O FIM TRISTE DE LULA, CONSIDERADO 'O CARA' POR BARACK OBAMA
O filósofo Michel de Montaigne
escreveu, invocando Sêneca, que a natureza criou um só meio de entrar na
vida, mas cem de sair dela. Algo semelhante se aplica ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. O petista que, em 2009, no auge da forma e da
popularidade, foi considerado “o cara” pelo ex-presidente dos EUA
Barack Obama, poderia ter escolhido diversas maneiras de se despedir da
vida pública. Preferiu a pior delas – debaixo da pecha de corrupto.
Em uma decisiva quarta-feira, por 3×0, os três desembargadores do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região, João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor
Laus, numa sentença de impecável rigor técnico, não só confirmaram como
agravaram a pena imposta a Lula por Sergio Moro, de nove anos e seis
meses para doze anos e um mês de prisão.
Ante uma improvável guinada
processual como o PT queria, sua prisão logo ocorreu. Foi quando findou o
prazo para o exame do derradeiro recurso à disposição da defesa de Lula. A Justiça Eleitoral não se dobrou às indecentes pressões do
PT, que pretendia imprimir o nome de Lula na
cédula eleitoral, desejo mais acalentado por ele.

Nos termos da letra fria da lei,
tão logo transitado em julgado o processo em segunda instância, Lula
tornou-se um cidadão incapaz de homologar sua candidatura, por qualquer
que fosse a legenda que ousasse abrigá-lo. Portanto, Lula ficou inelegível a poucos
meses de ter seu mandado de prisão expedido, e assim caminhou célere rumo ao
trágico desfecho de sua trajetória política.
Um vaticínio se
cumpriu: aquele cara, “o cara”, acabou. Virou um cadáver político
insepulto. Poderia ter sido diferente, mas como dizia Ulysses Guimarães:
“o mal de Lula é que ele gosta de viver de obséquios”. Lula, de fato,
viveu de obséquios, atraído pelo aconchego e atalhos fáceis do poder. E
para alcançar e se manter no poder, Lula mandou às favas todos os
escrúpulos que um dia jurou ter. O tríplex no Guarujá, motivo de sua
condenação, foi uma das facilidades das quais ele não abriu mão, mesmo
após ter deixado o Planalto. Deu no que deu.

Dia “D” da prisão
Um dos sintomas de que a prisão
do petista estava mesmo próxima foram as movimentações na Polícia Federal. Dentro da corporação, agentes se
prepararam para o dia “D”. Havia preocupações de como iriam agir. A ordem era para que tudo fosse conduzido da maneira mais sóbria possível. Por
exemplo, o uso de camburão estava totalmente descartado, para não gerar
imagens que pudessem servir de combustível para a estratégia de
vitimização do PT. A partir do momento em que o juiz determinou a
execução da pena, a PF procurou os advogados do ex-presidente para
acertar data e hora da apresentação no local da detenção. A expectativa era de que houvesse sensibilidade para o acordo. A ideia era não arriscar a
integridade física dos envolvidos naquilo que já estava sendo chamado
internamente na PF de “A Operação”.
Ante ao público, o petista tentava exibir entusiasmo. Esforçava-se para não fraquejar frente à militância
que ainda lhe restava. Amigos mais íntimos, no entanto, reconheceram que o
ex-presidente havia “baqueado” com a acachapante derrota no TRF-4. Tanto que
Lula nem acompanhou o julgamento até a batida derradeira do martelo.
Acomodado numa salinha do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do
Campo, levantou-se logo depois do segundo voto, de Leandro Paulsen.
Minutos antes, nutrido de arroz, feijão e carne de panela, revelou
aborrecimento ao ouvir a explosão de fogos de artifício, numa prévia da
comemoração da derrota que àquela altura se avizinhava.
Fonte: César Weis - (IstoÉ)
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