General Villas Bôas reage ao escritor Olavo de Carvalho e expõe tensão dos militares
"Ele (Olavo) passou do ponto, agindo com total desrespeito aos militares e às Forças Armadas", disse Villas Bôas
![Villas Bôas reage a Olavo e expõe tensão dos militares](https://media-manager.noticiasaominuto.com.br/naom_571749ff9371a.jpg?&w=1920)
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Ex-comandante do Exército e
atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o
general Eduardo Villas Bôas entrou na última segunda-feira, 6, em campo para
acalmar a tropa, incomodada com as críticas do escritor Olavo de
Carvalho aos militares. O alvo mais recente é o ministro-chefe da
Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, xingado
por Olavo nas redes sociais.
"Ele (Olavo) passou do ponto, agindo com total desrespeito aos
militares e às Forças Armadas", disse Villas Bôas ao jornal O Estado de
S. Paulo. "Às vezes, ele me dá a impressão de ser uma pessoa doente,
que se arvora com mandato para querer tutelar o País". Antes, nas redes sociais, o general chamou Olavo de
"verdadeiro Trotski de direita", sob o argumento de que ele age para
"acentuar as divergências nacionais".
Mensagens trocadas em grupos
de WhatsApp formados por militares - principalmente generais - também
expuseram, nos últimos dias, o inconformismo da caserna com os ataques
do guru ideológico do presidente Jair Bolsonaro às Forças Armadas. Os
principais alvos de Olavo são Santos Cruz e o vice-presidente, general
Hamilton Mourão, classificado pelo escritor como "charlatão
desprezível".
Em uma das conversas de WhatsApp a que o Estado teve
acesso, militares dizem que o escritor tem "planos bem concretos" para
uma mudança do cenário político. "Os ataques sistemáticos e coordenados
sobre os militares do governo Bolsonaro vão ao encontro deste objetivo,
que é dividir a direita para criar a extrema-direita. Desde o ano
passado, Olavo vem se reunindo com Steve Bannon, que é considerado o
mentor do plano", escreveu um oficial, em referência ao ex-estrategista
do presidente Donald Trump e um dos responsáveis pela retórica
nacionalista que fez o republicano chegar à Casa Branca.
Nos
bastidores, militares com assento no primeiro escalão já se mostram
apreensivos com o que definem como "falta de pulso" de Bolsonaro para
enquadrar os filhos e seu amigo escritor, que vive nos Estados Unidos. A
portas fechadas, muitos dizem que a situação chegou "no limite" e só
não deixam o governo com receio do que pode acontecer no País.
A
gota d'água para a reação de Villas Bôas ocorreu no domingo, depois que
Bolsonaro publicou post no Twitter dizendo que, em seu governo, "a chama
da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí
incluídas as sociais". A mensagem foi interpretada como uma estocada
contra Santos Cruz, que prega cautela no uso das redes sociais, para
evitar distorções, e a melhoria da lei que disciplina o tema.
"Controlar
a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu m...", escreveu
Olavo. No mesmo domingo, à noite, o ministro foi conversar com
Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. A reportagem apurou que ele expressou
ali sua indignação e obteve a garantia de que isso não continuará
assim.
Villas Bôas disse nesta segunda, no Twitter, que "o senhor
Olavo de Carvalho" tem um "vazio existencial" e demonstra total falta de
respeito e modéstia. "A escolha dos militares como alvo é compreensível
por sua impotência diante da solidez dessas instituições e a
incapacidade de compreender os valores e princípios que as sustentam."
Olavo
publicou, em seguida, pelo menos 13 tuítes sobre o assunto. No
Facebook, o escritor postou vídeo no qual Villas Bôas elogia a escolha
de Aldo Rebelo (ex-PCdoB e hoje no Solidariedade) para ministro da
Defesa do governo Dilma Rousseff, em 2015, insinuando que o general está
alinhado ao comunismo.
A queda de braço com os militares também
reflete a disputa pelos rumos do governo. A Secretaria de Comunicação da
Presidência (Secom), subordinada a Santos Cruz, está sob o comando do
empresário Fábio Wajngarten, que conta com a simpatia de Olavo e do
vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente.
Bolsonaro
participará nesta terça-feira de reunião administrativa no QG do
Exército com comandantes das Forças Armadas e o ministro da Defesa,
Fernando Azevedo e Silva. Na semana passada, o presidente condecorou
Olavo e Mourão com a Ordem do Rio Branco no grau de Grã-Cruz. Trata-se
da mais alta homenagem diplomática, destinada a reconhecer "serviços ou
méritos excepcionais" prestados ao País.
'Um time só'
Bolsonaro
tratou como "coisas pequenas" o embate dentro do seu governo entre
militares e seguidores do escritor Olavo de Carvalho. Segundo o
presidente, não existem dois times opostos na administração federal.
"De acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar
quieto. Temos coisas muito mais importantes para discutir no Brasil.
Aqueles que porventura não têm tato político estão pagando o preço junto
à mídia", afirmou ele nesta segunda após ser questionado sobre o troca
de ataques entre Olavo, guru do bolsonarismo, e o ministro Santos Cruz
durante o fim de semana. "Não existe grupo de militares e de Olavo aqui.
Somos um time só", afirmou Bolsonaro.
Notícias ao Minuto com informações do jornal O
Estado de S. Paulo
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