Ex-presidente Michel Temer recusa jantar, tem primeira noite preso e agora tenta evitar depoimento
Até o meio-dia, ele ainda não havia dado depoimento, que estava marcado inicialmente para o horário da manhã

© Reuters / Ricardo Moraes
JÚLIA BARBON E
CATIA SEABRARIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A defesa do ex-presidente
Michel Temer tenta evitar o depoimento previsto para esta sexta-feira (22) na
sede da superintendência da Polícia Federal no Rio, no centro da cidade,
onde está preso de forma preventiva (sem julgamento e por prazo
indeterminado) desde às 18h40 desta quinta (21).
Até o meio-dia, ele ainda não havia dado depoimento, que
estava marcado inicialmente para o horário da manhã, segundo o
ex-ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun (MDB-RS) um dos seus
mais fiéis escudeiros, que o visitou no fim da noite e na manhã desta
sexta.
A
defesa afirma que, até o fim da noite, a polícia não havia avisado que
haveria depoimento e alega que ainda não há um inquérito instaurado, mas
apenas uma representação do Ministério Público Federal. Um inquérito,
no entanto, foi sim aberto.
O ex-ministro Wellington Moreira
Franco e o coronel João Baptista Lima, presos no Batalhão Especial
Prisional (BEP), unidade gerida pela Polícia Militar do Rio em Niterói,
na região metropolitana da capital, se deslocaram à unidade para depor. O
advogado de Moreira, Antônio Pitombo, também tenta evitar o depoimento.
"Não
vai haver depoimento enquanto eu não ler o conteúdo do dito inquérito",
disse à reportagem. "Embora o ministro Moreira Franco esteja disposto a
prestar esclarecimentos, não existe depoimento sem conhecimento de
inquéritos. Salvo engano, após o século 18, não existe essa prática no
Brasil."
Contrariando a posição das defesas, ao chegarem à sede da
PF, os procuradores do MPF responsáveis pelo caso disseram que haveria
depoimento e que eles seriam colhidos separadamente.
O inquérito
referente a essas prisões foi aberto em janeiro, a pedido da
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e por determinação do
ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em
dezembro, quando denunciou Temer no caso dos portos, sobre propina no
setor portuário, ela pediu a abertura de outros cinco inquéritos em um
documento anexo. Um deles era o que apontava corrupção nas obras da
eletronuclear Angra 3, pelo qual Temer foi preso agora.
O
ex-presidente está no terceiro andar do prédio da PF, em uma sala de 20
m2 que era usada pelo corregedor da PF e foi improvisada para recebê-lo.
O local tem banheiro privativo, janela, ar-condicionado, frigobar, sofá
e mesa de reunião. Uma cama de solteiro foi providenciada, e uma TV
também seria levada ao local.
Agentes ofereceram comida ao
ex-presidente, mas ele não quis jantar. O cardápio do café da manhã não
foi informado. Marun disse que Temer está tranquilo, porém triste e
inconformado.
Em Niterói, Moreira Franco e Lima comeram pão com
manteiga e café com leite. O prato do almoço e jantar será sempre
composto por arroz ou macarrão, feijão, farinha, carne branca ou
vermelha, legumes, salada, sobremesa e uma bebida, segundo a Secretaria
de Administração Penitenciária do RJ. O lanche da tarde tem guaraná e
novamente pão com manteiga ou bolo.
Inicialmente, o juiz Marcelo
Bretas havia determinado que Temer fosse enviado à mesma unidade onde
estão Moreira Franco e Lima. Reservada a policiais, o local mantém hoje o
ex-governador Luiz Fernando Pezão, acusado de participar do esquema de
corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.
No entanto, depois de um
pedido da defesa de Temer e após consulta à Polícia Federal, que
afirmou ter condições de custodiar o ex-presidente, o juiz decidiu pela
prisão na PF. Ele defendeu tratamento semelhante ao dado ao
ex-presidente Lula, preso desde abril de 2018 na unidade de Curitiba.
Na decisão, Bretas determinou que a Polícia Federal forneça, se tiver
condições, "itens mínimos" compatíveis com os oferecidos a Lula.
Notícias ao Minuto
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