A lama: de Brumadinho, em Minas Gerais, a Brasília - Por Heron Cid
Funcionários limpam a sujeira do espelho d'água da frente do Congresso Nacional - Foto: Ailton de Freitas / O Globo |
O
ano é novo (ainda dá pra dizer), mas a cena é velha. Aliás, o Brasil
deve ser o metro quadrado no mundo onde as histórias mais se repetem.
Não
fosse trágico, o novo ‘desastre’ na Vale seria uma piada. De mau gosto,
claro, pela irremediável consequência mortífera para homens, animais e
natureza.
Mas esse costume, tipicamente brasileiro, não é fato pontual.
Somos pródigos na matéria de não aprender e nem muito menos evitar novos erros.
Exemplo:
enquanto o Brasil fitava olhos vidrados no noticiário por ocasião do
escandaloso Mensalão, as autoridades, sociedade e órgãos de controle
externo eram incapazes de prevenir há tempo um desastroso Petrolão.
Brumadinho é mais ou menos isso.
Mariana
e suas histórias de dor, sofrimento e desequilíbrio ficaram para trás. A
comoção popular e as providências de praxe só duram o tempo da
anestesia. Sempre estamos prontos para mais um abalo, quase nunca para
identificar os riscos e barrar a concretização.
Na maioria, órgãos
de fiscalização apenas cumprem protocolos. Quando cumprem. Relatórios
são ignorados e arquivados até a próxima hecatombe.
Lá estão os
mesmos pedidos de desculpas, indenizações e multas que, na prática, nada
reparam e nem muito menos restauram vidas arrasadas. Dos que vão e dos
que ficam.
Ou, no mundo político, as mesmas teses conspiratórias, o
jogo do poder, a transferência de responsabilidade e o cinismo em
discursos inflamados para plateias bovinas.
Tragicamente, a lama
ganhou espaço representativo em nossa quadra histórica. No meio
ambiente e na política. Em suas duas formas, ela nunca matou tanto.
Gente e esperança.
MaisPB - Por Heron Cid
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