São Paulo tem em média 32 estupros por dia em 2018; maior número desde 2013
Chama atenção a quantidade de estupros, com um total de 11.950 boletins de ocorrência
A Secretaria da Segurança
Pública do Estado de São Paulo divulgou nesta quinta-feira, 24, os dados
relativos aos registros de crimes cometidos durante o ano de 2018. Nas
estatísticas, chama atenção a quantidade de estupros, com um total de
11.950 boletins de ocorrência, o equivalente a 32 casos por dia. Esse é o
maior volume constatado desde 2013. Por outro lado, a pasta celebra a
queda da maioria dos indicadores criminais, com destaque para uma nova
redução nos homicídios, que com 2.949 registros atingiu o menor patamar
da série histórica iniciada em 2001.
Os estupros no Estado tiveram alta de 7,76%. O dado computa
também estupros contra pessoas consideradas vulneráveis, que tiveram uma
alta ainda mais acentuada: 14,3%, com 8,6 mil casos. O crescimento do
volume de denúncias de estupro foi notado também na capital, onde o
total de estupros aumentou 1,7% e os crimes contra vulneráveis, 10,6%.
Um
patamar tão elevado desse tipo de crime não era visto em cinco anos. Em
2013, a quantidade chegou a 12 mil registros, mas caiu nos dois anos
seguintes. Desde 2016, entretanto, as autoridades policiais veem esse
crime se tornar cada vez mais recorrente.
O governador de São
Paulo, João Doria (PSDB), disse na semana passada que abrirá três novas
Delegacias da Mulher (DDMs) até o fim de fevereiro. Segundo o tucano,
todas elas funcionarão 24 horas. O anúncio ocorreu dias depois de o
próprio governador ter vetado um projeto de lei que propunha o
funcionamento de todas as Delegacias da Mulher de forma ininterrupta.
Na
ocasião, o governo justificou a ação afirmando que o projeto,
apresentado pela Assembleia Legislativa, que previa a abertura por 24
horas de todas as delegacias da mulher, era inconstitucional porque
"implicava em geração de despesas" e legislava sobre algo de competência
do poder executivo.
No Estado, além do crime de estupro, somente
um outro indicador criminal teve alta: a lesão corporal seguida de
morte. Os casos passaram de 49 para 80, aumento de 63%, enquanto na
capital essa alta foi de três para 14 casos.
Na capital, além da
alta de estupro e lesão corporal seguida de morte, cresceram também os
furtos. No total, a cidade de São Paulo teve 553 crimes dessa natureza
por dia, somando 201,8 mil casos, alta de 4,22% em relação a 2017. No
Estado, os furtos tiveram queda de 2%, com 504 mil casos.
Latrocínio e roubos caem
As
estatísticas anuais trouxeram novamente uma queda de homicídios
dolosos. Os 2.949 casos registrados, com 3.105 vítimas, em 2018 formam o
menor patamar desde 2001, quando crimes dessa natureza somaram 12.475
casos. Os homicídios caíram de maneira consecutiva desde então, com
exceção de dois anos (2009 e 2012).
De acordo com a Secretaria da
Segurança, a taxa de homicídios do Estado está em 6,7 casos por 100 mil
habitantes. O Estado mostrou que a metodologia da pasta difere da que
foi utilizada pelo governo federal, em decreto, para embasar a liberação
da posse de arma de fogo. Bolsonaro usou o Atlas da Violência, que
mostra São Paulo, em 2016, com uma taxa superior a 10 por 100 mil
habitantes. Isso porque essa taxa leva em consideração outros crimes
como latrocínio, lesão corporal seguida de morte, além de mortes
decorrentes de oposição à intervenção policial.
Latrocínio
(-19,1%), roubo geral (-13,4%) e roubo de veículo (-14,1%) foram outros
crimes que tiveram queda na comparação entre 2017 e 2018.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo
em 9 de janeiro, o general João Camilo Pires de Campos, secretário da
Segurança, reforçou a intenção de cumprimento das promessas de Doria,
como instalação de novos batalhões da PM. "O Baep vai ser algo que vamos
colocar nos vários comandos de policiamento do interior, da capital,
como elementos de emprego imediato. Isso vai ocorrer. Há um adiantado
estudo na Polícia Militar."
Questionado sobre o déficit nos postos
das polícias estaduais, o general disse que tentará recomposição. "O
déficit de efetivo é considerável e a orientação do nosso governador é
para que numa diagonal de recomposição a gente venha retomando isso,
observando os tetos orçamentários, mas realizando um grande esforço. A
população precisa se sentir protegida. É o que nós vamos buscar."
A
reportagem questionou a secretaria nesta quinta sobre os dados, que
foram divulgados no site oficial da pasta à tarde, mas até o momento da
publicação desta reportagem não houve posicionamento.
Letalidade policial tem queda após ano recorde
Após matar, ao longo de 2017, 940 pessoas supostamente ligadas a
crimes, patamar recorde da série histórica, as polícias de São Paulo
reduziram a letalidade da suas ações em 2018. No ano passado, foram 851
mortes, duas por dia, queda de 9,4%. A maior parte das mortes
aconteceram com envolvimento de policiais militares (96% dos casos),
sendo que prioritariamente esses agentes estavam em serviço (75%) quando
as ações resultaram em letalidade.
Notícias ao Minuto
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