segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Coaf: caso das movimentações financeiras suspeitas

Ministério Público pode fazer denúncia sem ouvir Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, diz Procuradoria Geral do Rio de Janeiro


O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, disse nesta segunda-feira (14) que o Ministério Público (MP-RJ) não precisa ouvir os depoimentos do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz para apresentar uma denúncia no caso das movimentações financeiras suspeitas identificadas pelo Coaf.
Segundo Gussem, que foi reconduzido ao cargo nesta segunda, a investigação é baseada em “provas documentais consistentes” e os depoimentos seriam para apresentar versões das defesas dos acusados.
“O depoimento vai apresentar a versão deles dos fatos. A ausência não atrapalha. O Ministério Público pode chegar à conclusão de que tem indícios suficientes para ajuizar ação penal e eles posteriormente podem se pronunciar”, disse Gussem.
O procurador-geral ressaltou ainda que o relatório do Coaf deu origem a 22 procedimentos de investigação que estão tramitando atualmente envolvendo vários parlamentares.
Segundo Gussem, quatro já se apresentaram espontaneamente: Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), André Ceciliano (PT), Tio Carlos (SDD) e Paulo Ramos (PDT).
Na quinta passada (10), o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro era aguardado no MP, mas não compareceu para depor.
Em publicação nas redes sociais, o senador eleito afirma que foi notificado apenas na segunda-feira (7) e que tem todo o interesse em esclarecer o caso, apesar de não ser investigado por qualquer crime. Como portador de foro privilegiado, ele pode escolher data, horário e local.
“Como não sou investigado, ainda não tive acesso aos autos, já que fui notificado do convite do MP/RJ apenas no dia 7/Jan, às 12:19. No intuito de melhor ajudar a esclarecer os fatos, pedi agora uma cópia do mesmo para que eu tome ciência de seu inteiro teor”, diz o comunicado.
“Ato contínuo, comprometo-me a agendar dia e horário para apresentar os esclarecimentos, devidamente fundamentados, ao MP/RJ para que não restem dúvidas sobre minha conduta. Reafirmo que não posso ser responsabilizado por atos de terceiros, como parte da grande mídia tenta, a todo custo, induzir a opinião pública.”
Queiroz também foi convocado duas vezes, mas não compareceu, alegando motivos de saúde – o ex-assessor está internado no Hospital Albert Einstein e enviou documentação médica para o MP. Seus parentes também não compareceram a depoimentos para os quais foram convocados, alegando que o acompanhavam no hospital.
Vídeo antes da cirurgia
Um vídeo que viralizou nas redes sociais neste sábado (12) mostra Queiroz dançando no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, enquanto toma soro.
Segundo informações do advogado Paulo Klein, “os familiares de Fabrício Queiroz gravaram o vídeo de alguns segundos, no raro momento de descontração na visita deles no Albert Einstein, pois ele passaria por séria cirurgia nas horas seguintes, inclusive com risco de morte”.
No fim da tarde do sábado, Queiroz gravou um vídeo em que se diz “revoltado” com a divulgação das imagens.
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro afirmou que comemorava o réveillon com a família quando as imagens foram gravadas.
“Estão dizendo que esse vídeo eu estava comemorando o não comparecimento meu ao Ministério Público. É muita maldade. É muita maldade.”
Ele disse que ainda está no pós-operatório e em tratamento médico.
“Eu fui submetido a uma cirurgia no dia 1º. Graças a Deus o tumor foi eliminado. Tão logo acabe tudo isso eu estarei pronto para esclarecer qualquer dúvida ao Ministério Público.”
Caso Coaf
Relatório do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) apontou operações bancárias atípicas de R$ 1,2 milhão na conta do ex-motorista e ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro.
O documento revelou também movimentação de outros 74 servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A investigação faz parte da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro que prendeu dez deputados estaduais.
Queiroz recebia da Alerj um salário de R$ 8.517 e acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar. Ele foi exonerado do gabinete do deputado Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro.
G1

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