Campanha 'Lula Livre' é relançada em ato com Fernando Haddad e Guilherme Boulos em São Paulo
A ideia é que o relançamento torne a campanha mais ampla e plural
© Reuters
SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) - A campanha "Lula Livre", pela liberdade do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), começou uma nova fase neste sábado (16).
No sindicato dos metroviários, em São Paulo, o "Encontro Nacional Lula
Livre" relançou a campanha e reuniu, segundo a organização, cerca de
1.500 participantes.
Até então, o Comitê Nacional Lula Livre reunia líderes de
partidos e de movimentos de esquerda numa grande assembleia, mas sem
capacidade organizativa e com ações pontuais. A ideia é que o
relançamento torne a campanha mais ampla e plural.
Segundo o
petista Fernando Haddad, derrotado por Jair Bolsonaro (PSL) nas últimas
eleições, o comitê está repensando a estratégia de comunicação "uma vez
que nós estamos muito seguros que a Lava Jato não conseguiu demonstrar
no que o presidente Lula contrariou o interesse do país".
"Nós
queremos lembrar a sociedade brasileira de que uma injustiça foi
cometida e que nós vamos continuar na luta por justiça", disse no
evento.
Guilherme Boulos (PSOL), que também esteve no evento com
Haddad e Manuela Dávila (PCdoB), disse que atos nas ruas e um "trabalho
de diálogo e de convencimento da população" são importantes para
fortalecer o movimento.
"Nesse momento onde as contradições da
Lava Jato começam a vir à tona de outras maneiras, é importante reforçar
que o Lula é um preso político e de fazer a luta pela sua libertação",
disse o candidato do PSOL à presidência na última disputa.
Enquanto
as mesas discutiram as novas diretrizes do movimento e abriam o
microfone para recolher ideias dos participantes para a campanha, na
frente do sindicato dos metroviários, cartazes, broches e camisetas com o
slogan da campanha eram vendidos.
Em contraste com os materiais
da campanha que levam um tom mais sóbrio, a nova arte da campanha,
exibida nas paredes do ginásio, apresenta tons coloridos.
Os
participantes sugeriram ações capilarizadas e citaram a vigília que tem
sido feita em Curitiba desde que o ex-presidente foi preso como parte
importante do movimento–a carta enviada neste sábado (16) por Lula ao
comitê também os agradece.
A primeira iniciativa após a reunião
será a Jornada Lula Livre, de 7 a 10 de abril. Para marcar um ano da
prisão do petista e também o julgamento de ações no STF (Supremo
Tribunal Federal) sobre prisão em segunda instância, a campanha prevê
atos, seminários e shows pelo país.
Como mostrou reportagem da
Folha, o relançamento da campanha ocorre na esteira da frustração com a
não participação de Lula nas eleições e com a derrota do PT nas urnas, o
que, considerando a visão da esquerda de que o petista é um preso
político, poderia ter sido suficiente para sua soltura.
Ao
contrário, as eleições consolidaram no poder a direita antipetista
representada por Jair Bolsonaro, que tem como ministro o algoz de Lula, o
ex-juiz Sergio Moro.
A partir da reunião deste sábado (16), a
ideia é criar comitês pelo país para espalhar a narrativa de que
democracia e direitos estão em risco e, assim, criar um novo ambiente
político que pressione pela revisão da prisão pelo Judiciário.
PRISÃO DE LULA
Lula
está preso em Curitiba desde 7 de abril de 2018 após condenação em
segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por lavagem de dinheiro e
corrupção passiva, no caso do tríplex de Guarujá (SP), da Operação Lava
Jato.
Em fevereiro, Lula foi condenado novamente a 12 anos e 11
meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em outra ação, a do
sítio em Atibaia (SP). Caso a soma das duas penas de Lula seja mantida
em 25 anos, ele, que tem 73 anos, poderia ir para o semiaberto após, no
mínimo, quatro anos de prisão.
O petista recorreu ao STJ (Superior
Tribunal de Justiça). Também tem dois habeas corpus pendentes no STF,
mas não há prazo para esses três julgamentos. Em 10 de abril, serão
julgadas as ações que discutem a prisão em segunda instância e podem
beneficiá-lo.
Após as eleições, foram criados uma comissão executiva de 29 membros e
um secretariado de sete pessoas para colocar de pé as iniciativas. No
grupo, que se reúne ao menos mensalmente, estão integrantes do MST,
MTST, CUT, UNE, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, além de
dirigentes do PT, PSOL, PC do B e PCO.
Notícias ao Minuto
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