Delações de Palocci, detonam ex presidentes Lula e Dilma, além da presidente do PT
Revelações do ex-ministro Antônio Palocci, feitas em sua delação premiada, explodem uma nova bomba no PT e aniquilam os ex-presidentes Lula e Dilma, além de Gleisi Hoffmann. Ele revela em detalhes a trilha do dinheiro da propina até os petistas
Na primeira vez em que ficou frente a
frente com o então juiz Sergio Moro, o ex-ministro e ex-todo-poderoso do PT
Antônio Palocci já completava sete meses na cadeia. Foi quando resolveu
dar o primeiro passo em busca de um acordo de delação premiada. Ao final
de seu interrogatório como réu da Lava Jato, Palocci mandou um recado:
“Eu tenho informações para mais de um ano de Lava Jato e entrego tudo:
operações realizadas, nomes, endereços”.
Desde então, Palocci foi condenado a 12
anos de prisão, denunciado mais três vezes pelo Ministério Público
Federal e teve sucessivos pedidos de habeas corpus negados pela Justiça.
Agora, Palocci já está preso há 20 meses. A perspectiva de não sair tão
cedo da cadeia levou-o ao desespero: emagreceu dez quilos e mergulhou
em depressão profunda. Por isso, resolveu escancarar seu explosivo baú
de confidências à Polícia Federal. ISTOÉ apurou que a delação contém
elementos suficientes para dinamitar o PT, partido que ele ajudou a
fundar. Suas revelações, feitas em longos depoimentos à PF em abril,
envolvem principalmente os ex-presidentes Lula e Dilma, a quem acusa de
práticas de corrupção estratosféricas.
“A delação de Palocci destrói o PT”, diz
um delegado da PF que participou das oitivas do ex-ministro. O roteiro
está concluído e deve servir de base, nas próximas semanas, para novas
condenações dos protagonistas do esquema. Como coordenador das campanhas
que elegeram Lula e Dilma, Palocci detalhou à PF como eles usaram e
abusaram de recursos das empreiteiras, desviados da Petrobras, para
financiar as milionárias campanhas eleitorais e também utilizar o
dinheiro sujo para o enriquecimento pessoal. E tudo armado dentro do
gabinete presidencial no Palácio do Planalto.
A rota da propina
No depoimento, Palocci indicou a rota da
propina, não se limitando a revelar como funcionava o esquema de
corrupção. Ele citou valores, as empresas que pagavam as propinas e
explicou como o dinheiro chegava às mãos dos petistas. Detalhadamente.
Forneceu até o nome do motorista que fazia o transporte do dinheiro e as
senhas que Lula usava na hora de se referir ao pagamento da propina.
Como não dirigia seu próprio carro,
Palocci mandava seu motorista particular levar os valores. Na delação, o
ex-ministro apresentou datas, horários e locais onde o dinheiro era
entregue. Um pacote chegou a ser deixado na sede do Instituto Lula em
São Paulo por “Brani” ou Branislav Kontic, assessor direto do
ex-ministro, num final de semana, fora do horário do expediente. No
total, o ex-presidente, segundo Palocci, recebeu mais de R$ 10 milhões
em dinheiro vivo das mãos de Brani.
No apagar das luzes de 2010, quando Lula
estava na iminência de deixar o Palácio do Planalto, o assessor
transportou várias remessas de dinheiro vivo ao petista, em quantias que
somavam R$ 50 mil cada pacote. Lula demonstrava discrição. Às vezes,
mandava deixar o malote num local previamente combinado. Em outras
ocasiões, escalava Paulo Okamotto para o serviço sujo.
As necessidades de lula
Esse dinheiro, de acordo com o
depoimento de Palocci, servia para o ex-presidente custear suas próprias
despesas. Todos os valores milionários estavam “depositados” na conta
“Amigo”, mantida no departamento de propinas da Odebrecht. A conta
chegou a ter R$ 40 milhões para atender as necessidades do
ex-presidente. Os valores só podiam ser movimentados com autorização de
Palocci, o “italiano”.
O dinheiro era uma contrapartida à
facilitação das operações da Odebrecht no governo Dilma, com quem
Marcelo não tinha boa relação. Na delação, Palocci conta que, entre o
final de 2013 e início de 2014, sacou da conta “Amigo” R$ 4 milhões para
cobrir um rombo nas contas do Instituto Lula.
Dessa vez, o ex-presidente designou
Okamotto para cumprir a tarefa. Não teria sido a primeira nem a última.
As expressões “resolve com o Okamotto” ou “o Okamotto vai lhe procurar”
eram a senha para o recebimento da propina.“O Paulo Okamotto (presidente
do instituto) me disse que tinha um buraco nas contas e me pediu ajuda
para resolver”, explicou Palocci. Okamotto falava em nome de Lula.
Autorizado por ele. Sempre.
Além desses valores, o ex-ministro
revelou que Lula fechou com o patriarca da empreiteira, Emílio
Odebrecht, um “pacote de propinas” no valor de R$ 300 milhões para que o
ex-presidente e Dilma utilizassem sempre que fosse preciso. O dinheiro
foi usado nas campanhas petistas, sobretudo na de 2014. Os recursos eram
usados ainda para pagar palestras fictícias de Lula. Sua empresa de
palestras, a LILS, recebeu pelo menos R$ 30 milhões de empreiteiras a
título de conferências não realizadas.
Somente durante a criação da Sete
Brasil, em 2010, foram desviados R$ 153 milhões, dos quais 50% foram
para atender Lula. O esquema foi discutido dentro do Palácio do
Planalto, no gabinete presidencial, de acordo com a delação de Palocci. A
Sete Brasil foi constituída para produzir sondas de exploração de
petróleo para a Petrobras, com a participação da Odebrecht, OAS e UTC.
Somente seis sondas da Sete Brasil
custariam US$ 4,8 bilhões, com o pagamento de 1% dos contratos em
propinas, inclusive para o bolso de Lula, identificado nessa operação
como “sapo barbudo” por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e
dirigente da Sete Brasil. Já tornada pública, a chamada operação Kadafi
foi confirmada por Palocci, segundo apurou ISTOÉ. O ex-ministro
ratificou que o líder líbio Muamar Kadafi, morto em 2011, enviou
ilegalmente R$ 1 milhão para a campanha de Lula em 2002.
Motorista de Palocci levou pacotes de
dinheiro vivo ao Instituto Lula para as despesas pessoais
do ex-presidente. Mais de R$ 10 milhões
A ex-presidente Dilma mereceu um
capítulo especial na memória infalível de Palocci. Depois de Lula, a
ex-presidente deposta foi a mais implicada na delação. O ex-ministro
confessou ter participado de um esquema que escoou R$ 50 milhões da
Braskem (empresa do grupo Odebrecht), no processo de renegociação de
dívidas com a União. A propina foi acertada em 2009, num negócio
envolvendo o então presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda, Guido
Mantega, nos gabinetes palacianos.
O dinheiro foi usado na campanha que
elegeu Dilma em 2010. Palocci disse que o acerto foi detalhado num
encontro, com a presença de Dilma, no qual Lula teria falado abertamente
sobre a arrecadação de valores ilícitos para a campanha da sua
sucessora.
Dilma não impunha resistência. Agia
naturalmente. Dava aval aos ilícitos. Lula também pediu propinas do
pré-sal para campanha de Dilma, segundo Palocci “Ele (Lula) disse: ‘o
Palocci está aqui, Gabrielli, porque ele vai lhe acompanhar nesse
projeto, porque ele vai ter total sucesso e para que garanta que uma
parcela desses projetos financie a campanha da Dilma’.
Outro “projeto” fora montado para
irrigar propina para a atual presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann
(PT), segundo a delação de Palocci. De acordo com o ex-ministro, o PT
havia recebido R$ 50 milhões para ajudar na anulação das provas da
Operação Castelo de Areia no Superior Tribunal de Justiça. O dinheiro
foi repassado ao partido pela empreiteira Camargo Corrêa, a principal
encrencada na operação. Parte da propina foi destinada à campanha da
senadora Gleisi.
Além da delação, para obter a redução de
pena e deixar a cadeia, Palocci se compromete a devolver pelo menos R$
50 milhões dos R$ 81 milhões que sua empresa, a Projeto, teria recebido
irregularmente entre 2007 e 2015. Nesse período, a empresa faturou mais
de R$ 200 milhões junto a 47 clientes. A delação foi acertada com os
delegados da PF sem qualquer participação do Ministério Público Federal,
o que provocou uma crise entre as instituições. O MPF considerou os
relatos de Palocci insuficientes. A PF, contudo, considerou que a
delação estava estruturada em fatos consistentes, com provas
substanciais e caminhos percorridos pelo dinheiro da propina.
Relaxantes
Agora, o destino de Palocci está nas
mãos do desembargador Gebran Neto, que está prestes a dizer se homologa
ou não a delação. Antes de tomar uma decisão, o desembargador submeteu o
acordo ao MPF de Porto Alegre, sob a coordenação da procuradora Maria
Emília Corrêa Dick. O prazo para o MPF emitir seu parecer terminou na
quinta-feira 24. A perspectiva de liberdade fez Palocci melhorar o
humor. Foi autorizado pelos agentes da PF a manter um pequeno jardim
numa das floreiras perto de sua cela, onde há sol e chuva. Lá, o
ex-ministro cultiva plantas como lavanda e alecrim, essências que exalam
um aroma agradável e possuem substâncias relaxantes. É o que muita
gente do PT vai precisar ingerir, depois que a delação de Palocci vir à
tona.
Okamotto vai lhe procurar”era uma das senhas usadas por Lula para combinar o recebimento da propina
As malas de diamantes de Cabral
PF rastreia dinheiro desviado por Sérgio
Cabral e encontra indícios de que a propina foi usada para comprar a
preciosa pedra, depositada hoje num banco em Nova York. Palocci sabia de
esquema
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PEDRA SOBRE PEDRA: Palocci teria conhecimento das malas preciosas de Cabral e pode contar tudo ao Ministério Público - (Crédito:Divulgação) |
Ao contrário dos corruptos
convencionais, acostumados a guardar propina em mala de dinheiro, o
ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral criou um esquema ainda
mais sofisticado para camuflar o dinheiro sujo da corrupção. Como os
árabes, Cabral cultivava o hábito de usar os bilionários recursos
desviados para adquirir malas e malas de diamantes.
A Polícia Federal suspeita que as
maletas contendo as pedras preciosas estejam depositadas numa
instituição financeira norte-americana dentro de um cofre. Eram
recorrentes as viagens de Cabral para Nova York a bordo de dois
jatinhos: um de propriedade de Eike Batista e outro cujo dono era Andre
Esteves, do BTG.
Há indícios de que o dinheiro para
compra de diamantes teria sido transportado pelas duas aeronaves. Quando
pousava em Nova York acompanhado de sua entourage, Cabral
invariavelmente se hospedava no luxuoso St. Regis localizado na 55th
street. Segundo apurou ISTOÉ, o ex-ministro Antonio Palocci era um dos
que tinham conhecimento do esquema. E poderá esclarecê-lo caso haja
interesse por parte do Ministério Público e da PF.
Como se sabe, cerca de 90% dos diamantes
nos Estados Unidos entram por Nova York. A capital norte-americana dos
diamantes, que abriga em Manhattan o Diamond District, entre a quinta e a
sexta avenida, só perde em importância para Antuérpia, na Bélgica, onde
são comercializados 80% dos diamantes brutos e 50% dos lapidados no
mundo. O bairro cresceu em importância quando os nazistas alemães
invadiram a Holanda e a Bélgica, forçando milhares de judeus ortodoxos a
seguirem pelo caminho dos negócios de diamantes, no intuito de fugir de
Antuérpia e Amsterdã e se estabelecer em Nova York.
A maioria deles permaneceu após a
Segunda Guerra Mundial, e continuam a ser uma influência dominante. Com a
investigação, que pode contar com a contribuição de Palocci, a PF
espera encaixar a última peça do quebra-cabeças do bilionário esquema de
Cabral: para onde ele mandou a maior parte da propina que amealhou. A
cada avanço na apuração, a PF reforça a convicção de que o dinheiro
lapidado por Cabral acabou convertido em reluzentes diamantes.
OUTRO LADO
André Esteves nega
veementemente a afirmação publicada na reportagem “Palocci afunda o PT”,
da edição desta semana de ISTOÉ, de que avião de sua propriedade teria
sido usado pelo ex-governador Sérgio Cabral e lamenta que a revista não
lhe tenha procurado para checar essa história completamente absurda.

Fonte: istoe.com.br
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