sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Cada religião tem sua maneira de encarar a morte

No Dia dos Mortos, saiba como as diferentes religiões encaram a morte 


Vida após a morte, eternidade, ressurreição e recomeço. Cada religião tem sua maneira de enxergar a morte, que apesar de inevitável, pode ser encarada de diversas formas. Nesta sexta-feira (02) em que se celebra o dia dos Finados, o Portal MaisPB mostra como as religiões veem esse momento.
Espiritual e cheia de tradição. Assim é a morte segundo o candomblé – religião de matriz africana. Segundo a mãe de santo Lúcia Omigewá, a morte é um orixá primordial que acompanha a pessoa diariamente e foi um dos primeiros que Deus colocou na Terra.
“A morte vai lhe achar”. Em contato com o Portal MaisPB, a mãe Lúcia contou que antes mesmo de vir a terra, a alma da pessoa escolhe o dia que irá morrer quando estiver em ‘plano terreno’. Sendo assim, independente do que a pessoa fizer ou para onde for durante sua vida, o dia da morte já está previamente definido.
Mãe Lúcia Omigewá
De acordo com a mãe Lúcia Omigewá, isso explica o fato de algumas pessoas se adoentarem ou se acidentaram, irem para o hospital e depois de alguns dias internadas sofrerem uma melhora.
“Esse momento a gente chama de melhora da morte, que é quando a pessoa tem a oportunidade de ter consciência de tudo o que fez e da data que escolheu e se redimir por seus erros antes da morte”, analisa.
A cerimônia de morte é celebrada logo após a morte. No caso de uma mãe de santo, o ritual dura sete dias. Mãe Lúcia conta que ritual acontece para que a alma não se perca na volta. O ritual também acontece após o primeiro ano da morte, no terceiro ano e no sétimo ano.
A morte de outras pessoas da religião também conta com rituais que variam entre um e três dias, a depender da hierarquia e de seu cargo.
A tradição do candomblé ainda tem outras crenças particulares. Uma vez morta, a alma da pessoa pode retornar quantas vezes quiser para a terra, mas só se desejar voltar. Caso ‘renasça’, a pessoa retornará para a mesma família que esteve anteriormente e sete anos após a morte.
“Quando sete anos depois de uma morte na família nasce uma pessoa sabemos que é a alma da pessoa que retornou”, conta.
Imortalidade da alma
“O que está depositado no cemitério é apenas uma roupagem temporária, um templo que nos foi emprestado pela natureza e pela misericórdia de Deus”, explicou ao Portal MaisPB o presidente da Federação Espírita Paraibana, Marco Lima.
Presidente da Federação Paraibana de Espiritismo, Marco Lima.
Segundo ele, o corpo habitado segue naturalmente para a morte pela ‘lei natural da destruição’. O processo, no entanto, não é o fim já que, segundo o espiritismo, a morte é ‘passagem de uma realidade provisória para uma permanente’. A religião vê o espírito como imortal e infinito.
O espírito então usa o corpo como um templo onde viverá experiências que vão colaborar para um processo de evolução.   “O espírito é criado por Deus, mas simples e ignorante. Precisa das experiências corporais para adquirir conhecimento, sabedoria, moralidade e desenvolver seu potencial intríseco”, revela.
No Dia dos Finados, os espíritas costumam fazer campanhas sobre a imortalidade da alma. Segundo Marco, é necessária a conscientização e compreensão sobre a morte e o que ela representa.
Liberação final da salvação
A morte para o cristianismo é um momento repleto de significados: ela marca para o cristão a separação da existência terrena para a eternidade e o ponto final em circunstâncias desagradáveis.
“A morte deve ser vista como descanso do pecado, tristeza, aflições, tentações, deserções, irritações, oposições e perseguições”, conta o teólogo Thiago Ribeiro para o Portal MaisPB.
Isso porque, apesar de enxergar a vida como ‘dádiva de Deus’, o cristão a vê assinalada pelo pecado –  que esteve presente desde o começo da criação.  O pecado então trouxe morte espiritual e também física.
Para os cristãos, o sacrifício de Jesus Cristo dá um novo significado para essa morte, que deixa de ser espiritual e se torna apenas física. Sendo assim, os cristãos acreditam ser salvos e libertos do poder da morte –  a morte física passa a ser o começo de uma vida na eternidade com Ele.
“A morte é conquistar plena liberdade de todos os inimigos internos e externos. Devemos olhar para ela como uma partida da imperfeição para a perfeição”.
Esperança da vida eterna
O catolicismo também acredita na vida eterna. De acordo com o arcebispo da Paraíba, Dom Delson, Jesus Cristo possibilitou a vida eterna através de sua morte.
Segundo ele, a certeza da vida eterna muda a forma de viver e enxergar a vida de acordo com a dimensão da eternidade, o que traz um sentido diferente para a realidade.
Dom Delson, arcebispo da Paraíba
Apesar da felicidade pela vida eterna, existe a tristeza pela separação. O arcebispo conta que é normal sentir tristeza após a morte de um ente querido, mas o católico deve ter o conforto da esperança da vida eterna.
“É um misto de dor e sofrimento, mas é também uma confiança inabalável na vida eterna e na misericórdia de Deus”, revela.
Nesta sexta-feira (02), os católicos realizam missas nos cemitérios da Paraíba e este é o momento de entrega dos mortor a Deus, para que Ele os tenha na vida eterna e perdoe os seus pecados. A cerimônia também representa o sacrifício de Jesus Cristo.
Caroline Queiroz – MaisPB

Nenhum comentário:

Postar um comentário