Brasileiros e 'espírito de Zico' são apostas de time japonês no Mundial de Clubes
Ex-craque de Flamengo e seleção brasileira diz que já está tudo encaminhado com o Kashima Antlers para estender seu contrato para a próxima temporada

© Reuters
Maior vencedor do Campeonato
Japonês com oito títulos, o Kashima Antlers, que estreia sábado (15) no
Mundial de Clubes da Fifa contra o Chivas (MEX), vivia situação difícil
no primeiro semestre deste ano, mais próximo da zona de rebaixamento do
que da disputa pelo título.
A solução para se reerguer foi se apoiar na filosofia que
transformou o clube em potência local nesses 26 anos de futebol
profissional no país. Uma trajetória que começou em 1991 com a
contratação de Zico, ídolo máximo e principal responsável por
popularizar o esporte no Japão.
O "Espírito de Zico" é uma espécie
de mantra que rege o clube. Há inclusive uma bandeira que os torcedores
estendem com orgulho, presente em todas partidas do time, que estampa a
frase e o rosto do brasileiro.
Mas não bastou só repetir a ideia
da boca para fora. A diretoria entendeu que era preciso retomar esse
conceito com a presença do próprio Zico, que retornou ao Kashima após 16
anos para trabalhar como diretor técnico do clube.
A equipe
nipônica reagiu e saltou do 12º lugar para o 3º no campeonato japonês. A
recuperação do time na temporada não parou por aí. Pela primeira vez em
sua história, o Kashima Antlers conquistou a Champions League da Ásia.
"Eles
perguntaram se eu podia tentar vir em agosto. Era um risco, pois a
situação não estava boa, mas por tudo aquilo que consegui aqui, todo o
relacionamento que eu tenho com eles, não podia dizer não em um momento
difícil", conta Zico à reportagem.
O ex-craque de Flamengo e
seleção brasileira disse que já está tudo apalavrado com a diretoria da
equipe para estender seu contrato para a próxima temporada. "Só falta
colocar no papel e assinar", afirma o Galinho, cujo vínculo vai até o
final de 2018.
"O Kashima é um time que tem que lutar por
conquistas. Então, essa filosofia, de estar sempre brigando pelo
primeiro lugar, o que eles chamam de 'Espírito de Zico', é em função
disso. Não é à toa que o Kashima é o time com mais títulos e números de
vitórias no Japão", diz sobre o que considera ter sido seu maior legado
no futebol japonês.
O pioneirismo do ídolo flamenguista abriu as
portas do Japão para uma legião de brasileiros. Passaram pelo Kashima
Antlers, por exemplo, nomes como Alcindo e Leonardo, na década de 1990, e
Bebeto e Danilo (ex-Corinthians), nos anos 2000.
No título da
Champions League conquistado em novembro, o futebol brasileiro deu mais
uma valiosa contribuição ao Kashima. No jogo de ida da decisão contra o
Persepolis, do Irã, os japoneses venceram por 2 a 0, com gols de Leo
Silva e Serginho. Na partida de volta, o empate em 0 a 0 garantiu a
taça.
Serginho, inclusive, foi uma indicação de Zico quando o
diretor ainda estava negociando sua volta ao Japão. Emprestado pelo
Santos ao América-MG, o meia de 24 anos fez bom primeiro semestre com o
time de Belo Horizonte, marcando seis gols em 14 jogos entre Campeonato
Brasileiro e Copa do Brasil.
Com a camisa do Kashima, marcou cinco
vezes em seis partidas da Champions asiática. Só passou em branco no
empate sem gols do jogo de volta da decisão.
"Desde
quando cheguei, fui tratado da melhor forma possível. Quando você
trabalha com um cara como o Zico, você aprende a cada dia. Ele sempre
tenta nos ajudar dentro de campo. E ele não ajuda só o brasileiro. Ele
ajuda muito o japonês", conta Serginho.
Além do meia e de Leo
Silva, o clube também conta com o atacante Leandro, ex-Palmeiras e
Grêmio, e o fisioterapeuta Rodrigo Salvitti.
A estreia do Kashima
no Mundial, disputado nos Emirados Árabes Unidos, será no próximo
sábado, às 11h, contra o Chivas, campeão da Concacaf, pelas quartas de
final.
Esta será a segunda participação do time japonês na
competição. O debute foi na edição de 2016, quando perdeu a final por 4 a
2 para o Real Madrid, seu adversário caso passe dos mexicanos.
Na
ocasião, deu um sufoco na equipe de Cristiano Ronaldo e companhia. O
jogo no tempo normal terminou empatado em 2 a 2 e só foi decidido na
prorrogação. A partida ainda teve polêmica na arbitragem com a não
expulsão do zagueiro e capitão madrileno Sergio Ramos.
Na possível
revanche deste ano, os japoneses encontrarão os espanhóis em um de seus
piores momentos nos últimos anos. Sem Cristiano Ronaldo, que foi para a
Juventus (ITA), e o técnico Zidane, que deixou a equipe no primeiro
semestre, o Real ainda não se acertou.
Para
piorar a situação, vem de derrota em casa para o CSKA (RUS) por 3 a 0
pela última rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.
No entanto, o Kashima chega ao Mundial com desfalques importantes. O
meio-campista brasileiro Leo Santos, com um estiramento na coxa, é
dúvida. Já Kento Misao, meio-campo da seleção japonesa, e o atacante
Yuma Susuki, escolhido como melhor jogador da competição continental
vencida pelo clube, estão fora por lesão.
Esporte ao Minuto com informações da Folhapress
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