De ovos recheados de maconha à fraldas: a “criatividade” a serviço das drogas nos presídios
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Visitante tenta entrar no presídio com ovos recheados de maconha - (Foto: divulgação/sistema penitenciário) |
Nesta
última semana, uma mulher foi presa por tentar entrar com porções de
maconha escondidas dentro de ovos em na cadeia pública da cidade de
Sapé. Uma outra suspeita foi flagrada com maconha dentro do almoço, no
PB-1, também tentando levar a droga para um detento.
Na Paraíba,
já houve casos de apreensão de entorpecentes escondidos na sandália, na
fralda do bebê, nas partes íntimas, no feijão preto. A forma como
acontecem as tentativas de entrada varia, mas uma coisa é fato: drogas
são constantemente apreendidas pelos agentes penitenciários nas cadeias
paraibanas.
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Drogas localizadas dentro de frango no PB-1 |
Na
maior parte das situações, as mulheres realizam o serviço de entrada
das drogas. Costumam ser esposas dos presidiários, mãe, irmã. O
interesse quase nunca é pessoal. Segundo o secretário de Administração
Penitenciária, Sérgio Fonseca, em muitos casos as familiares são
ameaçadas e, obrigadas, se submetem à ação criminosa.
“Muitos
desses presos quando entram no sistema penitenciário já vêm com vícios e
querem entrar com droga de todo jeito, aí acabam pressionando para que
os familiares tragam”, explicou ao Portal MaisPB.
Aparelhos eletrônicos
Apesar
da frequente tentativa de entrada nas cadeias da Paraíba, as
substâncias tóxicas perdem para telefones móveis e seus acessórios, que
são muito mais enviados – e apreendidos nas unidades.
De acordo
com os dados da Gerência de Inteligência e Segurança Orgânica
Penitenciária (Gisop), em 2017 foram apreendidos 1661 celulares, além de
1.393 baterias e 887 chips.
Somados, os números de facas e outras
armas brancas no ano passado chegam a 251 apreensões. Quase 300
espetos, espécie de arma artesanal, também foram encontrados.
Atualmente,
a maior dificuldade tem sido apreender os drones que tentam burlar a
segurança das unidades prisionais. Segundo Fonseca, os equipamentos são
‘lançados’ durante a madrugada, o que dificulta a identificação e
apreensão. Em 2018, três destes veículos aéreos não tripulados foram
abatidos, mas muitos outros não foram confiscados.
“Os únicos que
capturamos foram os que abatemos, mas é muito difícil fazer um disparo
de precisão para abater o drone”, justifica.
Os drones são usados
quando a cadeia fica afastada da zona urbana, mas em casos onde a
comunidade tem acesso às proximidades da cadeia, costumam arremessar
materiais – o que facilita a identificação.
Excetuados os casos
dos drones e arremessos, as apreensões são feitas principalmente durante
o comum processo de revista. Na Paraíba, o secretário conta que
scanners são usados para impedir que materiais ilícitos cheguem até os
apenados no PB-1, a penitenciária de Cajazeiras, presídio do Róger,
Silvio Porto e Serrotão, que são as principais unidades.
Scanner

Em
alguns presídios, é usado o scanner de bagagem, como no aeroporto. O
scanner corporal, recurso existente em poucas cadeias do Brasil, mostra
todos os objetos que estão escondidos na roupa ou no corpo do visitante.
Quando
flagrado tentando entrar com droga, celular, ou qualquer outro objeto
proibido, o visitante é preso e encaminhado para a delegacia. Dependendo
do material, ele é autuada e permanece preso até a audiência de
custódia, que pode determinar a manutenção da prisão.
Em 2016,
4.424 tentativas foram registradas, número um pouco abaixo de 2017,
quando houve 4.627 casos. Apesar de solicitados, os números de 2018 não
foram divulgados pela Secretaria de Administração Penitenciária da
Paraíba.
Caroline Queiroz – MaisPB
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