Caravana de migrantes tentam pular cerca fronteiriça entre México e Estados Unidos
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AFP / GUILLERMO ARIAS |
Centenas
de centro-americanos da caravana de migrantes tentaram neste domingo
(25) pular a cerca fronteiriça que separa o México dos Estados Unidos,
em Tijuana, em meio a empurrões e com mulheres levando inclusive
crianças, sem que a Polícia local tenha conseguido conter a multidão.
Ao
menos 500 migrantes que participavam de uma manifestação que partiu do
abrigo em que estão 5.000 centro-americanos se separaram da marcha e se
lançaram, sem sucesso, à linha fronteiriça dos Estados Unidos.
“Já
estamos nos Estados Unidos?”, perguntaram com desespero os migrantes,
enquanto esperavam cruzar a cerca dupla fronteiriça que separa a cidade
mexicana de Tijuana de San Diego, Califórnia.
Uma equipe da AFP
constatou que um grupo numeroso conseguiu cruzar até um primeiro muro e
tentou cruzar o segundo, coberto por arame farpado, para chegar aos
Estados Unidos, onde agentes da patrulha fronteiriça se mobilizavam.
Os
guardas americanos começaram a disparar bombas de gás lacrimogênio na
direção dos migrantes que tentavam entrar nos Estados Unidos.
Os migrantes tentavam se proteger do gás cobrindo o rosto, enquanto as mães ajudavam os filhos.
A multidão se amontoava na linha fronteiriça, aos empurrões e em meio aos gritos e ao choro das crianças.
Os
migrantes repetiam aos gritos que só queriam cruzar a fronteira para
trabalhar e ter uma vida melhor, enquanto eram incentivados por
moradores dos bairros empobrecidos de Tijuana.
Helicópteros americanos sobrevoavam as proximidades da fronteira, controlando as tentativas dos migrantes de atravessar.
Esta
estreita vigilância é parte do dispositivo de segurança mobilizado pelo
presidente americano, Donald Trump, que acusa os centro-americanos de
pretenderem invadir os Estados Unidos depois de cruzar o México em uma
gigantesca caravana.
– Desespero –
Exaustos
após uma semana em Tijuana, uns 1.000 migrantes organizaram uma
manifestação mais cedo dirigindo-se a uma ponte fronteiriça para exigir
aos Estados Unidos que os receba para apresentar seu pedido de refúgio.
No
abrigo onde estão 5.000 centro-americanos em condições de confinamento,
enquanto alguns faziam enormes filas parar receber o café-da-manhã,
outros se preparavam para protagonizar outra marcha até a ponte
fronteiriça El Chaparral.
Na quinta-feira passada, eles fizeram o
mesmo, enquanto do lado americano era realizado um exercício de
segurança em que foram usadas bombas de gás lacrimogêneo.
Os
migrantes improvisaram faixas de protesto com lençóis, nos quais
desenharam bandeiras de México, Honduras e Estados Unidos, enquanto
alguns outros escreveram lemas como “#Todos somos hermanos” (Todos somos
irmãos, “Gracias México por albergar a nuestros hijos” (Obrigado México
por abrigar nossos filhos), “Trump no somos tus enemigos” (Trump, não
somos seus inimigos).
A paciência dos centro-americanos, a grande
maioria hondurenhos, chega ao limite ao perceberem que poderá levar
meses até que possam cruzar a fronteira para pedir refúgio com o
argumento, principalmente, de que fogem da pobreza e da violência em
seus países.
À medida que se acentuam as tensões em Tijuana, Trump
pressiona o México para que aceite que os centro-americanos permaneçam
em seu território enquanto aguardam que se resolva seu pedido de
refúgio.
O abrigo onde eles estão era resguardado por policiais
federais e locais na previsão de que grupos mexicanos contrários aos
migrantes cheguem a se manifestar, como ocorreu na semana passada.
No
sábado, o jornal The Washington Post publicou que os Estados Unidos e o
próximo governo mexicano que será chefiado pelo esquerdista Andrés
Manuel López Obrador se encaminham para um acordo sobre o tema.
Olga
Sánchez Cordero, atual senadora e futura ministra do Governo
(Interior), citada pelo jornal americano para confirmar o acordo,
informou em um comunicado que nenhum pacto foi fechado ainda, que o novo
governo vai assumir em 1º de dezembro e que tem uma política de “braços
abertos” aos migrantes, com ênfase especial na defesa dos direitos
humanos.
AFP
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