Importações de óleo diesel são canceladas para evitar prejuízo em produto trazido do exterior
Bolsonaro teria ligado para Roberto Castello Branco, da Petrobras, "alertando sobre os riscos do aumento do preço do diesel"
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Importadores de óleo diesel
vão recuar neste momento de congelamento de preços do combustível pela
Petrobras. Presidente da Abicom, que representa o segmento, Sérgio
Araújo diz que as empresas associadas à entidade cancelaram importações
para evitar prejuízo médio de R$ 0,14 em cada litro trazido do exterior.
Essa é a diferença do valor do combustível nas principais bolsas de
negociação no mercado internacional e o quanto é cobrado pela Petrobras
em suas refinarias, segundo a entidade.
Procurada, a Petrobras não informou se está tendo prejuízo com
a manutenção do preço nas refinarias. Disse apenas que, na média de
2019, manterá o preço acima do praticado no mercado internacional.
Na
última quinta-feira, a empresa anunciou que havia desistido de
reajustar o diesel em 5,7%. Em nota, divulgada pela sua assessoria de
imprensa, disse que o presidente da República, Jair Bolsonaro, ligou
para o presidente da companhia, Roberto Castello Branco, "alertando
sobre os riscos do aumento do preço do diesel" anunciado pela Petrobras.
Na nota, o executivo afirmou ainda ter considerado "legítima a
preocupação do presidente".
Do volume total de combustível
consumido no País no mês de fevereiro, de 4,4 bilhões de litros, 15%
foram importados - a maior parte pela própria Petrobras. Os dados são os
mais recentes divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP). Os importadores independentes, que são
empresas de comercialização de pequeno e médio portes, representam 3%
desse mercado, segundo a Abicom.
A expectativa das empresas
comercializadoras era ampliar participação no mercado e fazer
concorrência à estatal, como aconteceu em 2017, quando a petroleira
reajustava sua tabela em intervalos de tempo mais curtos e, por vezes,
mantinha o preço acima dos praticados no exterior. Nesse período, os
independentes chegaram a responder por 60% das importações.
Esse movimento da estatal motivou as comercializadoras a investir em
infraestrutura de armazenamento nos principais portos brasileiros. Parte
chegou a sair do papel e outra parcela deveria sair neste ano. Mas
foram suspensos diante das últimas sinalizações do governo para o setor.
"Esperávamos que o governo, com um discurso liberal, acompanhasse o
mercado internacional. Hoje o ambiente é de intervenção e monopólio. Os
associados da Abicom têm projetos em infraestrutura que são necessários
ao País, mas não vão acontecer", disse.
Economia ao Minuto com informações do jornal O
Estado de S. Paulo
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