Presidente Jair Bolsonaro alfineta Supremo Tribunal Federal e defende liberdade de expressão
O presidente criticou, indiretamente, a decisão do STF que determinou a busca e apreensão na casa do general da reserva Paulo Chagas
© Marcos Corrêa/PR
O presidente Jair
Bolsonaro usou as redes sociais nesta terça-feira, 16, para defender a
"liberdade de expressão" que considera "direito legítimo e inviolável"
criticando, indiretamente, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
que determinou a busca e apreensão na casa do general da reserva Paulo
Chagas, que foi candidato ao governo do Distrito Federal.
"Acredito no Brasil e em suas instituições e respeito a
autonomia dos poderes, como escrito em nossa Constituição. São
princípios indispensáveis para uma democracia. Dito isso, minha posição
sempre será favorável à liberdade de expressão, direito legítimo e
inviolável", afirmou Bolsonaro em sua rede social.
O presidente
não cita o general Paulo Chagas na postagem, mas o episódio provocou
"completa indignação" entre militares e ministros que trabalham no
Palácio do Planalto. Para um desses militares, ao agir desta forma, o
STF "esquece o essencial e foca no periférico". Bolsonaro, evitando
confronto direto entre os poderes, no entanto, preferiu declarar que
acredita "no Brasil e em suas instituições e respeito a autonomia dos
poderes, como escrito em nossa Constituição. São princípios
indispensáveis para uma democracia".
Além da busca na casa do
general e outras sete pessoas, por ofensas ao Tribunal, o ministro
Alexandre de Moraes, do STF, mandou bloquear as redes sociais dos
"investigados no inquérito sobre as supostas fake news contra seus
colegas da Corte". São alvo de buscas da Polícia Federal nesta
terça-feira Chagas, o membro da Polícia Civil de Goiás Omar Rocha
Fagundes, Isabella Sanches de Sousa Trevisani, Carlos Antonio dos
Santos, Erminio Aparecido Nadini, Gustavo de Carvalho e Silva e Sergio
Barbosa de Barros.
À reportagem, o general Paulo Chagas, que está
em Campinas, e que tuitou desde cedo a ação da Polícia Federal em sua
casa para falar sobre o ocorrido, classificou o episódio como "censura
absurda". "Prefiro dizer que é censura e não intimidação, até porque,
não me sinto intimidado", declarou o general, acrescentando que "sempre
que tiver críticas a eles (ministros do STF) vou fazê-las".
O
militar, que está na reserva há 12 anos, se candidatou ao governo do
Distrito Federal no ano passado pelo PRP, e recebeu em seu palanque, na
Ceilândia, cidade satélite de Brasília, o então candidato, Jair
Bolsonaro, um dia antes do presidente ser alvo do atentado a faca em
Minas Gerais. O general Paulo Chagas mantém há seis anos um blog na
internet em que tece críticas frequentes aos ministros do Supremo, em
especial ao presidente Dias Toffoli e aos também ministros Ricardo
Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes.
Chagas disse
que não procurou o presidente Bolsonaro, nem nenhum outro general do
Planalto para se queixar. "Eles certamente já tomaram conhecimento pelo
Twitter. Isso não é assunto para tratar com o presidente da República",
comentou, ironizando que "achou graça" quando soube da chegada da PF em
sua casa.
"Não tenho nada a esconder. Tudo o que faço eu coloco em
meu blog", comentou ele, acrescentando que atos como esse e a censura à
revista Cruzoé "atingem a democracia". Em seguida, desabafou: "mas eles
(alguns ministros do STF), não estão preocupados com a democracia, mas
com eles mesmos porque estão chegando no tribunal".
Repercussão
Na
manhã desta terça-feira, o assessor especial do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI) Eduardo Villas Bôas disse esta "preocupado" com
restrições que o general da reserva Paulo Chagas estaria sofrendo.
"Conheço muito o general Paulo Chagas. Amigo pessoal meu e confesso que
estou preocupado. Vamos acompanhar os desdobramentos disso", declarou
Villas Bôas após sessão de homenagem ao Dia do Exército na Câmara.
O comandante do Exército, Edson Pujol, não quis comentar a decisão do
ministro, mas defendeu, contudo, o general da reserva. "Não tenho os
detalhes, a motivação que levou, as circunstâncias. O que eu posso dizer
é que conheço o Paulo Chagas, é um militar e um cidadão íntegro, temos
maior respeito e admiração por ele", declarou o comandante à reportagem.
Política ao Minuto
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