Alvos da Operação Lava Jato querem votar mudança na lei penal e Sérgio Moro reage
"Entendo que a apreciação deve ser adiada para a próxima legislatura, para que o novo governo possa apreciá-los", afirmou futuro ministro

© REUTERS/Rafael Marchante
O Projeto de Lei
(PL) 9.054/2017, que foi aprovado pelo Senado em 2017 e está em
tramitação na Câmara, altera sete leis, entre elas o Código Penal. O
objeto da comissão de juristas criada pelo Senado e que elaborou o
texto, ainda em 2012, era tentar reduzir a superlotação do sistema
carcerário, facilitar a ressocialização de presos e reduzir a
burocracia.
No entanto, de acordo com informações da Folha de S. Paulo, um
grupo de parlamentares de partidos envolvidos nas investigações da Lava
Jato tem pressionado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a
votar o projeto nos próximos dias. O motivo, especula-se, é a chance de
ter a punição para crimes de colarinho branco abrandadas.
Membros
do PP, por exemplo - uma das legendas mais envolvidas em processos de
corrupção -, têm condicionado o apoio a Maia, na corrida pela
presidência da Câmara, à colocação do assunto na pauta da Casa.
"Estou estudando o assunto e ouvindo algumas pessoas antes de decidir", afirmou Maia, negando que esteja sendo pressionado.
O
futuro ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sérgio Moro, foi
procurado pela Folha para falar sobre o projeto. "Entendo que a
apreciação de projetos de reformas da lei penal deve ser adiada para a
próxima legislatura, para que o novo governo possa apreciá-los. O PL
9054/17 tem pontos muito problemáticos", disse Moro.
Ele cita o
caso de progressão de pena antecipada em casos de presos de unidades
superlotadas e a exigência de sentença para o reconhecimento de falta
grave de um presidiário, o que, segundo ele, pode levar anos. "O projeto
pode inadvertidamente implicar a soltura antecipada de presos perigosos
e prejudicar a disciplina nas prisões. Confio que o Congresso terá a
sensibilidade de aguardar", afirmou Moro, que era o juiz responsável
pela Lava Jato em primeira instância, até o início deste mês.
Questionado sobre os casos de abrandamento de punição a crimes de colarinho branco, ele preferiu não comentar.
Notícias ao Minuto
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