Palocci diz que Lula renovou Medida Provisória por dinheiro para o filho Luis Claudio
Em
depoimento à Justiça Federal nesta quinta-feira (6), o ex-ministro da
Fazenda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Antonio Palocci,
afirmou que o ex-presidente renovou uma medida provisória em troca de
dinheiro para o filho Luís Claudio Lula da Silva.
A compra
de medidas provisórias é investigada na Operação Zelotes, deflagrada em
2015, que também apura irregularidades em decisões do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão vinculado ao Ministério
da Fazenda que julga processos das empresas envolvendo questões
tributárias.
Palocci disse que recebeu o filho do ex-presidente em seu escritório de consultoria entre o final de 2013 e o início de 2014.
Segundo
o ex-ministro, ele pediu apoio para fechar o orçamento de um evento que
organizaria em 2014. O valor pedido seria em torno de R$ 2 e R$ 3
milhões. “Tenho testemunhas, registro de telefonema dele, agendas”,
afirmou o ex-ministro.
Palocci
disse que sempre falava com Lula quando alguém o procurava com pedidos.
E que, neste caso, Lula disse que já estava resolvido porque já tinha
falado com Mauro Marcondes.
Mauro
Marcondes era dono da Marcondes e Mautoni que, segundo relatório da
Polícia Federal (PF), repassou R$ 2,5 milhões à LFT Marketing Esportivo,
empresa de Luís Claudio Lula da Silva, por uma consultoria. Ainda
segunda a PF, o conteúdo da consultoria foi copiado da internet. Esse
pagamento está sendo investigado na Operação Zelotes.
“Eu
fui falar com o ex-presidente Lula para ver se ele me autorizava a
fazer isso. Sempre que alguém pedia em nome do ex-presidente Lula eu
consultava o ex-presidente Lula. Aí que o presidente Lula me falou que
não precisa atender o Luís Claudio, porque eu já resolvi esse problema
com o Mauro Marcondes”, explicou Palocci. Marcondes chegou a ser preso,
em 2016, em uma das fases da Operação Zelotes.
“Aí
eu perguntei inclusive: Mas então porque ele me procurou? Ai o
ex-presidente disse: porque ele não sabe que eu fiz isso. Mas pode
esquecer que eu já resolvi o problema”, completou.
“Aí ele e me
contou que foi através da renovação da 471 [medida provisória], que foi
feita através de uma emenda parlamentar, na Câmara dos Deputados, que
renovou os benefícios da Caoa e da Mitsibushi a partir daquele ano. E
que ele tinha pedido uma contribuição, para que o Mauro Marcondes
pedisse uma contribuição às empresas, e essa contribuição seria
transferida ao filho dele”, concluiu Palocci durante depoimento à
Justiça Federal.
Operação Zelotes
Segundo a
denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Lula editou a medida
provisória para favorecer empresas do setor automotivo em troca de
recebimento de propina.
Ele é réu por corrupção passiva nesta ação
penal desde setembro de 2017. Também são réus o ex-ministro e chefe do
gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e outras cinco pessoas.
A defesa do ex-presidente afirmou que o petista jamais praticou qualquer ato ilícito e que é alvo de perseguição política.
G1
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