A NOITE AMARELA: Sem sustos e sem sangue, filme de terror paraibano mostra temor do futuro – VEJA TRAILER
A
tradição rarefeita do horror no cinema brasileiro vem sendo substituída
por filmes que aproveitam o gênero para fazer dele mais que uma coleção
de sustos. O horror social adotado por jovens realizadores tem
permitido demonstrar nossos temores das diferenças. O menos conhecido
horror metafísico abre outras janelas. É por elas que “A Noite Amarela”
passa.
Depois de realizar um dos episódios do politizado “O Nó do
Diabo”, o produtor, diretor e roteirista paraibano Ramon Porto Mota
explora os códigos do terror para brincar com referências, interpretar
comportamentos e testar os limites da realidade.
A filiação a um
gênero tão obediente a códigos é reconhecível desde a apresentação de um
grupo de jovens que chegam a uma ilha. Não se trata de mero clichê do
terror, mas de uma condição “sine qua non” do gênero. Não ter
personagens indefesos no papel de reféns de forças malignas ou
sobrenaturais é o mesmo que não ter crime em uma trama policial.
A
casa assombrada é outro elemento indispensável, assim como a
ambientação escura, condição que o filme resolve situando a maioria das
cenas em interiores ou à noite.
A filiação assumida contrasta, por
sua vez, com a inversão de clichês. O que se espera de jovens curtindo
um feriado em uma ilha no litoral nordestino é muito sol, mar cristalino
e coqueirais. Na única cena de praia, o dia parece nublado, e os
personagens, pálidos.
Depois
de expor um inquietante motivo, “A Noite Amarela” dá um salto para uma
cena urbana, um embate entre turmas. A sequência parece mais uma
digressão ou um tapa-buraco narrativo, mas ajuda a esclarecer o
comportamento de cada personagem e anuncia as ideias de separação, de
repetição e de duplicação que guiam a bem-sucedida última parte.
Ali,
Mota desafia a tradição sanguinolenta do terror contemporâneo para
explorar as potencialidades cinematográficas de um gênero
multidimensional. A escuridão e o fora de campo tornam-se os principais
meios para o filme sugerir, em vez de mostrar. O “split-screen”, recurso
que permite compartimentar a tela, aproxima real e sobrenatural,
verdade e alucinações.
Sem sustos, mas com muito domínio de poucos
recursos, “A Noite Amarela” coloca o nome de Ramon Porto Mota na lista
dos jovens cineastas a seguir.
Veja trailer:
Fonte: Click PB e FolhaPress - Publicado por: Amara Alcântara
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