Justiça Militar de São Paulo arquiva caso de policial que matou entregador de pizzas
A
Justiça Militar de São Paulo arquivou o caso de um policial militar
investigado pela morte de um entregador de pizzas sob a alegação de que a
arma do agente disparou sozinha. Segundo o Ministério Público (MP),
laudos periciais constataram falhas na fabricação da pistola.
David
Soares de Freitas, de 20 anos, foi morto com um tiro da pistola calibre
.40 do soldado da Polícia Militar (PM) Rafael Junior Pereira. O
incidente ocorreu na noite de 12 de junho deste ano, em São Caetano do
Sul, na Grande São Paulo.
Naquela ocasião, o PM e um outro
policial faziam patrulhamento de moto pela Avenida Guido Aliberti quando
notaram dois homens considerados suspeitos numa motocicleta. David
estava na garupa com uma mochila para entregar pizzas.
Os agentes
tinham informações de uma dupla de moto que cometia roubo de celulares
na região, usando como disfarce uma mochila de entrega de pizzas. Diante
disso, os policiais decidiram abordá-los.
No momento da
abordagem, o soldado perdeu o controle da sua moto, caiu e a arma
disparou, segundo ele, acidentalmente. O PM ainda argumentou que não
estava com o dedo no gatilho quando ocorreu o tiro acidental.
O
entregador David foi socorrido pelos próprios policiais. Levado ao
Hospital de Heliópolis, na Zona Sul da capital, ele não resistiu ao
ferimento no tronco e morreu em 13 de junho. Os agentes não encontraram
com os suspeitos os celulares roubados que procuravam.
Laudo aponta falhas
A defesa do soldado afirmou ao G1 que a arma que falhou é apenas uma das inúmeras que estão com problemas na PM de São Paulo.
O advogado de Rafael Junior Pereira, João Carlos Campanini, contou que o PM não quer falar com a imprensa sobre o caso.
“A
situação é gravíssima e o governo, por conta de dinheiro, não quer
trocar as armas. Enquanto isso, todo dia tem gente sendo atingida”,
disse João Campanini, advogado do PM.
À época, o caso foi
registrado como homicídio culposo, sem intenção de matar, numa delegacia
de São Caetano do Sul. Casos de homicídios culposos praticados por PMs
são de competência da Justiça Militar e não da Justiça comum, que atua,
por exemplo, em homicídios dolosos (com intenção) cometidos por
policiais.
De acordo com o laudo do Instituto de Criminalística
(IC) da Polícia Técnico-Científica, a arma da marca Taurus, que estava
com o soldado e pertence à PM, apresentou falhas durante os testes
realizados.
“Realizando movimentos bruscos na arma examinada,
nove, em dez ensaios realizados, notou-se que a respectiva armadilha do
pino percussor se deslocava, ou seja, não ficava presa no seu
alojamento, mesmo sem o acionamento da tecla do gatilho. Dessa forma,
não exercia a contento a sua função”, informa uma das conclusões do
Instituto de Criminal sobre a pistola.
G1
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