Senador protocola pedido de CPI dos Tribunais Superiores para investigar ministros do Supremo Tribunal Federal

O senador Alessandro Vieira (PPS-SE) protocolou, na manhã desta terça-feira (19), o requerimento para instaurar a CPI dos Tribunais Superiores com objetivo de investigar, entre outros temas, a atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal ( STF ). O documento contém a assinatura de 29 senadores.
O
líder da oposição, Randolfe Rodrigues (REDE-AP), vai pedir que o
presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), instaure a comissão na
sessão de hoje. Alcolumbre tem dito que não vai abrir a CPI. É a segunda
vez que o requerimento é protocolado. Da primeira vez, em fevereiro,
havia 27 assinaturas, o número mínimo, e três foram retiradas depois,
inviabilizando o pedido.
A
apresentação do requerimento ocorre após uma semana em que duas
decisões do Supremo causaram fortes reações entre políticos: a abertura
de um inquérito para apurar ataques à Corte e a manutenção na Justiça
Eleitoral da investigação de crimes ligados ao caixa dois.
Para
Alessandro Vieira, a instauração de um inquérito no STF para apurar
ofensas à Corte e seus integrantes é uma “ameaça” ao Senado. Na semana
passada, o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, anunciou o
início da investigação e designou como relator o ministro Alexandre de
Moraes – não houve sorteio para a função, como de praxe.
A
crescente tensão entre os Poderes levou o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, a organizar um almoço no sábado com os chefes de Executivo,
Legislativo e Judiciário. Na segunda-feira, o presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que uma CPI sobre o Judiciário “não faria
bem ao Brasil”.
– A
pressão (sobre o Senado) vem acontecendo indistintamente. Temos uma
edição esdrúxula de um inquérito criminal no STF, que não tem base legal
e certamente os ministros sabem disso, com a formação que tem. Não
existe autorização para fazer o que estão fazendo. A gente faz uma
leitura de que aquilo é, sim, uma ameaça. Uma ameaça àqueles, seja na
rua ou no Parlamento, que estão tentando fazer cumprir o que está na
legislação: o direito de apurar qualquer fato - disse Alcolumbre.
Para o senador Randolfe Rodrigues, o inquérito aberto pelo STF “não tem razoabilidade”.
– É
um ato de exceção e uma reação para intimidar manifestações de senhores
e senhoras como esses daqui (senadores) e de membros do Ministério
Público que não concordam com a instauração de uma ditadura de toga –
disse Randolfe. – Quem está desafiando o equilíbrio dos poderes é o
presidente do Judiciário, quando diz que vai instaurar inquérito contra
aquele que divergir, sob o pomposo nome de fake news. Nem a ditadura
ousou tanto.
O requerimento cita 13 fatos passíveis de
investigação, como os habeas corpus concedidos pelo ministro Gilmar
Mendes ao empresário Jacob Barata Filho – o magistrado foi padrinho de
casamento da filha do empresário, preso pelos desdobramentos da
Lava-Jato no Rio – e o fato de Toffoli ter julgado ações do Banco
Mercantil, de quem contraiu um empréstimo supostamente com pagamento de
juros abaixo daqueles praticados no mercado. Também são elencados fatos
envolvendo ministros do Tribunal Superior do Trabalho e do Superior
Tribunal de Justiça.
Mesmo
com a disposição manifestada por Alcolumbre de enterrar a investigação,
Randolfe demonstrou confiança de que o presidente do Senado, de quem
foi um dos principais cabos eleitorais, vai rever a posição manifestada
em público.
– Não quero acreditar que o presidente Davi vai querer optar pelos ventos que não queriam conduzi-lo à presidência do Senado.
Na
segunda-feira, Vieira disse ter conversado com Davi Alcolumbre e
relatou que ele prometeu uma “análise técnica” do requerimento. No
sábado, Alcolumbre esteve com o presidente do STF, ministro Dias
Toffoli, em um almoço na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ).
Fonte: O Globo - Créditos: Natália Portinari, Amanda Almeida e Marco Grillo - Publicado por: Ivyna Souto
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