França pede doações e avalia danos para reconstrução da Catedral de Notre-Dame, em Paris
O bilionário francês Bernard Arnault anunciou uma doação de 200 milhões de euros para a reconstrução da catedral
© Reuters
As chamas que destruíram
parcialmente a Catedral de Notre-Dame, em Paris, ainda nem estavam
completamente extintas quando o presidente da França, Emmanuel Macron,
prometeu reconstruir o monumento centenário e convocou uma campanha de
arrecadação de fundos. As primeiras ofertas milionárias foram anunciadas
nesta terça-feira (16).
O bilionário francês Bernard Arnault, colecionador de artes e
presidente do maior conglomerado de marcas de luxo do mundo, LVMH,
anunciou uma doação de 200 milhões de euros para a reconstrução da
catedral.
"A família Arnault e o grupo LVMH, em solidariedade com
essa tragédia nacional, se junta à reconstrução desta catedral
extraordinária, símbolo da França, sua herança e sua unidade", diz um
trecho do comunicado do grupo, que detém marcas como Louis Vuitton,
Dior, Moët & Chandon, Hennesy, Bvlgari, Tag Heuer, Givenchy, entre
outras.
A oferta de doação veio depois que seu rival ofereceu 100
milhões de euros. O bilionário François-Henri Pinault – que preside a
holding francesa Kering, grupo de artigos de luxo que detém marcas como
Gucci, Yves Saint Laurent e Balenciaga, e que é casado com a atriz Salma
Hayek – disse ao diário francês Le Figaro que espera que o
dinheiro – que será pago pela empresa de investimentos da família
Pinault, Artemis, ajude a "reconstruir completamente a Notre-Dame".
Valérie
Pécresse, presidente do Conselho Regional de Île-de-France, uma das 13
regiões administrativas da França e que abriga a Grande Paris, afirmou
que doará 10 milhões de euros para a reconstrução.
O presidente do
Parlamento Europeu, Antonio Tajani, pediu aos parlamentares doações
para a reconstrução da Notre-Dame, "como sinal de solidariedade", em uma
caixa do lado de fora do plenário em Estrasburgo. Por fim, a agência
cultural das Nações Unidas, a Unesco, também prometeu "apoiar a França"
na restauração do monumento, declarado Patrimônio da Humanidade em 1991.
O
dono de uma empresa madeireira francesa afirmou à Rádio FranceInfo que
está disposto a oferecer as melhores vigas de carvalho disponíveis para
reconstruir o complexo que formava o telhado da catedral.
"O
trabalho certamente levará anos, décadas até. Mas exigirá milhares de
metros cúbicos de madeira. Teremos que encontrar os melhores exemplares,
com grandes diâmetros", disse Sylvain Charlois, do grupo Charlois.
Além
de tempo, o trabalho de restauração será um desafio da natureza.
Bertrand de Feydeau, vice-presidente do grupo de preservação Fondation
du Patrimoine, afirmou à Rádio FranceInfo que a França não tem mais
árvores grandes suficientes para substituir as antigas vigas de madeiras
na Notre-Dame.
O especialista em patrimônio cultural explicou que
o telhado de madeira foi, em parte, construído há mais de 800 anos, com
vigas de florestas primárias. Feydeau afirmou que o telhado da catedral
não poderá se reconstruído exatamente como era antes do incêndio. "Nós
não temos, no momento, árvores em nosso território do tamanho das que
foram cortadas no século 13". Segundo ele, o trabalho de restauração
terá que usar novas tecnologias para reconstruir o telhado.
Danos
O
incêndio na catedral de Notre-Dame começou por volta de 18h50 no
horário local (13h50 em Brasília). "Todo o telhado foi destruído, toda a
armação foi destruída, parte da abóbada caiu, e a flecha [uma torre
isolada de 93 metros revestida de chumbo sobre o teto da nave] desabou",
disse Gabriel Plus, porta-voz dos bombeiros de Paris.
O
comandante dos bombeiros, o general Jean-Claude Gallet, anunciou que a
estrutura da catedral estava "salva e preservada na sua globalidade". O
fogo foi oficialmente declarado extinto somente na manhã desta
terça-feira. Agora cabe aos serviços de emergência analisar o movimento
das estruturas e algumas obras de arte serão retiradas do local com a
ajuda de especialistas.
A construção da Catedral de Notre-Dame na Ilha de la Cité, uma
pequena ilha rodeado pelo rio Sena, foi iniciada em 1163 e se estendeu
até 1345. A catedral é o monumento mais visitado de Paris e da Europa, à
frente de outras construções, como o Museu do Louvre e a Torre Eiffel –
em 2018 foram mais de 13 milhões de visitas.
Mundo ao Minuto com informações da Agência Brasil
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