Polícia Federal prende donos de universidade e mais 20 por fraudes de R$ 500 milhões
Entre os estudantes que compraram vagas e financiamentos estão filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade
Polícia
Federal (PF) deflagrou na manhã de hoje (3) a Operação Vagatomia, que
investiga um esquema de fraudes na concessão do Financiamento Estudantil
do Governo Federal (Fies) e na venda de vagas e transferências de
alunos do exterior para o curso de Medicina ofertado pela Universidade
Brasil, de Fernandópolis, no interior de São Paulo.
A
PF investiga ainda fraudes em bolsas do Programa Universidade para
Todos (ProUni) e nos cursos de complementação do exame Revalida, para
revalidação de diploma. Estimativas iniciais indicam que, nos últimos
cinco anos, aproximadamente R$ 500 milhões do Fies e do ProUni foram
concedidos fraudulentamente.
Cerca de
250 policiais federais cumpriam 77 mandados judiciais pela manhã – 11
de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 45 de busca e apreensão e
10 referentes à medidas cautelares, alternativas à prisão.
As
ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Jales (SP). As
atividades da “Vagatomia” são realizadas nas cidades de Fernandópolis,
São Paulo, São José do Rio Preto, Santos, Presidente Prudente, São
Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul e São João
das Duas Pontes, em São Paulo e no município de Água Boa, no Mato
Grosso.
Entre os alvos das ordens de
prisão estão o dono da universidade e seu filho, além de diretores e
funcionários das unidades onde as fraudes foram identificadas – São
Paulo, São José do Rio Preto e Fernandópolis. Integrantes das
“assessorias”, que vendiam vagas no curso de Medicina, financiamentos
Fies e bolsas do Prouni também estão entre os alvos da operação.
A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de até R$ 250 milhões em bens e valores dos investigados.
A
PF indicou que recebeu, no início do ano, informações que relatavam
crimes e irregularidades que estariam ocorrendo no campus de um curso de
medicina em Fernandópolis. Vagas para ingresso, transferência e
financiamentos Fies para o curso de Medicina estariam sendo negociados
por até R$ 120 mil por aluno, diz a corporação.
As
investigações duraram cerca de oito meses e identificaram que o líder
do esquema era o próprio dono da universidade, que também ocupa o cargo
de reitor. O empresário, engenheiro de 63 anos, e seu filho, que também é
sócio do grupo educacional, sabiam do esquema e participavam dos crimes
em investigação, segundo a PF.
De
acordo com a Polícia Federal, “assessorias educacionais”, com o apoio
dos donos e da estrutura administrativa da universidade, negociaram
centenas de vagas para alunos.
Entre
os estudantes que compraram suas vagas e financiamentos estão filhos de
fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos
donos da universidade – “todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem
perfil de beneficiário do FIES, mediante fraude, tiveram acesso aos
recursos do Governo Federal”.
A PF
estima que milhares de alunos por todo o Brasil podem ter sido
prejudicados em razão destas fraudes. As fraudes foram denunciadas ao
Ministério Público Federal por alunos que ingressaram de forma regular
na instituição, após a qualidade do curso diminuir por causa do aumento
de estudantes de medicina no campus.
Ao
longo das investigações, a PF identificou ameaças proferidas pelo dono
da universidade aos alunos que fizeram as denúncias, além de tentativas
de influenciar e intimidar autoridades, destruição e ocultação de
provas.
A
Polícia Federal indica ainda que os empresários estariam investindo os
recursos das fraudes em imóveis urbanos e rurais no Brasil e no
exterior. Além disso, compraram helicóptero, jatinhos, aviões e dezenas
de veículos de luxo, diz a corporação.
Os
alunos e pais, que aceitaram pagar pela vaga e/ou pelos financiamentos
públicos, também responderão pelos crimes em investigação na medida de
suas culpabilidades, diz a PF. Segundo a corporação, uma nova
investigação será iniciada para identificar todos que concordaram em
pagar pelas fraudes.
De acordo com a
Polícia Federal, o nome da operação, Vagatomia, faz referência ao termo
“tomia”, que significa “corte”. “Como os investigados reduziam as vagas
do curso de medicina e Fies, na medida em que as vendiam, candidatos que
teriam direito ao financiamento do governo federal sofriam com o corte
das vagas disponíveis”, diz a corporação.
Defesas
A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Universidade Brasil. O espaço está aberto para manifestação.
Fonte: Noticias ao Minuto - Publicado por: Alana Yaponirah
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