Médium João de Deus se entrega à polícia, neste domingo, e é preso por abusos sexuais
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
O médium João Teixeira de Faria, 76, conhecido como João de Deus, se entregou à polícia e foi preso neste domingo (16).
O
encontro dele com as autoridades ocorreu na encruzilhada de uma estrada
de terra no município de Abadiånia, às margens da BR 060.
A
negociação foi feita entre o advogado de João de Deus, Alberto Toron, e o
delegado geral da Polícia Civil. A polícia chegou em três carros. O
médium, que estava num sítio, chegou no veículo de um de seus advogados.
Minutos
antes de se entregar, ele chegou a passar mal. Trêmulo, pediu aos
defensores para tomar um remédio sublingual. João de Deus é cardíaco.
Ele
é suspeito de ter abusado sexualmente de mulheres durante os
atendimentos espirituais que realizava na cidade de Abadiânia (GO).
O
médium era considerado foragido pela força-tarefa que investiga o caso
desde as 14h de sábado (15) e estava em local desconhecido desde que o
pedido de prisão temporária, feito pelo Ministério Público de Goiás, foi
aceito pela Justiça na sexta (14). Seu nome foi encaminhado para a
lista de procurados da Interpol.
Para tentar cumprir o mandado,
policiais chegaram a procurá-lo em Goiás, Anápolis e Abadiânia, mas não
tiverem êxito. Mais de 20 locais foram vistoriados em busca do paradeiro
do suspeito.
A defesa de João havia dito que o médium iria
apresentar-se voluntariamente ainda na sexta, o que não aconteceu. Os
advogados que defendem João de Deus também afirmaram que a ordem de
prisão preventiva é ilegal e injusta e que iriam impetrar habeas corpus
contra a decisão judicial.
Segundo eles, “apenas alguns
depoimentos, de poucas vítimas, acompanham o pedido de prisão
preventiva, ainda assim, sem os seus nomes”.
No início da semana a
Promotoria chegou a criar uma força-tarefa para recolher as inúmeras
denúncias de abusos sexuais contra o médium. Os casos começaram a
tornar-se público após 13 mulheres relatarem as denúncias no sábado (8)
durante o programa Conversa com Bial, da TV Globo, e ao jornal O Globo.
Na
segunda (10), Aline Saleh, 29 contou sua história à Folha: “Quem tem de
sentir vergonha é ele, e não eu”. Ela diz que, em 2013, esteve na casa e
que foi levada para um banheiro, posta de costas e que João de Deus
colocou a mão dela em seu pênis.
Segundo a Promotoria, 335
contatos já foram recebidos, com mensagens principalmente por email,
incluindo também outros seis países (Alemanha, Austrália, Bélgica,
Bolívia, Estados Unidos e Suíça).Também foram colhidos os depoimentos de
30 pessoas nos Ministérios Públicos de São Paulo, Minas Gerais, Rio
Grande do Sul, Distrito Federal e Espírito Santo.
Em comum, a
maioria das mulheres diz que recebeu um aviso de procurar o médium em
seu escritório ao fim das sessões em que ele atende aos fiéis.
No
local, segundo as vítimas, João de Deus dizia que elas precisavam de uma
“limpeza espiritual” antes de abusá-las sexualmente. Entre as vítimas
estariam mulheres adultas, crianças e adolescentes.
O promotor
Luciano Miranda Meireles afirmou que os depoimentos podem ser a úncia
forma de comprovar as acusações, já que crimes como estupro não ocorrem à
luz do dia nem têm testemunhas.
Folha de São Paulo
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