavírus. E essa família quando abriu o caixão verificou que não era do seu ente e sim de meu pai infectado por Covid-19.
Diante dessas situações revoltantes e estarrecedoras fico me questionando:
1. Por que o hospital não seguiu o protocolo e intubou o paciente ao verificar que a saturação estava em 62%?
2. Por que a medicação estava em falta, sendo que nós da família conseguimos encontrar nas farmácias de Patos?
3. Por que a família só foi informada que ele estava sem o protocolo de medicação utilizado em hospitais para Covid-19 depois de 02 dias de interno? E diga-se de passagem, que só informaram porque uma pessoa ligada a família obteve a informação.
4. Por que não fizeram a devida identificação do corpo? O que teria evitado que a outra família que identificou o corpo tivesse contato com um corpo com suspeita de Covid, evitando assim uma exposição e provável contaminação desnecessária.
5. Será que ele foi mais uma vítima da Covid-19 ou de uma sequência de erros?
6. Será que ele estaria vivo se tivesse sido intubado no momento certo e da forma adequada?
7. Será que ele estaria vivo se tivesse tomando a medicação assim que deu entrada no hospital?
Não temos as respostas, mas, a única certeza que temos é que o Hospital Regional de Patos - PB foi negligente.
E espero que MEU REPÚDIO sirva de alerta e que não venha a fazer mais vítimas. Porque ele não era e nem será apenas 1 número na estatística.
Ele era filho e irmão amado, um marido dedicado, um pai e avô amoroso e um trabalhador que deu a vida pela família.
Que se faça Justiça! Se não para meu pai Jeová Ferreira Nunes, mas, para outros Jeovás, Marias, Joãos, Josés que passarem pela mãos do Hospital Regional de Patos.
o pai dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário