Ministério da Educação e Cultura lança Programa Future-se e universidades públicas poderão captar recursos para se financiar
O
Ministério da Educação planeja apresentar para a imprensa nesta
quarta-feira o programa Future-se, classificado pelo ministro Abraham
Weintraub como o “nome da libertação das universidades federais”.
Um
dos objetivos do programa, cujo lema é “inovação e empreendedorismo”, é
dar a universidades públicas e institutos federais de ensino maior
autonomia financeira. Essas instituições poderiam, por exemplo, captar
recursos para financiar suas atividades. Com isso, espera-se evitar que
elas dependam exclusivamente do orçamento da União.
Nesta terça, o
presidente Jair Bolsonaro afirmou que o projeto foi apresentado pelo
ministro da Educação durante reunião do conselho de governo. “[As
universidades] vão ser mais autônomas”, apontou ele ao sair do encontro,
complementando que quer as instituições brasileiras “entre as 100
[melhores] do mundo”.
No Twitter, Weintraub escreveu que haverá a
implementação de um “modelo moderno” de financiamento das universidades e
institutos federais, mais próximo dos que estão em vigor na Europa, no
Canadá, em Israel, na Austrália e nos Estados Unidos. A adesão das
universidades será voluntária.
De acordo com informações obtidas
pelo G1 e TV Globo, que conversaram com reitores de instituições
reunidos com o ministério da Educação na tarde de terça-feira, a maior
autonomia se dará através do envio de um projeto de lei ao Congresso com
uma série de medidas de eficiência de gestão das instituições de ensino
superior. Contudo, o MEC admite usar outros dispositivos, como Medidas
Provisórias.
As medidas são ainda propostas em caráter preliminar e
serão apresentadas em consulta pública a partir desta quarta, ficando
aberta até 31 de julho, afirmam.
Na gestão de recursos, a ideia
seria flexibilizar como cada universidade pode usar suas próprias
receitas, permitindo que elas usem organizações sociais (OS) para cuidar
de contratos de serviços como a vigilância, a manutenção e a limpeza.
Outra
sugestão feita é da criação de um fundo em que o principal aporte seria
feito com o patrimônio da União, podendo flexibilizar o financiamento
das instituições uma vez que, no futuro, receberia valores de outras
fontes.
A proposta, aponta o G1 e o Globo, prevê que o fundo possa
ser comercializado na Bolsa de Valores, captando recursos com vários
tipos de investidores, dentre eles o privado. Assim, a ideia é que as
universidades tenham uma cota do fundo e possam usar o rendimento para
financiar suas atividades. Procurado, o MEC não confirmou as
informações.
Sem mensalidade
Vale
destacar que, nos últimos dias, houve rumores de que as universidades
federais passariam a cobrar mensalidade dos seus alunos, o que foi
negado em postagem feita por Weintraub pelo Twitter no último fim de
semana.
“Manteremos a situação atual. Porém a rápida deterioração
das contas vista nos últimos anos será interrompida. Há avanços maiores e
menos polêmicos que serão apresentados dia 17”, afirmou o ministro,
referindo-se ao Future-se.
Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, secretário de Educação Superior do MEC, havia destacado em entrevista concedida ao InfoMoney em junho que não haveria proposta de cobrança de mensalidade nas universidades públicas.
Mas,
conforme apontou, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou
que elas possam cobrar mensalidade em cursos de especialização, mas na
modalidade tecnicamente chamada de pós-graduação lato sensus.
Mais mudanças no radar
Lima
Júnior ainda afirmou que o Ministério da Educação tem trabalhado na
complementaridade entre os níveis de educação básica, superior e
pós-graduação, e também como uma maior integração entre os setores
públicos e privados.
Assim, além das mudanças nas universidades
públicas, o MEC também estuda alterações para os programas de acesso às
instituições privadas, tendo como base principalmente a meta 12 do Plano
Nacional de Educação (PNE), de elevação da taxa bruta de matrícula na
educação superior para 50% da população entre 18 anos e 24 anos.
Como
cerca de 75% da oferta de vagas é concedida pela iniciativa privada, é
necessário também fazer uma revisão não só das metas quantitativas mas
também das qualitativas neste segmento, apontou Lima Júnior ao InfoMoney, de forma a analisar o retorno em relação aos indicadores de acesso.
Assim,
mudanças em programas como o FIES, programa de financiamento público do
ensino, estão sendo estudadas, mas ainda sem previsão de anúncio. Além
da simplificação processual, o foco é a melhora na execução do programa e
estudos para que haja uma redução da inadimplência.
Atualmente, segundo o secretário, há quase 500 mil estudantes endividados.
Fonte: Polêmica Paraíba
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