Após seis anos de morte de Ronaldo Cunha Lima, Folha de S. Paulo ‘revive’ história com Burity para relativizar Pezão
Após
a prisão preventiva do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando
Pezão (MDB), a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem onde cita
outros casos de governadores que foram presos durante o mandato. Entre
os citados, o caso de Ronaldo Cunha Lima (PSDB) e Tarcísio Burity (à época PFL,
hoje DEM) foi relembrado.
Ronaldo
Cunha Lima, diferente dos outros casos citados na reportagem da Folha,
foi preso em 1993, não por crime de corrupção e sim, por atirar no
ex-governador Burity. Governador à época, o crime de Ronaldo foi
motivado pelas críticas de Burity a seu filho Cássio Cunha Lima, que
hoje é senador e naquela data era superintendente da Sudene
(Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
Burity
resistiu ao atentado, morrendo apenas dez anos depois. Ronaldo Cunha
Lima faleceu em 2012 sem responder pelo crime contra Tarcísio Burity,
pois renunciou ao cargo de deputado às vésperas do julgamento,
retardando o processo.
Leia a reportagem completa na íntegra:
Antes
de Luiz Fernando Pezão (MDB), governador do Rio preso preventivamente
na manhã da última quinta-feira (29/10), outros três governadores já haviam sido
presos durante o mandato.
O caso mais
emblemático é o de José Roberto Arruda (à época no DEM), preso em 2010
quando era governador do Distrito Federal. Afastado do mandato pela
Justiça, ele ficou preso de fevereiro a abril na carceragem da Polícia
Federal.
Arruda foi preso acusado de
tentar subornar um jornalista para mentir e, assim, atrapalhar uma
investigação sobre o mensalão do DEM, esquema de compra de apoio na
Câmara Legislativa do Distrito Federal.
![]() |
Luiz Fernando Pezão (MDB), governador do Rio, ao chegar à carceragem da Polícia Federal – |
A
prisão preventiva, mesmo no caso de governadores, é decretada pela
Justiça quando há indícios de que o acusado continua praticando
crimes ou de que esteja obstruindo a investigação, por meio de ameaças a
testemunhas ou destruição de provas. Também é usada para evitar fugas.
Os
governadores têm prerrogativa de foro junto ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ), órgão que precisa autorizar as prisões preventivas.
No
caso de Pezão, a Procuradoria-Geral da República afirma que, solto, o
governador “poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores,
além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática
criminosa”.
Segundo a Polícia
Federal, Pezão ainda mantinha até julho passado contato direto com
operadores do suposto esquema de desvios comandado pelo ex-governador
Sérgio Cabral (MDB). Há indícios de que o esquema vigorava até os dias
atuais e que Pezão havia substituído Cabral, preso desde novembro de
2016, na liderança da suposta quadrilha.
No
caso de Arruda, seu mandato acabou sendo cassado ainda em 2010 pelo
Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal. Ele possui duas condenações a prisão
pelo esquema de corrupção: a 3 anos, 10 meses e 20 dias pelo crime de
falsidade ideológica e a 7 anos, 6 meses e 29 dias pelos crimes
de falsidade ideológica e corrupção de testemunha.
Ele ainda responde a 11 ações criminais que tramitam na 7ª Vara Criminal de Brasília.

Também
em 2010, o então governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), foi preso
temporariamente pela Polícia Federal na Operação Mãos Limpas. A acusação
era de desvio de verbas do estado e da União que seriam destinadas à
educação.
Dias foi solto dez dias depois, quando venceu o prazo da prisão temporária, e reassumiu o mandato de governador.
Antes
de Dias e Arruda, o então governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima
(PSDB), foi preso em 1993, mas não por crime de corrupção. Ele atirou
contra o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity, do antigo PFL (hoje
DEM), em um restaurante em João Pessoa.
O
governador não aceitou as críticas de Burity ao seu filho, o hoje
senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que à época era superintendente da
Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). Burity
sobreviveu ao atentado e morreu dez anos depois.
Ronaldo
Cunha Lima morreu em 2012 sem nunca ter sido julgado pela tentativa de
homicídio, pois renunciou ao cargo de deputado às vésperas do
julgamento, em 2007, perdendo o foro especial e protelando o caso.
Fonte: Polêmica Paraíba com Folha de S. Paulo - Créditos: Érika Soares com Carolina Linhares
Nenhum comentário:
Postar um comentário