Rota mata 11 pessoas em Guararema, na terceira ação policial mais violenta da história de São Paulo
Ação aconteceu quando grupo de 25 suspeitos realizaria roubo a duas agências bancárias. À Rádio Bandeirantes, Governador João Doria comemora: "colocaram no cemitério mais 10 bandidos"
Policiais da Rota diante do carro alvejado por tiros em Guararema (SP) - AMANDA PEROBELLI REUTERS |
Uma ação da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
deixou pelo menos 11 pessoas mortas na madrugada desta quinta-feira
(4/4), em Guararema, cidade a cerca de 80 quilômetros da capital
paulista. Uma quadrilha, formada por pelo menos 25 pessoas,
especializada em roubo a banco iria atacar duas agências bancárias na
cidade – uma do Santander e outra do Banco do Brasil -, mas escutas
fizeram com que os policiais se antecipassem na ação. Segundo a polícia,
o grupo havia realizado uma ação semelhante na cidade de Sorocaba e o
Gaeco do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) passou a monitorar os
suspeitos com escutas telefônicas e acionou a Rota para a realização da
operação.
Essa foi a 3ª ação oficial mais letal da história da PM de São Paulo. As outras foram as seguintes: em primeiro lugar, o Massacre do Carandiru
em 1992, quando, durante uma rebelião no Pavilhão 9 da Casa de
Detenção, policiais invadiram e mataram 111 presos. O comandante da
ação, coronel Ubiratan Guimarães, foi absolvido. Outros 74 PMs foram
condenados, mas a Justiça anulou o julgamento e determinou novo júri. Em
segundo, a Operação Castelinho,
em 5 de março de 2002, quando PMs mataram 12 integrantes do PCC na
Rodovia Senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho. Convencidos pela
polícia a roubar um avião pagador em Sorocaba (SP) que nunca existiu, os
criminosos foram atraídos para uma emboscada. Em 2014, a justiça
absolveu 50 policiais e dois detentos acusados pelo massacre. E em
quarto lugar, a invasão da PM, em 12 de setembro de 2012, a uma chácara
em Várzea Paulista, que resultou na morte de 9 pessoas que estariam
participando de um “tribunal do crime”, organizado pelo PCC
para julgar um suspeito de estupro. Entre os mortos, estava a vítima do
“tribunal”. Na época, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse
que “quem não reagiu está vivo”.
Cena do suposto confronto entre policiais e suspeitos - Arquivo pessoal |
Em nota, a PM informou que houve troca de tiros e perseguição em Guararema. “Houve perseguição e troca de tiros em diferentes pontos do município. Durante a fuga, parte dos criminosos chegou a fazer reféns em uma residência, mas a PM conseguiu libertá-los. Equipes do GATE, ROTA e COE, além do policiamento local seguem as buscas na região. Até o momento, foram apreendidos sete fuzis, quatro pistolas, duas calibres 12, explosivos e coletes balísticos”, diz a nota publicada no site da corporação.
O porta-voz da PM, major Emerson Massera, em entrevista à Ponte, informa que a PM lamenta o ocorrido e assinala que toda instituição policial tem na vida o seu principal valor. “Essas ocorrências com resultado morte no fim de semana, na segunda-feira com a Rota, fazem parte de estratégia operacional de combater o crime em pontos de elevada incidência de registros de roubos, latrocínios, tráfico de drogas. As ocorrências coincidiram com áreas de policiamento reforçado. Mostra que o planejamento está funcionando, mas é claro que nos preocupamos. Sempre trabalhamos para reduzir a letalidade, o ideal seria conseguir prevenir as ações, prender os criminosos, até para responderem pelo crime e que a gente consiga mais informações a respeito da forma como a criminalidade atua”, afirmou. Para concluir, Massera afirmou que as mortes foram inevitáveis. “É uma ação que ainda estamos em campo, mas infelizmente foram inevitáveis essas ocorrências”.
Veículo onde estavam alguns dos suspeitos que foram mortos - Reprodução |
Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quinta-feira (4/4), o governador João Doria parabenizou a ação da polícia e disse que vai condecorar os agentes. “No próximo dia 10, no Palácio dos Bandeirantes, nós vamos homenagear esses policiais e outros que ao longo dos últimos 30 dias cumpriram a sua missão de defender os cidadãos de bem, defender o patrimônio privado e público, agindo contra bandidos. Bandidos que usam escopetas, fuzis e metralhadoras não saem para passear, saíram para assaltar e fazer vítimas, estão de parabéns os policiais que agiram e colocaram no cemitério mais 10 bandidos”, afirmou.
A declaração do governador coaduna com o que ele já vinha falando no período de campanha eleitoral: que policiais na gestão dele tinham que atirar para matar e que deveriam ser, pagos pelo Estado, os melhores advogados disponíveis.
O ouvidor das polícias de São Paulo, Benedito Mariano, foi cauteloso e afirmou que prefere esperar os laudos e o decorrer das investigações para fazer uma análise mais aprofundada. O ouvidor comparou a ação a uma outra, ocorrida em Campinas, interior de São Paulo, há aproximadamente um ano, quando 7 suspeitos, usando também armamento pesado, tentaram explodir caixas eletrônicos e foram mortos. “Essas ocorrências mais graves, prefiro me manifestar com elementos, preciso analisar tudo, ter os dados. Daqui um mês mais ou menos, a ouvidoria faz um relatório sobre a ocorrência. Falar agora é precipitado pela complexidade”, pontuou.
El País
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