quarta-feira, 27 de maio de 2020

Trinta e três anos de saudade do meu pai, Antônio Luiz

PASSA O TEMPO MAIS NÃO PASSA A SAUDADE DO MEU PAI, PRECOCEMENTE LEVADO POR UM INFARTO FULMINANTE 

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e close-up
Não espere que seu caminho pela vida seja fácil, apenas que o destino final valha a pena: o seu valeu, meu saudoso pai, apesar de você ter partido tão cedo!  
Na fatídica madrugada de 27 de maio de 1987, há trinta e três anos atrás, um infarto fulminante surpreendia o meu saudoso pai, Antônio Luiz Leite, e o tirava precocemente do nosso convívio. Aos 57 anos de idade, ele deixava viúva a minha mãe e órfãos os dez filhos do casal. Deveria ao menos ter se despedido da gente, mas isso ele não fez. Morreu na mesma data que nascia Filipe, seu neto também de saudosa memória, que se vivo estivesse completaria 33 anos hoje.
Ainda não nos acostumamos com a sua ausência e sentimos muita falta do bom e exemplar esposo, dedicado pai, avô carinhoso e fiel amigo. Foi um batalhador incansável, buscando sempre o melhor para sua família.
Nascido no sítio Travessão, na zona rural do município de Juru, Sertão da Paraíba, o filho de Rita e Joaquim Luiz ainda tentou a vida no estado do Paraná, para onde foi como retirante do Nordeste, em cima de um pau de arara, levado pela estiagem que massacrava a sua terrinha. Sem eira nem beira, levou apenas a esposa e os dois filhos do jovem casal: Manoel, o primogênito, e eu com menos de um ano de idade.
A permanência na região Sul durou pouco tempo e logo a família retornou para Juru. Não mais para morar no sítio Travessão, onde o meu pai foi criado e viveu da roça sem ter o direito de sentar em um banco escolar, mas para a cidade onde comprou a casa e aonde ainda hoje a minha mãe mora e criou a sua prole. 
Antes de se tornar político, o irrequieto e perseverante Antônio Luiz tentou de tudo na vida para, educar os seus dez filhos e realizar um sonho que ele não teve o direito. No entanto, só veio aprender a ler e escrever quando eu e o meu irmão mais velho lhe ensinamos.
Além de agricultor, durante muito tempo ele foi dono de bar, restaurante e dormitório. Instalou uma loja de tecidos e confecções, vendendo ainda em feiras livres da cidade de Tavares e dos povoados Jurema e Silvestre. Possuía uma tropa de burros de carga, cerca de cinquenta animais que transportavam cereais para cidades do Vale do Piancó. Comerciava com gado nas feiras de Tabira e Afogados da Ingazeira, no vizinho estado de Pernambuco, até que de uma só vez perdeu quase cem bois que tinha vendido a um comprador da cidade de Patos. Este, o enganou, tirando-lhe do ramo.
Dono de uma verve invejável que inibia oradores de anel no dedo, foi eleito vereador por três mandatos consecutivos e presidiu a Câmara Municipal por três legislaturas. Foi vice-prefeito também, porém não logrou êxito nas urnas quando em 1976 disputou o cargo de prefeito de Juru.
Como comandante do MDB no município, foi muito prestigiado por lideranças estaduais do quilate do então senador Humberto Lucena e do ex-deputado federal Antônio Mariz, que viria ser eleito governador do estado, além do coronel e deputado estadual Zé Lira, entre outros emedebistas históricos que tinham a nossa humilde casa como ponto de referência nas andanças políticas que faziam estado afora em épocas de eleição.
Você fez muito pelo povo de Juru, meu pai, e como homem público poderia ainda fazer muito mais se não tivesse ido tão cedo ao encontro de Deus. Contudo, deixou o seu legado como exemplo e herança maior para os seus filhos.
Saudades, meu velho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário