sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Caso Daniel

Filha do assassino Edisson Brittes troca mensagens com testemunha e cita nova ‘festinha’ após morte do jogador, diz polícia


De acordo com advogado da testemunha, convite foi pretexto para reunir em shopping as pessoas que estavam na casa da família Brittes e combinar nova versão do crime.


Allana Brittes enviou mensagens para uma testemunha um dia após o assassinato do jogador Daniel, e citou uma nova festa que seria realizada na semana seguinte ao crime, de acordo com o inquérito da Polícia Civil de São José dos Pinhais.
Nas mensagens, Allana, filha de Edison Brittes, convidou a testemunha para comer em um shopping de São José dos Pinhais.
Segundo a polícia, neste encontro, Edison reuniu os envolvidos para combinar uma versão sobre o crime, que deveria ser mantida como um pacto.
Ainda conforme a polícia, Edison afirmou que, se alguém rompesse a versão combinada, ficaria sabendo quem descumpriu o pacto.
O corpo do jogador Daniel foi encontrado após a festa de aniversário de Allana Brittes. Segundo a polícia, o atleta foi espancado e morto. Edison Brittes assumiu a autoria do crime em seu depoimento.
Sete pessoas foram presas: o empresário Edison Brittes; Allana; Cristiana Brittes, esposa de Edison; e os suspeitos de participarem das agressões: Eduardo Purkote, Eduardo da Silva (namorado da prima de Cristiana Brittes), Ygor King e David Willian.
Cristiana, Edison Júnior e Allana estão presos temporariamente — Foto: Reprodução/Facebook
Cristiana, Edison Júnior e Allana estão presos temporariamente — Foto: Reprodução/Facebook
De acordo com o advogado da testemunha, Jacob Filho, as mensagens enviadas por Allana eram uma “desculpa” para atrair as pessoas que estavam na festa para combinar a versão de que Daniel tinha saído vivo da casa da família Brittes.
“A Allana mandava mensagens com supostas desculpas e mentiras do tipo ‘venha nos encontrar para mais uma festinha’, ‘tem mais um churrasco para fazer’ . [A testemunha] se esquivava e não sabia exatamente o que fazer”, disse o advogado.
A conversa de Allana com a testemunha começou ainda no dia do crime, no período da tarde, e o convite para o encontro no shopping foi feito no dia seguinte ao assassinato do jogador.
De acordo com o advogado da família Brittes, Cláudio Dalledone, não existia nova festa. “Não tinha suposta ‘festinha’. O que nitidamente se interpreta daquilo é que ela atraiu os meninos para terem aquela conversa. Naquele momento, que não houve coação de testemunha, ela ficou responsável por chamar estes meninos”, disse.
“Não tinha festinha de nada. O clima era trágico e todos estavam acometidos pela tragédia”, afirmou Dalledone.
Ameaças

Segundo o advogado Jacob Filho, na semana do crime, a testemunha também recebeu mensagens de um amigo em comum entre ela e Edison Brittes alertando que o jovem estava correndo perigo.
A testemunha que recebeu as ameaças está escondida em uma cidade fora do Paraná, segundo a defesa. “Ele está escondido, com muito medo, amedrontado, obviamente, porque se deparou com uma situação como essa”, afirmou o advogado.
A defesa de Edison Brittes afirmou que os áudios apresentados às autoridades policiais não possuem validade jurídica.
Inquérito
O delegado responsável pelo caso, Amadeu Trevisan, informou que o inquérito deve ser entregue ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) nesta quarta-feira (21).
Ele também disse que vai indiciar o empresário Edison Brittes e outros três suspeitos por homicídio qualificado e ocultação de cadáver pela morte do jogador Daniel Correa.
A esposa de Edison, Cristiana Brittes, e a filha do casal, Allana Brittes, serão indiciadas por coação de testemunha e fraude processual, de acordo com a polícia.
Veja quem é quem e por quais crimes cada um deve ser indiciado:
  • Edison Brittes: confessou ter agredido e matado Daniel, indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
  • Cristiana Brittes: esposa de Edison, indiciada por coação de testemunha e fraude processual;
  • Allana Brittes: filha de Edison e Cristiana, indiciada por coação de testemunha e fraude processual;
  • Eduardo da Silva: namorado da prima de Cristiana, indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
  • Ygor King: convidado para o aniversário de Allana, indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
  • David Willian da Silva: convidado para o aniversário de Allana, indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
  • Eduardo Purkote: convidado para o aniversário de Allana, indiciado por lesões graves.
A defesa da família Brittes informou que só vai se manifestar sobre as impressões do delegado quando ele formalizar o relatório.
A defesa de Eduardo Purkote disse que não teve acesso ao relatório final do inquérito e que mantém o posicionamento que o Eduardo não participou das agressões e dos fatos alegados por alguns dos indiciados.
A defesa de Ygor King e David William da Silva afirmou que só irá se manifestar após ter acesso ao relatório final do inquérito.
A defesa de Eduardo da Silva disse que vai aguardar a manifestação do representante do Ministério Público para se manifestar.
Os laudos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico-Legal (IML), que devem ficar prontos na quinta-feira (22), serão anexados posteriormente.
Com a conclusão do inquérito, cabe ao Ministério Público apresentar ou não a denúncia. A partir disso, se houver denúncia e a justiça aceitá-la, os indiciados viram réus e podem ir a julgamento.
Morte do jogador
O corpo do jogador Daniel, de 24 anos, foi encontrado perto de uma estrada rural na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, no dia 27 de outubro. O órgão sexual do jogador foi mutilado no crime.
Jogador Daniel foi encontrado morto no dia 27 de outubro  — Foto: Reprodução
Jogador Daniel foi encontrado morto no dia 27 de outubro — Foto: Reprodução
Segundo a polícia, Daniel foi morto depois de uma festa em comemoração ao aniversário de 18 anos da filha de Edison Brittes Júnior. A festa começou em uma casa noturna, em Curitiba, na sexta-feira (26), e terminou na manhã de sábado (27), na casa da família Brittes, em São José dos Pinhais.
Edison Brittes Júnior disse que cometeu o crime porque o jogador tentou estuprar a esposa, Cristiana Brittes. A Polícia Civil informou, depois de ouvir testemunhas, que não houve tentativa de estupro no caso.
Inquérito policial apresenta mensagens trocadas entre Allana Brittes e testemunha — Foto: Divulgação/RPC

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