Conheça o polêmico Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro
Apoiado pela indústria de armas, político é antipetista ferrenho, se diz contra 'ideologia de gênero' e 'sexualização de crianças' e já associou ativismo LGBT a pedofilia
© Tomaz Silva/Ag. Brasil
Veterano de quatro mandatos
no Congresso e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), a
exemplo do presidente eleito, não tem histórico de aprovação de
projetos relevantes na Câmara. Concentrou sua atuação política em dois
eixos: a oposição ao PT e a defesa das armas.
Em eleições de 2002 a 2014, 12% de suas receitas de campanha vieram de empresas de armas, com as quais manteve relação próxima.
Uma
de suas bandeiras é a modificação do Estatuto do Desarmamento, que
tende a ser uma das primeiras iniciativas do governo Bolsonaro. O
deputado apresentou uma série de projetos, por exemplo, para permitir
que as polícias estaduais atuem na liberação de licenças -e não só a PF,
como é atualmente.
Veterinário, Onyx, 64, disse em 2016 que
adquiriu armas após passar por uma "situação de gravidade", que não
detalha: "Isso já tem quase 30 anos, eu nunca mais deixei de estar
acompanhado de uma arma que sempre trouxe segurança e proteção para a
minha família."
São várias propostas antenadas com o bolsonarismo,
como a ampliação dos excludentes de ilicitude (evita que virem crimes
situações de legítima defesa ou ação de forças de segurança) e a
flexibilização da posse de armamentos.
Entre
outros projetos nessa linha, estão propostas para aumentar a licença
para até três armas, a criação do "porte rural de arma de fogo" e a
possibilidade de emissão de autorização a quem responde a inquéritos ou
processos penais.
A relação de Onyx com Bolsonaro vem desde o
início dos seus mandatos. Os dois estiveram na linha de frente do bloco
parlamentar que coordenou a vitoriosa campanha contra o desarmamento no
referendo promovido em 2005.
Também naquele ano, Onyx havia obtido
projeção nacional ao integrar a CPI dos Correios, uma das que apuraram o
escândalo do mensalão.
O forte viés antipetista já havia se
revelado anos antes no âmbito regional. Como deputado estadual, foi
ferrenho opositor do governo do petista Olívio Dutra no Rio Grande do
Sul (1999-2002), que passou por turbulências como uma investigação sobre
a relação do partido com bicheiros.
Dessa experiência, o novo
ministro escreveu um livro, batizado de "500 Dias do PT no Governo São
Outros 500". Com o passar dos anos, sua bibliografia antipetista ganhou
três novos volumes, o último deles publicado neste ano -"A Máfia da
Estrela: Ascensão e Queda do Império Petista".
Nada disso o
impediu de ter boa relação com o PDT, partido de quem foi aliado em 2014
e legenda de seu suplente na Câmara. O novo chefe da Casa Civil já
prestou homenagens a Leonel Brizola, fundador do PDT e ícone da
esquerda.
Em meio à aproximação com o capitão reformado, encampou o
discurso do perigo "comunista" e do risco da "pátria grande"
latino-americana -a união com outros governos de esquerda.
Também
passou a enfatizar questões de moral e costumes. Em 2017, após uma
exposição de arte sobre diversidade ter sido suspensa diante de críticas
de movimentos conservadores, ele apresentou um projeto propondo a
criminalização da utilização de recursos públicos em projetos que
"promovam a sexualização precoce de crianças".
Em discurso no
plenário, naquela época, mencionou uma mobilização internacional que
passava pela ONU para promover a "ideologia de gênero" tendo em vista o
controle populacional. "Não há separação entre ideologia de gênero,
agenda LGBT, feministas e pedófilos", disse ele na ocasião.
Procurado para comentar o assunto, ele não respondeu.
Desde
o ano passado, Onyx já vinha atuando na articulação da candidatura de
Bolsonaro. O seu partido, o DEM, ainda vinha cogitando lançar o atual
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), à Presidência, mas o gaúcho já
comunicara que marcharia em 2018 com o militar reformado.
Durante a
pré-campanha, Maia previu atritos entre o dissidente de seu partido e o
então candidato do PSL. "Ele [Onyx] é muito mais liberal que o próprio
partido hoje. E Bolsonaro é um político que defende uma política de mais
intervenção do estado. Foi assim que votou a vida inteira, em algum
momento vai ter uma divergência."
Maia, na ocasião, mencionou que
Onyx já havia sido contra o ingresso do partido em uma rede
internacional da corrente Democracia Cristã, defendendo a permanência no
movimento "Internacional Liberal".
O período anterior à campanha
eleitoral ainda rendeu visibilidade pela relatoria do projeto de Medidas
contra a Corrupção, que acabou não sendo aprovado, mas também
proporcionou a sua pior pendência com a Justiça. Em 2017, com a delação
da JBS, ele confessou que recebeu R$ 100 mil de caixa dois do grupo na
eleição de 2014.
Onyx comanda o diretório gaúcho do DEM desde a década passada e tem sido praticamente o único integrante de destaque no estado.
Em
2015, o novo chefe da Casa Civil conseguiu emplacar seu filho Rodrigo
Lorenzoni, 39, em uma diretoria de uma fundação no governo de José Ivo
Sartori (MDB).
Neste ano, Rodrigo tentou a Assembleia gaúcha, mas
não se elegeu. Fez 17 mil votos, ante 183,5 mil do pai. É Rodrigo quem
toca o hospital veterinário da família, fundado pelo pai de Onyx na
década de 1950, em Porto Alegre.
Antes de entrar na política, o
novo chefe da Casa Civil foi presidente, por seis anos, de um sindicato
de veterinários em Porto Alegre, até 1990.
ISTO É ONYX LORENZONI
- Veterinário e empresário, se lançou na política no Rio Grande do Sul na década de 1990
- Foi deputado estadual de 1995 a 2002 -se elegeu primeir pelo PL (atual PR)
- Eleito para a Câmara em 2002, se projetou no escândalo do mensalão, em CPI que tratou do caso
- Relatou o projeto que ficou conhecido como Medidas contra a Corrupção, em 2016
- Decidiu se aliar a Bolsonaro mesmo contra seu partido
- Em 2018, foi o segundo mais votado à Câmara no RS, com 183,5 mil votos.
Política ao Minuto com informações da Folhapress
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