Desmatamento cresce 96% em setembro, alerta Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
O
desmatamento cresceu cerca de 96% em setembro na Amazônia na comparação
com o mesmo mês de 2018, segundo dados do sistema Deter,
do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que dispara alertas
de desmate para orientar ações do Ibama.
Desde
junho, a devastação na Amazônia tem aumentado na comparação com a série
histórica do Inpe. Os meses de julho, agosto e setembro do primeiro ano
do governo Jair Bolsonaro tiveram as maiores taxas de desmate
desde 2015 e 2016 (no caso de julho) —o Deter está em funcionamento
desde 2004.
Junho
teve aumento de 90% no desmate. Em julho, foram 278% de crescimento.
Em agosto o salto foi de 222% em relação ao mesmo período do ano
anterior.
No mês de setembro foram devastados 1.447 km² de floresta amazônica.
O
Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real) não tem a
função de medir precisamente a área desmatada, o que é feito pelo
sistema Prodes, que é divulgado anualmente e aponta o desmatamento entre
agosto de um ano e julho do seguinte.
Ainda assim, o Deter pode ser usado para apontar a tendência geral de aumento ou redução da destruição na floresta.
A
divulgação dos dados de julho e agosto geraram uma crise no Inpe e
críticas do presidente, que acusou o então diretor do instituto, Ricardo
Galvão, de estar a “serviço de alguma ONG”. As informações de
devastação também foram contestadas pelos ministros Ricardo Salles (Meio
Ambiente), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e pelo general Augusto
Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Galvão se defendeu
do ataque e defendeu os dados do Inpe. O então diretor acabou exonerado
pelo ministro Pontes no dia 2 de agosto.
A
destruição crescente também gerou alerta nos países que investem em
desenvolvimento sustentável no Brasil, como a Noruega e Alemanha, que
doavam dinheiro para bilionário Fundo Amazônia. O fundo foi bloqueado
após Bolsonaro ter extinto os conselhos que geriam o fundo. Como
resultado, os dois países pararam de enviar recursos.
Em meio ao
aumento do desmate, cresceram também as queimadas. A alta atraiu atenção
internacional ao Brasil e gerou uma crise da imagem ambiental do
governo Bolsonaro. Líderes como a chanceler alemã Angela Merkel e o
presidente francês Emmanuel Macron demonstraram preocupação com os
incêndios na Amazônia, e Bolsonaro reagiu criticando ambos.
Bolsonaro recusou
ainda US$ 20 milhões de dólares (R$ 82 milhões) do G7 para combater as
queimadas e chamou a oferta de ajuda de “esmola”.
Aceitou,
porém, a ajuda israelense. Inicialmente o país disse que enviaria
material químico para conter o fogo, mas, no fim, enviou somente uma
delegação com 11 especialistas em combate a incêndios.
A crise das
queimadas, que se concentra principalmente em áreas privadas e
florestas não destinadas —nas quais qualquer desmatamento e incêndio é
ilegal—, levou o presidente Bolsonaro a assinar um decreto de GLO
(Garantia da Lei e da Ordem) que autorizava uso das Forças Armadas para
combater os incêndios. Além disso, um decreto presidencial de 29 de
agosto criou uma moratória de queimadas por dois meses.
A
consequência foi a redução do número de queimadas. Em agosto, foram
registrados 30 mil focos de incêndio em todo o país. O número caiu para
19,9 mil em setembro.
Fonte: Folha de S.Paulo - Publicado por: Gerlane Neto
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