domingo, 10 de fevereiro de 2019

Carta de Palocci endereçada a presidente do PT

Palocci diz para Gleisi Hoffmann e petistas: “Vão continuar fingindo que Lula é honesto?”



Esta semana, o ex-presidente Lula foi condenado pela segunda vez na Operação Lava Jato. Desta vez, no caso do sítio de Atibaia. A soma de penas impostas ao petista nas duas condenações, incluindo a do triplex do Guarujá, somam 25 anos. Lula ainda é réu em outras cinco ações penais e suas condenações podem ultrapassar 100 anos.
Logo que optou por delatar os esquemas criminosos do ex-presidente Lula e de outros integrantes do PT, o ex-ministro Antonio Palocci divulgou uma carta endereçada à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, na qual questiona o cinismo dos ex-companheiros:
“Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do país' enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos a Dona Marisa?"
Desde então, Palocci vem se dedicando a enterrar a seita de fanáticos que insistem na narrativa de que Lula é um santo. Palocci tem autoridade para desmascarar petistas que ainda insistem em defender o indefensável. Como fundador do PT, auxiliar direto e administrador de negócios do ex-presidente Lula durante mais de 30 anos, Palocci é a única voz do partido que teve a coragem de demolir a farsa sustentada por Lula e seus subordinados. E é exatamente isso que Palocci faz em sua carta à Gleisi e ao partido. Acompanhe alguns trechos abaixo:
"De qualquer forma, quero adiantar que, sobre as informações prestadas  (compra do prédio para o Instituto Lula, doações da Odebrecht ao PT, ao Instituto e a Lula, reunião com Dilma e Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010, entre outros) são fatos absolutamente verdadeiros. São situações que presenciei, acompanhei ou coordenei, normalmente junto ou a pedido do ex-presidente Lula. Tenho certeza que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer no 'mensalão', quando, numa importante entrevista concedida na França, esclareceu que as eleições do Brasil eram todas realizadas sob a égide do caixa dois, e que era assim com todos os partidos. Naquela oportunidade ele parou por aí, mas hoje sabemos que é preciso avançar na abertura da caixa preta dos partidos e dos governos, para o bem do futuro do país.
Ressalto que minha principal motivação nesse momento é que toda a verdade seja dita, sobre todos os personagens envolvidos.
Sob o ponto de vista político, estou bastante tranquilo em relação a minha decisão. Falar a verdade é sempre o melhor caminho. E, neste caso, não posso deixar de registrar a evolução e o acúmulo de eventos de corrupção em nossos governos e, principalmente, a partir do segundo governo Lula.
Vocês sabem que procurei ajudar no projeto do PT e do presidente Lula em todos os momentos. Convivi com as dificuldades e os avanços. Sabia o quanto seria difícil passar por tantos desafios políticos sem qualquer desvio ético. Sei dos erros e ilegalidades que cometi e assumo minhas responsabilidades. Mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto Lula sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo. Com o pleno emprego conquistado, com a aprovação do governo a níveis recordes, com o advento da riqueza (e da maldição) do pré—sal, com a Copa do Mundo, com as Olimpíadas, '0 cara', nas palavras de Barack Obama, dissociou-se definitivamente do menino retirante para navegar no terreno pantanoso do sucesso sem crítica, do 'tudo pode', do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas detalhes, notas de rodapé no cenário entorpecido dos petrodólares que pagarão a tudo e a todos.
Alguém já disse que quando a luta pelo poder se sobrepõe a luta pelas ideias, a corrupção prevalece. Nada importava, nem mesmo o erro de eleger e reeleger um mau governo, que redobrou as apostas erradas, destruindo, uma a uma, cada conquista social e cada um dos avanços econômicos tão custosamente alcançados, sobrando poucas boas lembranças e desnudando toda uma rede de sustentação corrupta e alheia aos interesses do cidadão. Nós, que nascemos diferentes, que fizemos diferente, que sonhamos diferente, acabamos por legar ao país algo tão igual ao pior dos costumes políticos".
ANTONIO PALOCCI
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Fonte: www.imprensaviva.com

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