terça-feira, 27 de novembro de 2018

Segundo turno presidencial

27 de outubro, o dia em que o PT comemorará derrota de 2018 pela presidência

Por Heron Cid
Fernando Haddad, durante entrevista à Folha - Marlene Bergamo/Folhapress
Segundo turno presidencial. Num rasgo emocional, o já eleito senador pelo Ceará Cid Gomes produziu talvez o fato político mais impactante daquela etapa da eleição recente. Ao cobrar autocrítica petista e ser vaiado por meia dúzia de militantes, o cearense profetizou, a plenos pulmões: o PT vai perder e é bem feito.
A derrota veio. Não pela “praga” do irmão de Ciro Gomes, mas como uma punição pelos descaminhos do partido, sem nenhuma mea culpa digna do nome e, o pior, diante da insistência de posar de vítima de uma conspiração mundial, menos dos próprios erros.
Lunatismo à parte, perder era necessário no caminho da legenda.
Do contrário, uma vitória legitimaria todo o já velho, cansado e desacreditado discurso do “nós contra eles”, do maniqueísmo estabelecido como tática de guerra e de sobrevivência e a lamentável opção de reduzir tudo ao simplista raciocínio de defesa baseado em “somos iguais a eles”.
Um êxito nas urnas endossaria o falso debate ideológico estabelecido pela sigla e a narrativa de que seu maior líder é um inocente, um perseguido político, e, somente os demais “companheiros” presos são responsáveis por eventuais desvios e “caixa-dois”. Os Judas traidores do imaculado Mestre.
No fundo, até o mais fanático pela ‘causa’ não acredita nessas teorias. Elas apenas sustentam uma ficção ilusionista já fatalmente atingida pela realidade fática.
Mas é preciso otimismo.
A derrota dará a oportunidade ao PT de, quem sabe, refazer caminhos, renovar quadros, se reencontrar com sua essência e fazer as pazes com o País e, aí sim, voltar a falar para a Nação, e não apenas para uma militância vitimizada pela “cegueira”, como pregou o rapper Mano Brown.
Fernando Haddad, o candidato derrotado nas urnas, não deu sinais de aprendizado, em entrevista ontem. Atribuiu o insucesso do PT, mais uma vez, “às elites”. Sempre elas. Quem dera o Brasil tivesse 58 milhões de elitizados.
A fala de Haddad deve ser perdoada. O rescaldo das urnas é muito recente e o seu barulho ainda é um tanto inaudível para ouvidos moucos. Uma hora ou outra a lucidez virá e com ela a oportunidade da gente boa, honesta, decente e diferenciada do PT refazer a rota. Nesse tempo, velhos e novos petistas agradecerão a Deus pela derrota de 2018.
E verão que Cid tinha razão.
MaisPB - Por Heron Cid

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