Se relatos se confirmarem, caso João de Deus será maior escândalo sexual do país, diz promotor
As
denúncias contra o médium conhecido mundialmente como João de Deus
aumentam a cada dia, e na avaliação de um dos promotores do Ministério
Público do Estado de Goiás, que está à frente do caso, se os relatos
forem confirmados será o maior escândalo sexual da história do país.
“Caso
os relatos se confirmem, eu não tenho dúvidas de que esse seria o maior
escândalo que já se teve notícia no Brasil… tenho absoluta certeza”,
disse o promotor Luciano Meireles à Reuters nesta sexta-feira (14), por
telefone.
Segundo Meireles, mais de 30 mulheres já deram seus
depoimentos formalmente, mas o número de mensagens recebidas pelo MP de
Goiás, que criou um email para receber denúncias de abuso sexual pelo
médium, até o momento passa de 300.
João de Deus, que presta
atendimentos mediúnicos na Casa Dom Inácio de Loyola desde a década de
1970, está sendo acusado por dezenas de mulheres de assédio e abuso
sexual durante seus atendimentos.
Além de mulheres de diversos
Estados do Brasil, a força-tarefa já recebeu relatos provenientes de
Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Bélgica, Suíça e Bolívia contra o
médium de 76 anos, cujo nome verdadeiro é João Teixeira de Faria.
Como
o caso ocorre em segredo de Justiça, o teor das denúncias, do pedido de
prisão preventiva e números mais precisos não podem ser divulgados pelo
MP.
No entanto, o promotor afirmou que, com base nos depoimentos
exibidos no programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, na sexta-feira
passada (7), há três possíveis crimes: estupro, violação sexual mediante
fraude e estupro de vulnerável.
As penas podem chegar a até 10 anos, 6 anos e 15 anos, respectivamente.
Se
houver uma condenação, as penas poderão ser reduzidas em razão do prazo
de prescrição, que cai pela metade para pessoas acima de 70 anos, como é
o caso do médium, ponderou o promotor.
Na prática, isso significa
que denúncias ocorridas há um tempo que supera o de prescrição não
poderão ser usadas para uma condenação, o que não significa, porém, que
não sejam necessárias.
“Isso não quer dizer que o depoimento
dessas mulheres não seja importante. Servem para embasar os depoimentos
que não estão prescritos, serve como elemento de prova, não podem
ensejar uma condenação por um novo crime, mas reforçam os crimes
eventualmente existentes”, pontuou Meireles.
Nesta
sexta-feira, a Justiça acatou um pedido de prisão preventiva que havia
sido levado por promotores na quarta-feira ao fórum de Abadiânia,
pequena cidade de Goiás que abriga o centro espiritual de João de Deus, a
cerca de 90 quilômetros de Goiânia.
Forças de segurança cumprem o
pedido nesta tarde e até agora João de Deus não foi detido. A defesa do
médium disse que entrará com um habeas corpus contra a decisão, o que
não exclui a apresentação espontânea de João de Deus.
Na
quarta-feira, o médium passou rapidamente pela Casa Dom Inácio de
Loyola, onde atende brasileiros e estrangeiros –incluindo personalidades
do cinema, artistas e políticos– que buscam uma cura espiritual para
diversos problemas de saúde.
Fonte: Uol - Publicado por: Gerlane Neto
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