Após Câmara votar Medida Provisória, Senado articula devolução do Coaf à pasta de Moro
Depois
de os deputados decidirem ontem pelo retorno do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras) ao Ministério da Economia, o Senado
começa a articular a transferência do órgão ao Ministério da Justiça,
pleito pessoal do ministro Sergio Moro chancelado pelo presidente Jair
Bolsonaro (PSL) na Medida Provisória 870.
A
matéria será votada no Senado na próxima terça-feira (28) e, em caso de
o Senado alterar o texto que veio da Câmara, a MP voltará para nova
votação dos deputados. A validade da MP é até 3 de junho.
Ao
contrário do que ocorre na Câmara, líderes de blocos antagônicos no
Senado têm o mesmo entendimento em relação ao destino do Coaf.
Fernando
Bezerra Coelho (MDB-PE), à frente da articulação do governo, afirmou
que vai “defender o Coaf com o ministro Moro”, mas que respeitará a
decisão soberana do plenário. O parlamentar entende que, apesar do prazo
exíguo, há possibilidade de finalizar a tramitação da MP antes do dia
3.
“O
mandato do ministro Moro termina, o Ministério da Justiça fica e há que
se instrumentalizá-lo para o combate à corrupção e às organizações
criminosas, ao crime organizado, à evasão de divisas, à lavagem de
dinheiro, à corrupção de forma geral”.
Dias fez referência ao
principal argumento do Executivo: o de que o Coaf funcionaria como um
instrumento fundamental na investigação de esquemas criminosos. O
conselho tem como objetivo levantar movimentações suspeitas e
circunstâncias atípicas envolvendo transações financeiras.
Foi a
partir de um relatório do Coaf, por exemplo, que o Ministério Público
começou a investigar os depósitos e saques fracionados na conta de
Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ),
filho mais velho do presidente da República.
“Nós
vamos defender o Coaf com o ministro Moro. Essa é a posição que está no
nosso relatório, mas isso depende da decisão do plenário do Senado. A
matéria será votada na terça e acredito que ela será votada e concluída
na terça”, comentou.
O
líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse entender que,
aprovada na próxima terça, a medida voltaria à Câmara já no dia seguinte
(29) e, dessa forma, tornaria hábil o tempo restante para decisão do
Parlamento. Segundo ele, “ainda é necessário contar os votos”, mas há
clima favorável na Casa para deliberar sobre o destino do Coaf.
À
frente da oposição no Senado, Randolfe disse não enxergar uma
perspectiva política acerca da matéria. Mesmo em lado oposto ao governo
Bolsonaro, o parlamentar argumenta que, se Moro diz ser importante
manter o Coaf sob guarda-chuva da Justiça, não há qualquer impedimento.
“Independente
de onde fica o Coaf, se o ministro da Justiça acha importante mantê-lo,
por que não? Eu sou líder da oposição e favorável ao Coaf na Justiça”,
comentou.
O líder do Podemos, Alvaro Dias (PR), também defendeu o
texto original da medida provisória. “Vamos tentar mais uma vez, com
requerimento de destaque, para que o Coaf possa permanecer no âmbito do
Ministério da Justiça, já que entendemos ser o local adequado para sua
existência”, disse.
Fonte: Uol

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