Presidente Jair Bolsonaro rebate Lula e diz que o Brasil não é governado por 'cachaceiros'
Bolsonaro afirmou considerar um erro da Justiça a autorização para a entrevista do ex-presidente
© Marcos Corrêa/PR
Condenado e preso na
Operação Lava Jato, Lula fez a crítica em entrevista aos jornais El País
e Folha de S. Paulo, autorizada pela Justiça e realizada na sede da
Polícia Federal, em Curitiba, onde o petista cumpre a pena pelos crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Bolsonaro afirmou considerar
um erro da Justiça a autorização para a entrevista.
"Olha, eu acho que o Lula, primeiro, não deveria falar. Falou
besteira. Maluco? Quem era o time dele?", perguntou o presidente. Ele
mesmo respondeu: "Grande parte está preso ou está sendo processado.
Tinha um plano de poder onde, nos finalmentes, nos roubaria a nossa
liberdade, ok?. Eu acho um equívoco, um erro da Justiça ter dado direito
a dar uma entrevista. Presidiário tem que cumprir sua pena."
Questionado
depois sobre a polêmica envolvendo propaganda do Banco do Brasil, que
foi retirada do ar, Bolsonaro disse que ministros devem seguir sua linha
de pensamento ou "ficar em silêncio", se discordarem. O presidente
mandou suspender nesta semana uma propaganda comercial do banco - a
peça, focada no público jovem, expunha a diversidade racial e sexual.
Após o cancelamento da campanha publicitária veio à tona uma divergência
entre o ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos
Santos Cruz, e o novo chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência,
Fábio Wajngarten.
"Quem indica e nomeia presidente do Banco do
Brasil sou eu. Não preciso falar mais nada, então", afirmou Bolsonaro.
"A linha mudou. A massa quer o que? Respeito à família, ninguém quer
perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público seja
usado dessa maneira. Não é a minha linha. Vocês sabem que não é minha
linha."
O caso custou o cargo do diretor de Comunicação e
Marketing do Banco do Brasil, Delano Valentim. Nesta sexta-feira, a
Secom -- subordinada a Santos Cruz -- enviou um e-mail a estatais com
instruções para que todo o material de propaganda da administração
pública, incluindo o das estatais, passasse por análise prévia da pasta.
A ordem era para "maximizar o alinhamento de toda ação de publicidade".
Horas
depois, porém, Santos Cruz emitiu nota dizendo que a medida determinada
pela Secom fere a Lei das Estatais "pois não cabe à administração
direta intervir no conteúdo da publicidade estritamente mercadológica
das empresas estatais". Questionado neste sábado, 27, sobre como
pretendia controlar a publicidade dessas empresas, Bolsonaro respondeu
que os ministros devem seguir seu pensamento ou não se pronunciar.
"Olha,
por exemplo, meus ministros... Eu tinha uma linha, armamento. Eu não
sou armamentista? Então, ministro meu ou é armamentista ou fica em
silêncio. É a regra do jogo", afirmou ele. A frase foi interpretada até
por aliados como um puxão de orelha em Santos Cruz.
Previdência
Sobre
a reforma da Previdência, Bolsonaro afirmou que a proposta "não pode
ser desidratada". Segundo o presidente, se o texto aprovado pelo
Congresso Nacional representar uma economia abaixo de R$ 800 bilhões
isso será o mesmo que "retardar a queda do avião".
"Ela (a
proposta) não pode ser desidratada, tem um limite. Abaixo disso apenas,
como disse Paulo Guedes (ministro da Economia), vai retardar a queda do
avião. O Brasil não pode quebrar. Nós temos que alçar um voo seguro para
que todos possam se beneficiar da nossa economia", afirmou.
Bolsonaro
fez o comentário ao abordar críticas do presidente da comissão especial
que analisa a proposta de emenda à constituição (PEC) da reforma, o
deputado Marcelo Ramos (PR-AM). O parlamentar afirmara que Bolsonaro
prejudica a reforma ao falar dela. Na quinta-feira, o presidente disse a
jornalistas, durante café da manhã no Palácio do Planalto, que uma
economia de R$ 800 bilhões seria um ponto de inflexão positivo na
economia. Um valor abaixo, na sua avaliação, poderia levar a uma crise
como a da Argentina. A proposta original da equipe econômica, porém,
previa mais de R$ 1 trilhão de economia ao governo.
O presidente
argumentou, ainda, que existe uma relação de respeito mútuo entre ele e o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e disse que todos os
brasileiros dependem da ação conjunta de ambos. Bolsonaro observou que
pretende conversar com o deputado a respeito de declarações dele sobre
seus filhos, associados por Maia a "loucuras" do governo.
Em
entrevista ao site Buzzfeed, Maia afirmou que o deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP) vive um "momento de deslumbramento" e é quem, na
prática, comanda as Relações Exteriores do País. De acordo com o site,
Maia disse, ainda, que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) "pode ser
doido à vontade", mas "todos estão convictos" de que, na prática, é o
próprio Bolsonaro quem comanda essas ações nas redes sociais.
"Eu
tenho certeza de que isso é um fake (falso). Eu gosto do Rodrigo Maia,
ele tem respeito comigo e eu tenho por ele. Mandei mensagem via Onyx
(Lorenzoni, ministro da Casa Civil) para ele ontem à noite dizendo que o
que nós dois juntos podemos fazer não tem preço. E 208 milhões de
pessoas precisam de mim e dele, e grande parte de vocês. Rodrigo Maia é
pessoa importantíssima para o futuro de 208 milhões de pessoas. Espero
brevemente poder conversar com ele", afirmou.
Perguntado sobre a
intenção do Ministério da Educação de reduzir verbas para cursos
superiores de Ciências Humanas, como Sociologia e Filosofia, Bolsonaro
não detalhou como a medida se daria. "Precisamos formar bons
profissionais que sejam úteis para o Brasil e não formar militantes",
disse.
Bolsonaro esteve neste sábado na periferia de Brasília
visitando a menina Yasmin Alves, que participou da comemoração de Páscoa
no Palácio do Planalto, na semana passada. O presidente esclareceu que
perguntou ao grupo de crianças que esteve no Planalto quem ali era
palmeirense. "E ela falou que não. Nada mais além disso", afirmou
Bolsonaro.
Na ocasião, o jornal O Estado de S. Paulo publicou,
com base no vídeo postado nas redes sociais do presidente, que a menina
havia se recusado a cumprimentá-lo. A informação foi corrigida
imediatamente após o governo esclarecer que a negativa da menina era, na
verdade, uma resposta ao questionamento do presidente sobre futebol.
Notícias ao Minuto
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