Vale tem R$ 6 bilhões bloqueados em duas decisões da Justiça de Minas Ferais
Pedidos foram feitos pelo Ministério Público de Minas e pelo governo do Estado
© Nacho Doce / Reuters
A Justiça de Minas Gerais
acatou pedido do Ministério Público do estado e determinou o bloqueio de
R$ 5 bilhões da Vale. O valor seria utilizado para garantir a adoção de
medidas emergenciais e a reparação de danos ambientais decorrentes do
rompimento da barragem da empresa em Brumadinho.
Mais cedo neste sábado, a Justiça tinha acatado outro pedido,
este da Advocacia-Geral de Minas Gerais, para o bloqueio de R$ 1 bilhão.
Além
disso, o Ibama anunciou a aplicação de multa de R$ 250 milhões à
mineradora por danos ambientais, informação confirmada pelo ministro do
Meio Ambiente Ricardo Salles.
A decisão da Justiça de Minas Gerais
impõe ainda que a empresa adote imediatamente medidas para garantir a
estabilidade da barragem 6 do Complexo Mina do Feijão. Relatórios devem
ser enviados a cada seis horas à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (Semad), Defesa Civil estadual e dos
municípios, e ao Corpo de Bombeiros.
A Promotoria destaca ainda o
risco de rompimento desta barragem. As Forças Integradas de Segurança
que trabalham em Brumadinho, no entanto, disseram que esse risco foi um
alarme falso.
Os funcionários da Vale realizam um bombeamento para drenagem desta barragem.
A TRAGÉDIA
Uma
barragem da mineradora Vale se rompeu e ao menos uma outra transbordou
nesta sexta-feira (25) em Brumadinho, cidade da Grande Belo Horizonte,
liberando cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério
de ferro no rio Paraopeba, que passa pela região.
Segundo números
divulgados pelas forças de segurança de Minas Gerais, até as 15h10 deste
sábado (26) haviam sido encontrados 11 corpos, um deles identificado
como o de Marcelle Porto Cangussu, médica da empresa.
De um total
de 345 desaparecidos, 46 foram resgatados e encaminhados para unidades
de saúde e outros 299 ainda não foram localizados. O número, no entanto,
pode ser maior: na manhã deste sábado (26), a Vale divulgou uma lista
com os nomes de mais de 400 funcionários com quem ainda não teve
contato.
Os
trabalhos de resgate permanecem, dificultados pela ausência de energia
elétrica e sinal de telefonia e internet em alguns locais.
Os rejeitos atingiram a zona rural de Brumadinho, incluindo
uma área administrativa e um refeitório da empresa, uma área residencial
e uma pousada, que ficaram soterrados.
A barragem 1, que se
rompeu, é uma estrutura de porte médio para a contenção de rejeitos e
estava desativada. Seu risco era avaliado como baixo, mas o dano
potencial em caso de acidente era alto.
Uma outra barragem, a de
número 6, agora está sendo monitorada a cada uma hora pela Vale, junto
com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. Bombas estão sendo usadas
para fazer a sua drenagem e reduzir a quantidade de água, evitando novos
problemas.
Pelos números 0800 285 7000 (Alô Ferrovia -
prioritário) e 0800 821 5000 (Ouvidoria da Vale), a mineradora está
recebendo informações sobre sobreviventes encontrados e desaparecidos,
além de solicitações de apoio emergencial (abrigo, água, cesta básica,
roupa, medicamento, transporte etc.).
Os contatos também servem
para o cadastro de interessados em prestar apoio aos atingidos pelo
rompimento da barragem. Para doações, o endereço indicado é o do Centro
Comunitário Córrego do Feijão (Estr. para Casa Branca, Brumadinho - MG,
35460-000).
Alimentos não perecíveis, água e materiais de limpeza
podem ser doados nos seguintes locais: 18º Batalhão da PM de Contagem,
2º Batalhão de Bombeiros de Contagem, 66º Batalhão da PM de Betim e 5º
Batalhão da PM da Gameleira, em Belo Horizonte. Já doações de materiais
de socorro não são mais necessárias, segundo os bombeiros.
O
Disque 100, do governo federal, também abriu um canal especial para que
os atingidos pela tragédia possam solicitar ajuda na busca de
desaparecidos ou denunciar violação de direitos. As demandas são
encaminhadas aos órgãos competentes, principalmente nas situações de
socorro.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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