Cade vai investigar suposto abuso da Petrobras no mercado de trabalho de refino de petróleo
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Centro de Distribuição da Petrobras no SIA, Terminal Terrestre de Brasília, onde se armazena e distribui produtos da companhia para os postos de combustíveis do Distrito Federal |
O
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou hoje (5) a
instauração de um inquérito administrativo contra a Petrobras para
apurar suposto abuso de posição dominante no mercado nacional de refino
de petróleo, explorado quase integralmente pela estatal.
De acordo
com o Cade a determinação para abrir a investigação tem como base uma
nota técnica elaborada pelo Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do
Cade, no âmbito de grupo de trabalho instituído com a Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O estudo buscou
debater a estrutura do mercado de refinaria no Brasil e possíveis
medidas para estimular a competição no setor.
O estudo foi
elaborado pouco depois de a Petrobras ter anunciado a possibilidade de
vender 60% da participação em refinarias localizadas nas regiões Sul e
Nordeste. A operação, inicialmente focada em duas refinarias, resultaria
em duas novas empresas e a estatal teria participação minoritária de
40% em cada uma delas.
De acordo com o estudo elaborado pelo Cade,
a proposta de venda parcial desses ativos não cria concorrentes
plenamente independentes, ainda que a participação da estatal nas novas
empresas seja apenas passiva (sem poder de controle). “Se a intenção na
venda dos referidos ativos é a criação de um ambiente concorrencial
vigoroso, entende-se ser oportuna a sugestão de que se faça uma venda de
ativos por completo”, diz a nota técnica.
A nota sugere que e
Petrobras deve levar em consideração a localização dos bens a serem
vendidos, incluindo no pacote refinarias mais próximas das concorrentes,
em especial na Região Sudeste. A medida, de acordo com a nota,
reduziria os custos de distribuição e ampliaria a competitividade no
setor. “[Com essa medida] seria possível melhorar o design de ativos
desinvestidos, com o foco no bem-estar social em termos concorrenciais”,
diz a nota.
Para o presidente do Cade, Alexandre Barreto, a
Petrobras, que detém 98% de participação nesse mercado, é uma formadora
de preço e influencia uma das cadeias mais relevantes do país. “Compete
ao Cade fazer um controle preventivo exatamente para evitar que os
agentes do mercado abusem do poder que eventualmente eles detenham. No
mesmo sentido, no âmbito repressivo, é válido também uma reflexão sobre
as estruturas dos mercados, especialmente se, nos casos extremos, e
condicionado à ocorrência de ilícito, seja socialmente desejável uma
intervenção estrutural da autoridade concorrencial”, disse o presidente.
Agência Brasil
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