Mulher leva tiro na cabeça e escreve nome do marido com sangue em maca para o denunciar
Segundo a Polícia Civil, Evaldo Silva foi preso em flagrante após atirar em Elaine Maria de Santana dentro da residência do casal, em Carpina, na Zona da Mata Norte de Pernambuco.
Um
homem foi preso em flagrante por atirar na cabeça da mulher, dentro de
casa, em Carpina, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Segundo a Polícia
Civil, a vítima ficou gravemente ferida, mas conseguiu denunciar o
marido. “No hospital, desesperada, ela tirou o sangue da cabeça e
escreveu o nome dele na maca”, afirmou a delegada Bárbara Fort.
Ainda
segundo a polícia, o segurança Evaldo de Andrade Silva atirou em Elaine
Maria de Santana na quarta-feira (23). Em seguida, ele pediu ajuda aos
vizinhos e levou a mulher para um hospital da cidade.
Por
causa da gravidade dos ferimentos, Elaine foi transferida para o
Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife. Na unidade de
saúde, ela passou por neurocirurgia nesta quinta (24) e tem quadro de
saúde considerado estável.
Durante
entrevista coletiva, na manhã desta quarta-feira (24), no Recife, a
delegada Bárbara Fort explicou como a polícia chegou até o autor da
tentativa de feminicídio. Segundo ela, Elaine, mesmo debilitada e sem
condições de falar, usou gestos para se comunicar com a polícia.
“A
gente perguntou se o responsável pelo tiro era o companheiro e ela fez
gesto positivo. Também questionamos se o tiro teria sido disparado de
forma acidental e ela negou, também com gestos”, disse a delegada.
A
captura ocorreu logo após o crime, quando Evaldo voltou para a
residência do casal para levar os filhos de Elaine, que ela teve em um
relacionamento anterior.
A polícia informou que também prendeu Davi Israel Pereira da Silva, um vizinho de Evaldo que guardou a arma usada no crime.
“Prendemos
Evaldo e Davi em um carro preto, quando eles se preparavam para a fuga.
No veículo, também estavam duas crianças [filhos de Elaine]”, informou o
major Fábio Batista, do 2º Batalhão da PM, que participou da prisão.
Evaldo e Davi foram levados para uma audiência de custódia. O G1entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para saber o resultado da audiência e aguarda a resposta.
Vítima do disparo foi levada para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, na área central do Recife — Foto: Marina Meireles/G1 |
Versões
A
polícia informou que depois de atirar na cabeça da mulher, Evaldo
apresentou uma série de versões para o fato. Essas informações foram
repassadas para os vizinhos, para os atendentes no hospital e até a para
a polícia.
Primeiro,
o segurança disse aos vizinhos que Elaine havia levado uma queda. Em
seguida, desmentiu a primeira versão, e falou em tiro acidental.
“No
hospital, ele voltou a falar que ela tinha caído. Quando foi informado a
ele que havia marca de disparo de arma de fogo, Evaldo disse que era
uma tentativa de suicídio. Ele também falou que havia ocorrido uma briga
corporal e que não sabia quem tinha atirado”, observou Bárbara Fort.
Para
a delegada, Evaldo é um homem frio e que não demonstra remorsos pelo
crime. “Quando conversamos, ele disse que ela tinha ciúmes e que ele
pegou a arma para ameaçá-la e amedrontá-la”, afirmou.
A
polícia informou ter ideia de como ocorreu o disparo. “Sabemos que o
tiro foi dado de cima para baixo. Como os dois têm uma altura
compatível, acreditamos que ela foi baleada quando estava de joelhos ou
sentada”, explicou a delegada.
A
Bárbara Fort afirmou que os vizinhos relataram que o casal tinha um
relacionamento conturbado. “Eles relataram gritos na casa”, comentou. No
entanto, não havia, segundo a polícia, registro de queixas de violência
física na delegacia da cidade.
“Existe
uma denúncia de agressão feita quando Elaine tinha outro
relacionamento, mas com Evaldo não há notificação”, acrescentou.
Feminicídios
De
acordo com dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), entre janeiro e
dezembro de 2018, Pernambuco registrou 75 feminicídios. Os casos são
contabilizados quando a mulher é vítima por causa da condição de gênero.
No ano passado, houve uma ocorrência a mais do que no mesmo período de
2017.
Jornal do País
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