Presidente Jair Bolsonaro publica vídeo de pastor dizendo que ele foi 'escolhido por Deus'
O
presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou um vídeo na sua conta no
Facebook em que um pastor estrangeiro afirma que ele foi “escolhido por
Deus” para comandar o País. Ao compartilhar o vídeo, Bolsonaro escreveu
que “não existe teoria da conspiração, existe uma mudança de paradigma
na política” eque “quem deve ditar os rumos do país é o povo! Assim são
as democracias”.
No vídeo compartilhado pelo presidente, o pastor
Steve Kunda, nascido no Congo e fundador de uma igreja evangélica em
Orleans, na França, defende o presidente como um político “estabelecido
por Deus” para guiar o País. Em francês, Kunda cobra apoio a Bolsonaro e
pede que não se façam críticas nem oposição ao presidente. Na semana
passada, milhares de pessoas protestaram contra o contingenciamento na
verba do Ministério da Educação em mais de 200 cidades.
O
vídeo, compartilhado hoje (19) por Bolsonaro, foi gravado há mais de um
mês e divulgado no dia 10 de abril no site da Rede Super. “Vamos falar
que é tempo novo. Não faço política, sou pastor. Mas creio que tenhamos
que fazer uma influência na política. A igreja não é só orar manhã,
noite e tarde. A igreja é influenciar a sociedade no campo positivo e
não só negativo. Na história da bíblia, houve políticos que foram
estabelecidos por Deus. Um exemplo quando falam do imperador da pérsia
Ciro. Antes do seu nascimento, Deus fala através de Isaías: ‘Eu escolho
meu sérvio Ciro’. E senhor Jair Bolsonaro é o Ciro do Brasil. Você
querendo ou não”, diz Kunda.
O programa em que o pastor é
entrevistado é apresentado pelo pastor Cássio Miranda na Rede Super,
emissora de televisão com sede em Belo Horizonte que pertence à Igreja
Batista da Lagoinha. A rede é comandada pelo ex-deputado estadual Dalmir
de Jesus e outros quatro deputados, além da empresária Liliane Hermeto.
Na
entrevista, o pastor diz que foi aconselhado por seus pares a não fazer
comentários políticos, pois poderia criar divisões. Ainda assim, ele
optou por se posicionar em defesa de Bolsonaro, que tem sido “muito
oprimido”, mas pode “influenciar outras nações”.
“Eu não moro
aqui. Mas falo da parte de Deus. Vocês aceitando ou não, você seja de
esquerda ou de direita, o senhor Jair Bolsonaro é o Ciro do Brasil. Deus
o escolheu para um novo tempo, para uma nova temporada no Brasil. Não
passe o seu tempo criticando. Juntem as forças e sustentem esse homem.
Orem por ele, encorajem-no, não façam oposição”, diz o pastor.
“Ele
tem uma visão nacional para emancipação do País, para emancipação da
nação. Sustentem esse homem, apoiem-no. Deus falou que os dois primeiros
anos dele não vão ser fáceis. Mas a mão de Deus está com ele porque vai
cortar muitos obstáculos, muitas opressões. Mas foi Deus quem o
escolheu”, acrescenta o pastor.
O vídeo é a segunda publicação
feita por Bolsonaro nesta semana em redes sociais direcionada a seus
apoiadores – desta vez, os evangélicos. Na sexta-feira, o Estado revelou
que Bolsonaro compartilhou, na rede social Whatsapp, um texto em que o
autor diz que o presidente é vítima de um sistema corrompido e “que o
Brasil, fora desses conchavos, é ingovernável”. A mensagem foi
interpretada no Congresso como mais um ataque do presidente ao que ele
chama de “velha política”.
Escrito pelo analista da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) Paulo Portinho, o texto diz que o presidente
sofre pressões de todas as corporações, em todos os Poderes, e que o
País “está disfuncional”, mas não por culpa de Bolsonaro. “Até agora (o
presidente) não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e
fracassou”.
O
tom do texto e do vídeo compartilhados por Bolsonaro vai ao encontro do
discurso adotado nos últimos dias por aliados, de que há uma
conspiração para “derrubar o capitão”, como escreveu nesta semana o
vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente, em sua conta no
Twitter.
A avaliação de auxiliares do presidente é a de que, ao
convocar a sociedade para uma solução, Bolsonaro tenta manter ativas
suas redes de apoio, após manifestações contrárias ao governo tomarem as
ruas do País. Como resposta, aliados de Bolsonaro planejam uma marcha
em apoio a ele no próximo domingo (26).
Na semana passada, nos
Estados Unidos, o próprio presidente disse que opositores querem tirá-lo
da Presidência. “Quem decide corte não sou eu. Ou querem que eu
responda a um processo de impeachment no ano que vem por ferir a Lei de
Responsabilidade Fiscal?”, perguntou.
O movimento também coincide
com o avanço das investigações contra o senador Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ), filho mais velho do presidente. Flávio teve o sigilo bancário e
fiscal quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio. O presidente acredita
que ele e seu governo são os alvos dos investigadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário