Imprensa estrangeira destaca entrevista do ex presidente Lula na prisão
Veículos internacionais repercutiram a entrevista do ex-presidente Lula concedida à Folha de S.Paulo e ao El País

© Ueslei Marcelino/Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) -
Veículos internacionais repercutiram a entrevista do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) concedida à Folha de S.Paulo e ao El País
nesta sexta-feira (26) – a primeira desde que o petista foi preso em
Curitiba em abril do ano passado.
A agência de notícias americana Associated Press destacou o
pedido de Lula por uma autocrítica dos brasileiros após terem elegido o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) em outubro passado. O texto também
descreve as críticas de Lula a Sergio Moro, explicando que o ex-juiz
condenou o petista e agora é ministro da Justiça. A notícia foi
replicada em veículos dos EUA, como a TV Fox News e os jornais The New
York Times e Washington Post.
No jornal inglês The Guardian, as
declarações de Lula sobre uma eleição dominada por ódio e fake news
ganharam destaque. O periódico também lembrou o momento em que o petista
questiona o que aconteceria se sua família, e não a de Bolsonaro, fosse
próxima de milícias. Para o The Guardian, Lula insinuou que a imprensa o
julgaria de forma mais intensa. O francês Le Figaro afirmou que a
entrevista de Lula ocorreu após "uma longa batalha judicial" e destacou
sua vestimenta, com camisa roxa e blazer cinza.
"Lula culpa bando
de lunáticos por arruinar país", escreve a agência de notícias russa
Sputinik. O veículo também destacou as críticas do petista a Bolsonaro
pelo que considera uma adoração aos Estados Unidos. "O ex-presidente
Lula da Silva criticou o atual líder por destruir o status do país como
uma potência mundial emergente e se esforçar demais para demonstrar
adoração pelos Estados Unidos", afirma a notícia.
O jornal
argentino Página 12 destacou que a entrevista durou duas horas e dez
minutos, e que Lula ficou a quatro metros de distância dos jornalistas,
conforme determinado pela Polícia Federal. A publicação também fez um
resumo das críticas do ex-presidente a Moro e a Bolsonaro. O também
argentino Clárin diz que Lula falou de tudo durante a entrevista.
"Enquanto seus advogados tramitam uma bateria de recursos na Justiça, o
ex-presidente brasileiro segue defendendo sua inocência", escreve. O
jornal destaca ainda que Lula chorou ao falar da morte de seu neto
Arthur, 7, em março deste ano.
A primeira entrevista à imprensa
do petista após sua prisão foi destaque ainda na agência de notícias
italiana Ansa. O veículo afirma que a entrevista foi feita pela versão
brasileira do jornal espanhol El País e pela Folha, "o jornal brasileiro
de maior difusão".
Lula foi condenado por corrupção e lavagem de
dinheiro no caso do tríplex de Guarujá. Ele está preso desde abril de
2018, depois de ter sido condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal
da 4ª Região), a segunda instância da Justiça Federal.Na última
terça-feira (23), em decisão unânime, a Quinta Turma do STJ reduziu a
pena do ex-presidente e abriu caminho para ele saia do regime fechado
ainda neste ano. O tribunal manteve a condenação do petista, mas baixou a
pena de 12 anos e 1 mês de prisão para 8 anos, 10 meses e 20 dias.
O
petista já foi condenado também no caso do sítio de Atibaia (SP) –a 12
anos e 11 meses pela juíza Gabriela Hardt, na primeira instância em
Curitiba, pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. O caso,
porém, ainda passará pela análise do TRF-4.O pedido de entrevista com o
ex-presidente passou por um vaivém de decisões judiciais. Em julho de
2018, a juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena
de Lula, barrou a realização da entrevista, afirmando não haver
previsão constitucional que dê ao preso direito de falar com a imprensa.
Após
reclamação ao STF (Supremo Tribunal Federal) feita pela Folha, o
ministro Ricardo Lewandowski autorizou em 28 de setembro que a
entrevista fosse realizada em Curitiba. A liminar, porém, foi derrubada
no mesmo dia pelo ministro Luiz Fux, também do Supremo. Ele julgou
pedido do partido Novo, que alegava que o PT apresentava Lula como
candidato à Presidência da República, desinformando os eleitores.
O
petista foi impedido de concorrer na eleição presidencial devido à Lei
da Ficha Limpa, que barra candidaturas de condenados em segunda
instância, e acabou substituído por Fernando Haddad, também do PT.
Ao suspender a entrevista, Fux determinou ainda que, caso já tivesse
sido realizada, sua divulgação estaria censurada. A liminar de Fux foi
revogada no último dia 18 pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
Notícias ao Minuto
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