Ricardo Coutinho: Dos movimentos estudantis até se tornar o maior líder político da Paraíba – Por Nonato Guedes
Ricardo completa 58 anos faltando poucos dias para deixar o governo
Por Nonato Guedes
O
governador Ricardo Coutinho (PSB) completa, hoje, 58 anos de idade, a
43 dias da sua despedida do segundo mandato à frente do Executivo da
Paraíba e com perspectivas de continuar ocupando espaços na conjuntura
política estadual e nacional.
Nascido em João Pessoa, filho de pai
agricultor, Coriolano Coutinho, e mãe costureira, Natércia Vieira,
Ricardo é considerado “um político diferente” no cenário local e uma
revelação como administrador, tanto na prefeitura da Capital, que
exerceu em dois mandatos, como no governo do Estado. Teve atuação
destacada, também, nos mandatos de vereador e deputado estadual.
Ele
foi, praticamente, a figura central da política do Estado em uma
década, aliando-se a esquemas tradicionais, gravitando acima de nomes
como José Maranhão, Cássio Cunha Lima e Luciano Cartaxo e resistindo a
governos como o de Michel Temer, do MDB. No final do segundo mandato,
protagonizou gestos surpreendentes como o de se reaproximar do Partido
dos Trabalhadores, do qual saiu praticamente expulso nos anos 2000
quando tentou a indicação para candidato a prefeito da Capital e foi
preterido. Teve apoio e guarida no PSB, onde se mantém como principal
líder no Estado e um dos principais líderes no Nordeste.
Primeiro
governador da era digital na Paraíba e também primeiro gestor de
centro-esquerda a empalmar o comando do Palácio da Redenção, Ricardo
desmontou e derrotou oligarquias políticas, adotou práticas inovadoras
como administrador, a exemplo do Orçamento Democrático e procurou
reforçar seus laços com movimentos sociais, onde se originou a sua
trajetória.
Pai
de Henri, fruto do casamento com a jornalista Pâmela Bório, de quem se
separou, Ricardo fez o antigo primário no Instituto La Salle e o ginásio
no Colégio Sete de Setembro, ambos em Jaguaribe. Parte do segundo grau
ele fez na escola estadual Bairro dos Estados e o terceiro ano
científico no Colégio Águia. Em 1977, passou no vestibular da UFPB para o
curso de Farmácia.
Era o período final da ditadura militar, em
que reapareceram os movimentos estudantis, motivando o interesse de
Ricardo pela política. Ajudou na reabertura do Centro Acadêmico de
Farmácia em 1980 e tornou-se, posteriormente, seu presidente.
Uma
vez formado em Farmácia, conquistou, através do concurso público, uma
vaga de farmacêutico no Hospital Universitário de João Pessoa. Nesse
período, passou a ter contato com a Associação dos Funcionários da UFPB,
embrião do Sintesp=PB. Em1984, aos 24 anos, o Ministério da Educação
ofereceu um curso de especialização para farmacêuticos de hospitais
universitários de todo o país. Havia apenas 25 vagas e a UFPB o
escolheu.
No mesmo ano, iniciou a especialização no Rio de
Janeiro. Ali, aproveitou o fato de o governador Leonel Brizola ter
mandado liberar as catracas dos ônibus para que todos pudessem
participar de um comício pelas diretas-já na Candelária e foi junto.
Naquele
Estado começou a militar nos movimentos sindicais, participou
intensamente das articulações para criação da CUT e, retornando à
Paraíba, implantou a modernização da Farmácia Hospitalar da UFPB. No
movimento sindical, assumiu a presidência do Sindicato dos
Farmacêuticos. Planejando congregar todas as categorias de saúde, fundou
o SindSaúde, em 1990.
Nesse
ano, foi dirigente da CUT na área de comunicação e candidato a deputado
estadual pelo Partido dos Trabalhadores. Não houve chance de vitória,
mas a sua votação foi surpreendente. Em 1992, ainda no PT, elegeu-se
vereador em João Pessoa pela primeira vez, reeleito em 96. Em 98
candidatou-se a deputado estadual e foi o mais votado em João Pessoa.
Na
Assembleia, presidiu a Comissão de Saúde em dois mandatos. Sua votação
cresceu em 2002, quando obteve 47.912 sufrágios. Em 2003, deixou o PT
por divergências internas e ingressou no PSB, tornando-se presidente
estadual. Em 2004, foi eleito prefeito de João Pessoa em primeiro turno,
reeleito em 2008.
Renunciou em 2010 para concorrer às eleições de
governador, da qual saiu consagrado no segundo turno, derrotando o
senador José Maranhão. Foi reeleito em 2014, derrotando Cássio Cunha
Lima. Chegou a ser cogitado para integrar chapa presidencial como
candidato a vice. Optou por não disputar mandato este ano, apesar das
pressões para concorrer ao Senado, e elegeu seu candidato a governador,
João Azevedo, no primeiro turno.
Foi, também, o principal artífice
da campanha de Fernando Haddad, do PT, a presidente da República. Nos
meios políticos, especula-se que em 2020 Ricardo poderá s candidatar a
prefeito de João Pessoa mais uma vez. Ele apenas diz que o seu esquema
terá candidatura forte. No discurso de posse, na primeira vez que
assumiu o governo, foi enfático: “O Povo, finalmente, chegou ao Poder na
Paraíba”.
Nonato Guedes
Fonte: polemica paraíba - Créditos: nonato guedes - Publicado por: Gutemberg Cardoso
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