PROCESSO ARTICULADO POR CIVIS REPUBLICANOS, MILITARES, ABOLICIONISTAS E OUTROS GRUPOS INTERESSADOS NO FIM DA MONARQUIA
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O Marechal Deodoro da Fonseca capitaneou o processo de instauração da República em 15 de novembro de 1889 * |
A Proclamação da República Brasileira ocorreu no dia 15 de novembro de 1889,
na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império. É por isso que,
nesse dia, celebra-se esse acontecimento, sendo decretado feriado em
todo o território nacional. O processo de instauração do regime
republicano no Brasil teve como antecedentes: as várias crises
institucionais que o reinado de Dom Pedro II sofreu ao longo das décadas de 1870 e 1880 e as manifestações ideológicas que permearam esse mesmo período.
A estrutura do poder imperial, que possuía
um caráter centralizador, não permitia que as províncias tivessem
autonomia – fato que desagradava elites regionais, como a dos
fazendeiros do oeste paulista. Esses últimos também ficaram
insatisfeitos com a abolição da escravatura, que ocorreu no ano de 1888,
pois não foram indenizados pelo império. Além disso, havia insatisfação
também entre os militares, que almejavam, em grande parte, imbuídos de
ideais positivistas e republicanos, uma república autoritária e
modernizadora.
Havia também o grupo dos civis defensores
do republicanismo e do abolicionismo, notável em suas ferrenhas críticas
à estrutura do poder imperial. Nomes como os dos jornalistas Quintino Bocaiuva e Silva Jardim
destacaram-se nesse processo. Esse último caracterizou-se por uma
postura mais radical e revolucionária, enquanto o primeiro procurou
articular os vários interessados na derrubada do Império com o objetivo
de fazer uma transição o menos violenta possível. Vale ressaltar que o
movimento abolicionista não se restringia e nem estava vinculado
diretamente a ideais republicanos. Grande parte dos abolicionistas
apoiavam o Império e, diga-se de passagem, foi o próprio império que
gradativamente estruturou as medidas abolicionistas, que culmiram com a
Lei Áurea, em 1888.
Bocaiuva, ao lado de outro jornalista republicano, Aristides Lobo,
foi, então, um dos principais responsáveis pela união dos interesses
que almejavam o fim do reinado de Pedro II, tanto de militares e
fazendeiros quanto de revolucionários republicanos. Em meados de 1889,
após os membros republicanos do Parlamento terem rejeitado as propostas
reformistas de Pedro II, que pretendia conservar-se no poder, Bocaiuva e
Aristides Lobo começaram suas articulações e, em novembro,
associaram-se ao Marechal Deodoro da Fonseca, principal chefe do exército brasileiro, e prepararam o golpe que foi dado no dia 15.
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O jornalista Quintino Bocaiuva foi um dos principais articuladores do golpe de 1889 ** |
Após a Proclamação da República, Deodoro
confeccionou uma notificação que foi encaminhada à família real, cujo
conteúdo ordenava a saída do imperador e sua família do país. O processo
da passagem do Império à República já foi largamente estudado por
historiadores, desde o fim do século XIX até os dias de hoje. O impacto
desse evento na época está bem documentado e revela o caráter de quase
incredulidade da maior parte da população, princialmente da capital à
época, Rio de Janeiro, que viu, em poucos dias, o ocaso do Império, como
pode ser observado neste relato do jornal carioca Novidades:
“Todo o movimento social da cidade acha-se
paralisado. O comércio em grande parte fechou as portas. As ruas mais
frequentadas estão desertas; raros transeuntes passam, apressados, como
perseguidos. […] O serviço de bondes é feito com grande irregularidade;
há longos intervalos no trânsito dos carros, que chegam aos pontos de
estação aos grupos de cinco e seis. […] O pânico anda no ar e nas
consciências.” (Novidades [jornal]. Rio de Janeiro, 15 nov. 1889)
Fonte: Brasil Rscola - Por Me. Cláudio Fernandes
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